Elaborado por:
ANA PAULA DA SILVA FERREIRA
ANA PAULA DA SILVA FERREIRA
JÚLIA
BOSSO DA SILVA
LUCIANA R
COSTA
SÔNIA
MATIAS DE PONTES
Introdução
Este estudo visa apresentar alguns conceitos principais que
marcaram a Linguística no século XX e XXI, no intuito de compreendermos o que
levou ao surgimento e desenvolvimento de uma importante vertente da ciência da
linguagem: a Linguística Textual.
Do Estruturalismo à Linguística Textual
No momento em que se para com o intuito de observar o
desenvolvimento da linguística na história, e possível identificar que vários
estudos foram se modificando com o passar do tempo.
No universo da ciência da linguagem, principalmente no século
XX, modelos linguísticos sofreram influências e/ou influenciaram outros estudos.
Seja para ratificar ou negar, a linguística apresentou esse movimento entre
identidade e alteridade. As correntes linguísticas tiveram influência de
ideias, concepções anteriores e apontaram para futuros posicionamentos.
O Estruturalismo
A corrente linguística do estruturalismo tem como início o
lançamento do “Curso de Linguística Geral”, de Ferdinand de Saussure, em
Genebra, na França. Uma publicação póstuma, feita por dois de seus alunos, cujo
conteúdo é constituído por anotações feitas durante as aulas.
Não
havia Linguística antes de Saussure, e sim “estudos sobre a linguagem”. Com o
intuito de elevar a Linguística à categoria de ciência, e influenciado pela
corrente positivista, para a qual uma ciência somente o seria a partir do
momento que apresentasse o objeto e o método de estudo, Saussure passa a
dedicar seus esforços à delimitação do campo, à definição do objeto e à
elaboração de um método, através do qual desenvolver-se-iam os estudos
linguísticos.
No Curso de Linguística Geral (SAUSSURE), encontramos que ao
tentar definir o objeto da linguística, Saussure se deparou com dois problemas:
O primeiro se refere ao fato de que outras
ciências trabalham com objetos dados previamente, podendo-se em seguida
considerá-los de vários pontos de vista, o que no campo da linguística acontece
exatamente o contrário, sendo o ponto de vista que cria o objeto, ou seja, se o
estudioso muda o ponto de vista, automaticamente muda o objeto. De acordo com
Ataliba de Castilho, “ponto de vista” é uma das traduções para o termo
grego theoría, ou seja, “para se chegar a conclusões mais gerais é preciso
teorizar antes de se iniciar o trabalho”, escolher primeiramente um ponto de
vista, onde este é inteiramente racional e expressado por princípios.
O segundo problema diz respeito ao fato de que o fenômeno
linguístico apresenta sempre duas faces que se correspondem, sendo que uma não
vale senão pela outra. É a noção de dicotomia, difundida por Saussure em seus
postulados e perpetuada nos sistemas linguísticos, a qual se refere, portanto,
a dois elementos que possuem características opostas, mas que ao mesmo tempo
mantêm uma relação de interdependência.
Em contraposição aos estudos anteriores, Saussure afirma que
a matéria da linguística é constituída por todas as manifestações da linguagem,
considerando-se em cada período não só a linguagem correta ou a “bela
linguagem”, mas todas as formas de expressão.
Tentando encontrar solução para problemas que os
neogramáticos não conseguiram esclarecer através da gramática comparada,
Saussure relaciona os seguintes objetivos:
1. Determinar a
natureza do objeto de estudo e o que o linguista faz;
2. Estabelecer os
universais linguísticos;
3. Determinar os
mecanismos da língua a partir dos valores adquiridos pelo sistema;
4. Clarificar
conceitos e criar um método de estudo.
As teorias de Saussure se desenvolveram a partir de
dicotomias, e a primeira delas, Língua X
Fala, foi utilizada para determinar o objeto de estudo da Linguística. Para
o estudioso, a linguagem apresenta um lado social e um lado individual, sendo
impossível conceber um sem o outro.
Saussure afirma que a língua é uma realidade psíquica
homogênea, que compreende significados e imagens acústicas, portadora de todas
as regras necessárias para a produção dos significados. É um conceito social
(coletivo) por ser resultado de uma convenção, motivo pelo qual os falantes, ao
nascerem, já encontram formada e em pleno uso a língua que deverão falar. A língua
ainda é comparada a um grande dicionário, do qual os falantes escolhem e combinam
as palavras que melhor se adaptam à situação de uso. A essa possibilidade de
escolha e combinação individual Saussure chamou de fala.
Segundo Saussure, a fala ainda apresenta outras
características que a opõe à língua: é heterogênea, assistemática e inovadora,
representando a individualidade de cada falante. Embora a fala seja a
concretização da língua, ela só existe e só possível dentro da língua, ou seja,
se não existisse a língua, consequentemente não existiria a fala.
Saussure conclui então que língua e fala são duas realidades
que não podem ser estudadas sob um mesmo ponto de vista, e acaba escolhendo a
língua como objeto da linguística, pois pela sua característica de
homogeneidade, é possível analisar suas relações e sistematizá-la.
A segunda dicotomia diz respeito ao método de estudo, e
rompe diretamente com a tradição histórica, cujos estudos acontecem sob uma
perspectiva diacrônica.
