terça-feira, 12 de novembro de 2013

Linguística Textual

Elaborado por:
ANA PAULA DA SILVA FERREIRA 
JÚLIA BOSSO DA SILVA
LUCIANA R COSTA
SÔNIA MATIAS DE PONTES

Introdução


Este estudo visa apresentar alguns conceitos principais que marcaram a Linguística no século XX e XXI, no intuito de compreendermos o que levou ao surgimento e desenvolvimento de uma importante vertente da ciência da linguagem: a Linguística Textual.

Do Estruturalismo à Linguística Textual

No momento em que se para com o intuito de observar o desenvolvimento da linguística na história, e possível identificar que vários estudos foram se modificando com o