Para Saussure há duas formas de se observar a língua: em sua
época (sincronia) e através do tempo
(diacronia). No primeiro caso é
possível perceber as relações entre fatos coexistentes num sistema linguístico,
tal como se apresenta num momento dado, abstraindo-se qualquer noção de tempo.
No segundo caso o objeto de estudo são as relações que um fenômeno qualquer,
localizado ao longo de uma linha evolutiva do tempo, mantém para com os
fenômenos que o antecederam ou que o sucederam. Esse tipo de estudo refere-se a
fatores externos, históricos e culturais, não sendo necessário, segundo Saussure,
para o estudo do sistema vivo e atual da língua.
Foi escolhido, então, como método de estudo, o sincrônico,
dentro do qual foi estabelecida a noção de “valor
linguístico”, ou seja, a língua constitui um sistema de valores, onde cada
elemento não vale por si próprio, mas vale de acordo com as relações que mantêm
com os outros elementos desse mesmo sistema.
A terceira dicotomia diz respeito ao signo, elemento constituinte das línguas, e que apresenta duas
faces em sua definição. Para Saussure o signo é a junção do significante com o significado, ou seja, é a união da imagem acústica com o conceito.
As três características do signo linguístico são a arbitrariedade, a
linearidade e a sistematicidade. A primeira se refere ao fato de que as
escolhas dos significantes e dos significados de cada signo se dá por simples
convenção social. A segunda se refere à distribuição espacial dos elementos que
compõem o signo, onde esses elementos sempre aparecem um após o outro, como em
uma linha, ocupando lugares distintos. A troca de lugar de um elemento pode dar
origem a outra unidade linguística (amor, Roma, ramo). A terceira
característica está relacionada à noção de valor citada anteriormente: um signo
se define em relação aos outros, um é aquilo que os outros não são.
Por fim, para se chegar aos valores imutáveis do sistema, é
preciso observar o seu funcionamento nos dois eixos da linguagem: o eixo associativo (paradigmático) e o
eixo sintagmático. No eixo associativo, a relação que se estabelece é de
oposição, nenhum signo é igual ao outro e nem pode ocupar, em um mesmo tempo, o
lugar de outro. É este eixo que fornece os elementos que são organizados no eixo sintagmático, onde ocorre a
definição dos valores linguísticos. Essa definição é arbitrária e particulariza
cada língua, constituindo sua gramática.
Através dos postulados de Saussure a língua passa a ser
passível de formalização, o primeiro passo para a constituição da Linguística
como sistema. Suas concepções foram as bases do Estruturalismo Europeu, e mais
tarde, fizeram a Linguística ser denominada Estrutural, mesmo sem nunca ter
utilizado o termo “estrutura” no Curso de Linguística Geral, mas “sistema”.
A língua é uma forma
e não uma substância
No estruturalismo, a língua será vista como forma, e a fala,
substância. Nesse sentido, forma deve ser compreendida como essência, em seu
sentido filosófico. A forma é constante, como a língua. Já a substância é
circunstancial – como a fala –, é tida como aparência, e não como essência.
Se transferirmos essa lógica para a linguagem, poderemos
fazer a seguinte associação a partir da frase abaixo:
Nóis comprô a rôpa.
O que importa para o estruturalismo ao estudar a língua e a
forma, as regras, não a substância, a aparência. Assim, temos a seguinte regra
de constituição da frase:
Pronome + verbo +
objeto
Os desvios ortográficos, por exemplo, estão ligados aos
traços da fala. Esses traços, para Saussure, são de ordem individual, ou seja,
peculiar a determinados falantes, e não social, geral como é a regra.
Os traços podem variar, a depender do falante, do momento em
que se emite a frase. Portanto, é um ato individual. Assim, apesar do desvio à
norma culta, sua estrutura continua a ser de uma frase da língua portuguesa.
No quadro abaixo, percebe-se algumas dessas diferenças estruturalistas
apresentadas:
LÍNGUA
|
FALA
|
Social
|
Individual
|
Homogênea
|
Heterogênea
|
Sistemática
|
Assistemática
|
Constante
|
Variável
|
Essencial
|
Acidental
|
Sistema
|
Realização
|
Forma
|
Substância
|
Essência
|
Aparência
|
Constante
|
Circunstancial
|
Assim, podemos dizer que o estruturalismo tem a
característica de se ocupar das diferenças. E por isso que Saussure propôs suas
dicotomias, como língua (langue) X fala (parole), sincronia X diacronia,
significante X significado. Existem mais dicotomias saussurianas, porém nosso
objetivo agora é compreender as motivações históricas e linguísticas para a
constituição da Linguística Textual.
O Gerativismo
A linguística gerativa – ou gerativismo, ou ainda gramática
gerativa – é uma corrente de estudos da ciência da linguagem que teve início
nos Estados Unidos, no final da década de 50, a partir dos trabalhos do linguista
Noam Chomsky, professor do Instituto de Tecnologia de Massachussets, o MIT.
Considera-se o ano de 1957 a data do nascimento da linguística gerativa, ano em
que Chomsky publicou seu primeiro livro, Estruturas Sintáticas.
Ao longo desses anos, o gerativismo passou por diversas
modificações e reformulações, que refletem a preocupação dos pesquisadores
dessa corrente em elaborar um modelo teórico formal, inspirado na matemática,
capaz de descrever e explicar abstratamente o que é e como funciona a linguagem
humana.
A linguística
gerativa foi inicialmente formulada como uma espécie de resposta e rejeição ao
modelo behaviorista de descrição dos fatos da linguagem, modelo esse que foi
dominante na linguística e nas ciências, de uma maneira geral, durante toda a
primeira metade do século XX. Para os behavioristas, a linguagem humana era
interpretada como um condicionamento social, uma resposta que o organismo
humano produzia mediante os estímulos que recebia da interação social. Essa
resposta, a partir da repetição constante e mecânica, seria convertida em
hábitos, que caracterizariam o comportamento linguístico de um falante.
Para um behaviorista, a linguagem humana é um fenômeno
externo ao indivíduo, um sistema de hábitos, gerado como resposta a estímulos e
fixado pela repetição. Numa resenha feita em 1959 sobre o livro Verbal Behavior
(Comportamento verbal), escrito por B. F. Skinner, professor da famosa
universidade de Harvard e principal teórico do behaviorismo, Chomsky apresentou
uma radical e impiedosa crítica à visão comportamentalista da linguagem
sustentada pelos behavioristas. Na resenha, Chomsky chamou a atenção para o
fato de um indivíduo humano sempre agir criativamente no uso da linguagem, isto
é, a todo o momento, os seres humanos estão construindo frases novas e
inéditas, ou seja, jamais ditas antes pelo próprio falante que as produziu ou
por qualquer outro indivíduo. Por isso, todos os falantes são criativos, desde
os analfabetos até os autores dos clássicos da literatura, já que todos criam
infinitamente frases novas, das mais simples e despretensiosas às mais
elaboradas e eruditas.
Chomsky chegou a afirmar, inclusive, que a criatividade é o
principal aspecto caracterizador do comportamento linguístico humano, aquilo
que mais fundamentalmente distingue a linguagem humana dos sistemas de
comunicação animal. De acordo com esse pensamento de Chomsky, se considerarmos
a criatividade como a principal característica da linguagem humana, então
devemos abandonar omodelo teórico e metodológico do behaviorismo, já que nele
não há espaço para eventos criativos, pois, o comportamento linguístico de um indivíduo
deve ser interpretado como uma resposta completamente previsível a partir de um
dado estímulo, tal como é possível prever que um cão começará a latir ao ouvir,
por exemplo, o som de uma campainha, caso tenha sido treinado para isso.
Se o behaviorismo deve ser abandonado, como de fato foi,
após a publicação da resenha de Chomsky, o gerativismo se apresenta como um
modelo capaz de superá-lo e substituí-lo.
Com as suas ideias,
Chomsky revitalizou a concepção racionalista dos estudos da linguagem, em
oposição franca e direta à concepção empirista de Skinner e demais
estruturalistas norte-americanos e europeus. Para Chomsky, a capacidade humana
de falar e entender uma língua (pelo menos), isto é, o comportamento linguístico
dos indivíduos, deve ser compreendido como o resultado de um dispositivo inato,
uma capacidade genética e, portanto, interna ao organismo humano (e não
completamente determinada pelo mundo exterior, como diziam os behavioristas), a
qual deve estar fincada na biologia do cérebro/mente da espécie e é destinada a
constituir a competência linguística de um falante. Essa disposição inata para
a competência linguística é o que ficou conhecido como Faculdade da Linguagem.
Há, de fato, muitas evidências de que a linguagem seja uma
faculdade natural à espécie humana. É notável que nenhum outro ser do planeta,
a não ser o próprio homem, é capaz de dominar naturalmente um sistema de linguagem
tão complexo como uma língua natural, mesmo após muitos anos de treinamento. E
nem mesmo o mais potente e arrojado dos computadores modernos é capaz de
reproduzir artificialmente os aspectos mais elementares do comportamento linguístico
de uma criança de menos de 3 anos de idade, como criar ou compreender uma frase
completamente nova.
Com o gerativismo, as línguas deixam de ser interpretadas como um comportamento socialmente condicionado e passam a ser analisadas como uma faculdade mental natural. A morada da linguagem passa a ser a mente humana.
ESTRUTURALISMO
|
GERATIVISMO
|
Baseia seus estudos nas diferenças, nas dicotomias.
|
Busca em suas pesquisas as semelhanças, similaridades.
|
Tem como objeto de estudo a língua.
|
Tem como objetivo de
estudo a competência linguística.
|
Realiza um trabalho descritivo. Descreve dados.
|
Pretende desenvolver um trabalho principalmente explicativo sobre a competência
linguística.
|
A aquisição da linguagem se dá a partir de
experiências.
|
A
aquisição da linguagem é inata.
|
Busca em suas pesquisas as semelhanças,
similaridades.
|
Propõe-se a encontrar princípios
universais
|
Estudo empírico
|
Estudo
teórico.
|
Agora vamos perceber, de forma mais sintetizada, certas diferenças
que podem ser estabelecidas entre o gerativismo e o estruturalismo, no quadro
abaixo:
Formalismo X Funcionalismo
Em um determinado momento, o gerativismo procura destinar
parte de seus estudos à semântica, porém tenta formalizá-la.
Diante do que foi exposto, os limites do gerativismo e do
estruturalismo se dão principalmente por idealizarem e formalizarem o objeto de
estudo, por tratarem a oração como a unidade máxima de estudo e por
considerarem de modo insatisfatório o aspecto da comunicação em suas teorias.
Estudar a língua do ponto de vista formal significa dar
destaque à autonomia das formas linguísticas (especialmente na sintaxe), concebendo
as unidades da língua como parte essencial da gramática (mental) que compõe a
competência linguística do falante. Uma análise funcional, por sua vez, se caracteriza
pela investigação dos aspectos e mecanismos funcionais que regem o sistema, focalizando-se
a língua em uso e a competência comunicativa do falante. Reconhece-se, assim,
que o conhecimento linguístico (mental) que rege a competência dos falantes,
que lhes permite distinguir entre aquilo que é “gramatical” e “agramatical” na
língua, não é o mesmo conhecimento (sociointeracional) que faz com que esses
mesmos falantes usem a língua adequadamente em variados contextos.
Se tomarmos como exemplo a análise de categorias verbais,
destacando-se a questão do uso de preposições na regência do verbo, um estudo
formalista daria conta apenas das possíveis combinações verbo-preposição na estrutura
gramatical da língua, enquanto que uma análise funcional focalizaria essa mesma
combinação a partir do seu uso em variados contextos de comunicação. Assim, no
paradigma funcional, a transitividade (direta ou indireta) e intransitividade
de algumas categorias verbais (assistir, obedecer, atender, etc.) podem ser
vistas muito mais como uma questão de uso que de estrutura, refletindo-se na
realidade linguística do falante.
Enfim, longe de serem perspectivas teóricas excludentes,
formalismo e funcionalismo tornam-se complementares no percurso histórico da
ciência da linguagem, uma vez que a linguística contemporânea lança sobre o seu
objeto - a língua- diferentes olhares e reflexões. Sem dúvida, o que se pode
depreender de tal oposição é o fato de que a linguagem é sempre multifacetada,
incluindo forma e função, estrutura e uso, abstração e realidade: dimensões
essenciais e insubstituíveis da comunicação humana.
FORMALISMO
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FUNCIONALISMO
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Como definir a língua
|
Apresenta-se
como um conjunto de orações.
|
Caracteriza-se
como um instrumento de interação social.
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Principal função da língua
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Exprimir pensamentos
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Comunicar
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Correlato psicológico
|
Competência:
capacidade de produzir, interpretar e julgar orações.
|
Competência
comunicativa: habilidade de interagir socialmente com a língua.
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O sistema e seu uso
|
O estudo da competência tem
prioridade sobre o da atuação.
|
O estudo do sistema deve
fazer-se dentro do quadro do uso.
|
Língua e contexto/situação
|
As orações da língua devem
descrever-se independentemente do contexto/situação.
|
As
descrições das expressões devem fornecer dados para a descrição de seu
funcionamento num dado contexto.
|
Universais linguísticos
|
Propriedades inatas do
organismo humano.
|
Explicados em funções de
restrições: comunicativas; biológicas ou psicológicas; contextuais.
|
Das gramáticas de frase às gramáticas de texto
A partir do Curso de Linguística Geral, de Saussure, a
gramática se tornou o centro da reflexão linguística contemporânea. Nesse sentido,
passou a ser papel da linguística construir teorias sobre a gramática das
línguas naturais. De acordo com essa ideia, podemos definir gramática da
seguinte forma:
Um sistema de regras que tem a capacidade de efetuar a
descrição de um sistema linguístico.
Portanto, tem-se essa gramática como descritiva que se ocupa
a descrever um sistema linguístico, afinal a linguística propõe ser a ciência
da linguagem e, como ciência, é fundamentalmente descritiva, e não normativa.
A gramática descritiva vai ver a língua como um sistema
opositivo. Para se realizar a análise, parte-se de unidades menores para
unidades maiores que justificam ou englobam as anteriores.
Assim, o primeiro nível de análise é o fonológico. Como se
trabalha a partir de uma visão dicotômica, opositiva, é possível perceber que o
nível fonológico não é significativo, porém, permite distinguir significados.
Como exemplo, podemos observar que a diferença fonológica entre /BATA/ e /PATA/
(/B/ e /P/) é suficiente para distinguir os significados.
Logo, podemos definir a morfologia da seguinte maneira:
Morfologia: Parte da
gramática que se propõe a descrever formas que constituem as palavras, os
morfemas.
Para diferenciar o nível morfológico do fonológico, podemos
dizer que:
O fonema é a unidade
mínima não significativa.
O morfema é a unidade
mínima significativa.
O morfema também é considerado a base do nível seguinte: o
sintático. A sintaxe, então, é a parte da gramática que se propõe a analisar as
relações que os morfemas e as orações mantêm entre si. Nessa perspectiva,
pode-se tomar a oração a partir da definição abaixo:
A oração é a unidade
máxima de estudo.
OS PRIMEIROS PASSOS DA LINGUÍSTICA TEXTUAL
A CONCEPÇÃO DE SUJEITO E LÍNGUA
Para compreender algumas questões fundamentais da
linguística textual, começaremos pela concepção de sujeito e língua. Leia um
trecho da conversa de Chico Bento com sua professora:
Professora: A
aula de hoje vai ser sobre sujeito!
Chico Bento: Qui sujeito?
Professora: O sujeito da oração,
Chico!
Chico Bento: O padre Lino? Ele qui é
bamba nas oração!
Professora: Não é isso! Quando se
diz oração, em gramática, é no sentido de sentença!
Chico Bento: Intão já sei. O sujeito
da oração é o lazinho, ele robô duas galinhas i ganho uma sentença, por isso tá
na cadeia!
A história se desenvolve com Chico Bento associando
“sujeito” a pessoas enquanto a professora trata da questão do sujeito
gramatical. Ao decorrer da aula, a professora coloca na lousa a oração: “Chove
lá fora” e diz que trata-se de um sujeito inexistente. Quando a aula termina,
Chico Bento se recusa a sair da escola, pois o “sujeito inexistente” está na
chuva.
AS CONCEPÇÕES CLÁSSICAS DE SUJEITO
Ingedore Koch afirma que a concepção de sujeito varia de
acordo com a concepção de língua que se adote. Dessa forma, tratando-se de
língua como expressão de pensamento, teremos o sujeito individual.
No sujeito individual
o discurso é tido como único e exclusivo dele. O receptor apresenta uma postura
passiva, cabendo apenas compreender a mensagem que o falante processou em sua
mente. A língua é caracterizada como produto mental do falante.
O sujeito assujeitado
muitas vezes acha que é “dono do seu dizer”, mas não percebe que está sendo
assujeitado. O que ele faz é reproduzir discursos sociais, sendo assim,
apresentado como um ser que não tem consciência de seu assujeitamento
ideológico.
A concepção de língua a esse sujeito é como um código, pois
o sujeito é assujeitado pelo sistema. Por ele ser assujeitado ao sistema, o
texto também se apresenta como resultado de uma codificação.
Já o sujeito
psicossocial se constitui da interação com o “outro”. A língua é tida como
lugar de interação social, visto que há um caráter ativo do sujeito, que o
torna capaz de interagir, ao mesmo tempo em que (re)produz discursos presentes
na sociedade. No texto encontra-se interação entre interlocutores que constituem
juntamente o seu sentido.
Observe o resumo na tabela:
Sujeito individual
|
-“Dono do
seu dizer”;
- Invisual;
- Leitor e
ouvinte são passivos;
- Língua
como produto mental.
|
Sujeito assujeitado
|
- Não é
“dono do seu dizer”;
-
Condicionador a reproduzir um discurso anterior;
- Língua e
texto é codificador;
- Locutor ou
ouvinte são passivos.
|
Sujeito psicossocial
|
- Interação
social;
- Elaboração
de discursos e escolhas de palavras;
- (Re)
produção de discursos presentes na sociedade.
|
A IDEIA DE TEXTO
Na Linguística Textual há a fase transfrásticas e a da
elaboração de gramáticas textuais que tornaram presentes as concepções de texto
e não texto. Nessa perspectiva, o texto era visto como “sequência linguística
coerente em si” e o não texto como “sequência linguística incoerente em si”.
No primeiro momento, o texto era visto como um produto
acabado que enfatizava a materialidade linguística. Depois disso, passou-se a
pensar o texto como um processo de produção e recepção comunicativa. Dessa
forma, o estudo sobre este passou a serem analisados a partir de sua
elaboração, verbalização e planejamento.
Ingedore afirma que a “teoria da atividade é a adaptação ao
fenômeno “linguagem” de uma teoria da atividade de caráter filosófico
articulada com uma teoria da atividade social (humana), que se especifica em
uma teoria da atividade (comunicativa) verbal”. Afirma ainda que “a Linguística
Textual trata o texto como um ato de comunicação unificado num complexo
universo de ações humanas”.
Logo, o texto não é mais visto como produto finalizado, já é
possível perceber que o sentido de um texto se constrói a partir do mesmo. As
marcas linguísticas auxiliam na produção de sentido, mas é importante voltar
atenção para o contexto em que se deu a produção linguística.
O CONTEXTO NA LINGUÍSTICA TEXTUAL
Hymes (1964) elaborou uma teoria acerca do contexto, o
esquema SPEAKING. Ingedore apresenta esse esquema apontando a característica
referente a cada letra da palavra “speaking”:
S → Situação
P → Participantes
E → Fins
A → Sequência
K → Códigos
I → Instrumentais
N → Normas
G → Gêneros
Goodwin&Duranti também procuraram elaborar suas teorias
acerca do contexto. Dessa forma, suas pesquisas contemplaram fenômenos como o
ambiente em que se dá o texto, o contexto social e cultural, conhecimentos
prévios e o co-texto.
Quando nós conversamos ou lemos algum texto, entramos em um
processo de construção de sentido. Nós nos propomos, nesse momento a interagir.
Nesse processo, mobilizamos bem mais do que nosso conhecimento a respeito do
mundo e do linguístico. Além disso, fazemos valer nosso conhecimento do mundo,
o conhecimento prévio, mobilizamos conhecimento acerca da sociedade e da
história.
Diante do exposto anteriormente, imagine uma conversa entre
um brasileiro e um coreano, ambos sem saber a língua do outro. A comunicação,
nesse caso, fica complicada. Mesmo com interlocutores que conheçam a língua do
outro, mas desconheçam os aspectos culturais um do outro, a comunicação não se
daria de forma satisfatória. É exatamente nesse conhecimento de mundo similar
que se baseia o contexto sociocognitivo.
Muitos autores usam a metáfora do iceberg para falar em
contexto: a ponta que é exposta representa a materialidade linguística, parte
evidente do texto. Mas, para se chegar nesta parte é necessário mergulhar e
buscar os sentidos encobertos. Para isso, não basta somente conhecer a
estrutura linguística, mas também os conhecimentos prévios, os conhecimentos de
mundo e as estruturas cognitivas. Assim, podemos decodificar o texto e
compreendê-lo.
AS ESTRUTURAS COGNITIVAS
Graças às estruturas cognitivas, torna-se possível preencher
as lacunas textuais. Assim, não é necessário tentar preenchê-las através das
palavras ou fazer exaustivas explicações.
Existem alguns tipos de estratégias cognitivas:
Frames: São
ativadas diante de um conceito primário e estão armazenadas na memória. Às
penas na palavra NATAL, vários elementos vem em nossa mente: árvore,
papai-noel, brinquedos, presentes, entre outros.
Esquemas: Segue uma ordem ou sequência e leva em consideração as relações temporais e causais.
No exemplo: “Há um acidente grave na esquina, pois uma
ambulância e um carro da polícia estão parados lá”.
Pode-se compreender que em um acidente grave há uma ambulância
para socorrer as vítimas e policiais para fazer a ocorrência e regitrar o(s)
responsável (eis) pelo acidente.
Planos: São
estruturas cognitivas que mantém uma ordem e o leitor/ouvinte percebe a
intenção do locutor/falante. Os planos podem ocorrer em vários momentos de
nossa vida. Um homem que deseja pedir sua namorada em casamento é um plano.
Scripts:
Diferenciam dos frames principalmente pela sua dinamicidade.
E o tempo deu-lhe de presente as mãos
trêmulas. Já não enxergava mais como antes. As amizades da infância se foram
e agora não se separa da velha lupa, companheira fiel, amiga querida que lhe
traga de volta a noção da beleza da vida e de suas agruras. Andar já não pode
mais. Acometida por um problema de coluna, não consegue mais ficar de pé. Além
do mais, os ossos frágeis poderiam se esfacelar apenas com uma tentativa. O
certo é que, até para os longevos, a dádiva do tempo torna-se implacável e,
com o seu passar, se transforma num pesar por sua cruel lentidão e infindável
eternidade”.
André Luiz G. Madureira
|
Nesse texto, as ações remetem a uma fase específica da vida:
velhice. Evidenciado pela sucessão de ações: “Já não enxerga mais como antes”,
“andar já não pode mais” e “acometida por um problema na coluna”. Reconhecemos
como script pela sequência estereotipada das ações que remetem à velhice.
ELEMENTOS BÁSICOS DA LINGÜÍSTICA TEXTUAL
Coerência Textual
É o instrumento que o autor usa para conseguir encaixar as
“peças” do texto e dar um sentido completo a ele.
Cada palavra tem seu
sentido individual, quando elas se relacionam elas montam outro sentido. O
mesmo raciocínio vale para as frases, os parágrafos e até os textos. Cada um
desses elementos tem um sentido individual e um tipo de relacionamento com os
demais. Caso estas relações sejam feitas da maneira correta, obtemos uma
mensagem, um conteúdo semântico compreensível.
O texto é escrito com uma intencionalidade, de modo que ele
tem uma repercussão sobre o leitor, muitas vezes proposital. A coerência é um
resultado da não contradição entre as partes do texto e do texto com relação ao
mundo. Ela é também auxiliada pela coesão textual, isto é, a compreensão de um
texto é mais bem capturada com o auxílio de conectivos, preposições, etc.
Exemplos não coerência:
a) Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não ouvi o sabiá
cantar.
b) Todo mundo destrói a natureza menos todo mundo.
Exemplo coerente.
a)
Todo
mundo viu o mico-leão menos eu.
b)
Todo
mundo destrói a natureza.
Coesão Textual
Entende-se como Coesão a parte externa do texto que lida com
os elementos de ligação, ou seja, os seus conectivos que são representados por
conjunções, pronomes etc. Essas partículas, ou expressões, servem para unir
termos, orações e períodos, tornando clara e inteligível a passagem de uma a
outra unidade de sentido. Assim como a Coerência, são imprescindíveis a uma
competente produção textual.
Exemplo:
a)
Vá
buscar as crianças na escola. Elas
saem às 17h.
b)
Todos
os livros estão na estante. Os meus são os de capa azul.
Referência
A referência diz respeito, sobretudo, às operações efetuadas
pelos sujeitos à medida que o discurso de desenvolve.
Os elementos de referência são aqueles que não têm um
significado por si mesmo, pois remetem a outros itens do texto que são
necessários à sua interpretação.
Na coesão por
referência, “há total identidade referencial entre o item de referência e o
item pressuposto”.
Exemplos:
a) Pedro e Maria são crianças ingênuas. Eles aceitaram doces
de estranhos. (referência pessoal)
b) Maria foi mal a todas as provas, menos nesta: a que
tratava de pronomes. (referência demonstrativa)
Referência endofórica
é quando algumas palavras “vazias” de conteúdo semântico têm sua referência no
próprio texto da mensagem.
Ex.: Pesquisadores que são da Finlândia falam sobre
chocolate.
Referência Anafórica
é quando o referente vem antes da referência.
Ex.: Pesquisadores que são da Finlândia falam sobre
chocolate.
Referência Catafórica
é quando o referente vem depois da referência.
Ex.: Os cientistas daqui do Brasil discordam.
Coesão por substituição: ocorre quando um item é colocado no
lugar de outro elemento do texto ou, até mesmo, de uma oração inteira.
Na coesão por substituição, a identidade referencial entre o
item de referência e o item pressuposto não é total ou, nela, há uma
especificação nova, pelo menos, a ser acrescentada (o que exige um mecanismo
que seja gramatical e não semântico).
Exemplos:
a) Pedro estudou muito para a prova e Maria também.
b) Pedro comeu pudim depois do almoço. Maria fez o mesmo.
c) Eu tomei um sorvete de chocolate. Pedro tomou um de
flocos.
Conjunção: tem a
propriedade de relacionar as partes de um texto (elementos ouorações). Estas
relações têm uma especificidade. Veja o exemplo abaixo:
“Márcio correu bastante, mas não conseguiu pegar o ônibus”.
Coesão Lexical
Mecanismo que envolve a repetição da mesma unidade lexical
ao longo do texto ou a sua substituição por outras unidades lexicais que com
ela mantêm relações semânticas de natureza hierárquica. Exemplo:
"Quando chegou a casa, o Rui viu um carro estacionado
em frente da sua garagem. Ficou intrigado: o veículo não lhe era
familiar."
a) Reiteração – Consiste na repetição do referente ou por
meio de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos.
b) Colocação ou Contiguidade – Consiste na disposição de
termos, no decorrer do texto, com mesmos traços semânticos.
Coesão Referencial
Ocorre quando determinado elemento textual se remete a
outro, substituindo-o. A referência, inicialmente, pode ser em relação a um
dado externo ou interno ao texto.
Língua escrita X Língua Falada
Segundo Halliday (1989) falar e escrever são maneiras
distintas de pronunciar e propagar significados estabelecidos na língua e pela
língua, dentro de uma circunstância de interação social.
Tanto a Língua Falada quanto a Língua Escrita o sistema
linguístico é o mesmo para construção de um texto, porém as regras empregadas
bem como os meios utilizados são diversos e específicos.
Nesta dicotomia, ambas destina-se a uma interação verbal que
possui um determinado fim comunicativo, que por sua vez dependem de diversas
situações sociocomunicativas, na qual o falante/escritor está inserido.
Para que um texto
seja analisado adequadamente é necessário, antes de tudo, identificar e
descobrir como são articulados os componentes que fazem parte de tais situações
comunicativas em analise, pois eles favorecem a interpretações dos papeis dos
interlocutores, tanto na oralidade quanto no letramento. Tais interpretações
estabelecem as relações que diferem a duas modalidades em estudo à
(Fala/Escrita), sem que haja distorção ou extravio de informação por parte dos
interlocutores.
Mas
antes é de essencial importância considerar as características de produção
dentre essas duas modalidades da língua. Possibilitando assim, um maior
entendimento para efetivação do evento comunicativo, ou seja, a consolidação do
texto. Veja alguns:FALA
v
Interação imediata;
v
Planejamento simultâneo ou quase simultâneo à
execução;
v
Ampla possibilidade de reformulação: essa reformulação
é marcada, pública, e pode ser promovida tanto pelo falante quanto pelo
ouvinte;
v
Acesso imediato à opinião (retroalimentação,
monitoração) do ouvinte; o falante pode processar o texto, redirecionando-o a
partir das reações do ouvinte.
v
Interação à distância (espaço-temporal);
v
Planejamento anterior à execução;
v
Possibilidade de revisão;
v
A reformulação pode não ser tão marcada, é privada
e promovida apenas pelo escritor;
v
Sem possibilidade de opinião imediata do leitor;
CARACTERÍSTICAS DA LÍNGUA ESCRITA
Indiscutivelmente a escrita faz parte do dia de qualquer
individuo, até mesmo para um analfabeto. Marcando presença junto com a
oralidade, em diversos momentos de sua visa. No trabalho, na família, na
escola, na igreja em várias situações ela está inserida em um ambiente de
práticas sociais, participando dos processos de letramento e de oralidade
cotidianas.
Mas afinal, para que
serve a escrita e a leitura? Diante de tal pergunta se é possível citar
diversos momentos em que essas se fazem presentes, tais como:
v
Ao
se elaborar uma lista de compras;
v
Escrever
ou Ler um recado;
v
Buscar
informações sobre o mundo através de jornais, revistas etc.
v
Efetuar
pagamentos utilizando cheques, notas promissórias etc.
v
Ler
bula e receitas de remédios;
Essas e outras situações, que muitas vezes passam despercebidas,
fazem da escrita assim como a oralidade uma importante ferramenta na construção
de uma vida em sociedade nos dias de hoje. Seu uso vem se tornado algo tão
notório que ate mesmo organizações que primam pelo desenvolvimento de nações
atestam a importância da alfabetização. É o caso da UNESCO, que atribui à falta
de alfabetização a presença da pobreza, da doença, do atraso.
No entanto a escrita não deve ser vista como superior ou
inferior à fala, nem ser analisada em sua reprodução, pois segundo MARCUCHI
essa não consegue repetir muito dos feitos da oralidade, tais como: a prosódia,
a gestualidade, o movimento do corpo e dos olhos, entre outros.
CARACTERÍSTICAS DA LÍNGUA FALADA
Antes de sermos seres que dominam a escrita, somos seres que
utilizam a oralidade. Assim, a fala ganha um caráter natural. A escrita, mesmo
sofrendo influências de caractere cultural e social como a fala, nesse ponto de
vista, e um fato histórico, diferente da fala, um bem natural. Seu ato
verbaliza o uso da língua de forma singular, cabendo ao individuo escolher os
meios linguísticos que o apetece para emprega-la. Mas apesar desses fatos não
se deve dizer que a fala, por sua primazia cronológica e inata, seja mais
importante que a escrita. Hoje em dia, a fala e a escrita andam de mãos dadas.
Veja a Definição dicotômica de Fala e Escrita formulada por MARCUSCHI:
A escrita seria um modelo de
produção textual-discursiva para fins comunicativos com certas especificidades
materiais e se caracterizaria por sua constituição gráfica, embora envolva
também recursos de ordem pictórica e outros (situa-se no plano dos
letramentos). Pode manifestar-se, do ponto de vista de sua tecnologia, por
unidades alfabéticas (escrita alfabética), ideograma (escrita ideográfica) ou
unidades iconográficas, sendo que no geral não temos uma dessas escritas puras.
“Trata-se de uma modalidade de uso da língua complementar à fala.”
A fala seria uma forma de produção
textual-discursiva para fins comunicativos na modalidade oral (situa-se no
plano da oralidade, portanto), sem a necessidade de uma tecnologia além do
aparato disponível pelo próprio ser humano. Caracteriza-se pelo uso da língua
na sua forma de sons sistematicamente articulados e significativos, bem como os
aspectos prosódicos, envolvendo, ainda, uma serie de recursos expressivos de
outra ordem, tal como a gestualidade, os movimentos do corpo e a mimica”.
A partir disso podemos perceber que tanto a fala quanto a
escrita são essenciais para se estabelecer a comunicação e interação em uma
interconexão. Portanto, quando analisamos a língua em seus diversos meios de
manifestação, levando em consideração o seu uso na sociedade, vemos que muitas
vezes os aspectos da fala e da escrita se misturando.
Por isso, nos dois casos traz-se a contextualização como
necessidade para a produção e a recepção, ou seja, para o funcionamento pleno
da língua (MARCUSCHI, 2001, p. 43).
CONCLUSÃO
O que se pode verificar, a partir da retrospectiva
apresentada, é que, desde seu aparecimento até hoje, a Linguística Textual
percorreu um longo caminho, ampliando a cada passo seu espectro de preocupações.
De uma simples análise transfrástica, logo acompanhada das tentativas de
elaboração de gramáticas textuais, passou a ter como centro de preocupação não
apenas o texto em si, mas também todo o contexto (no sentido mais amplo do
termo) e, de modo especial, no processamento estratégico-interacional dos
textos, vistos como a forma básica de interação por meio da linguagem.
Dentro desta perspectiva, pode-se conceituar o texto como
uma manifestação verbal constituída de elementos linguísticos selecionados e
ordenados pelos falantes, durante a atividade verbal.
Desta forma, concluímos que a Teoria ou Linguística do Texto
vai intensificando o diálogo que já há muito vinha travando com as demais
Ciências do Homem, tornando-se cada vez mais, um domínio multi e
interdisciplinar, em que se busca explicar como se dá a interação social por
meio desse objeto multifacetado que é o texto: fruto de um processo
extremamente complexo de produção de linguagem, que traz em sua história as
marcas desse processo e, portanto, as pistas ou chaves para a sua decifração,
no jogo de produção de sentidos.
Bibliografia
NEVES,
MOURAMaria Helena de. As duas grandes
correntes do pensamento linguístico: formalismo e funcionalismo. In: A
gramática funcional. São Paulo: Martins,1997.
MARCUSCHI, Luiz Antônio.;Da fala para a escrita: atividades de
retextualização.; São Paulo; Cortez; 2001.
HALLIDAY, M. A. K.;Língua falada e escrita. ; Oxford
University Press; Editor de série: Francês Christie. ;1989.
ALVES, BIANCHIN,Tania;A DICOTOMIA FALA E ESCRITA; Santa Maria – RSUNIFRA. 2012.
Disponível em: http://jne.unifra.br/artigos/4905.pdf. Acesso em 07 de novembro
de 2013.
KOCH, Ingedore. Introdução a Linguística Textual. 2.
ed. – São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.
BUENO, Silveira. Dicionário da língua portuguesa. 2. ed. - São Paulo: Editora FTD, 2007.
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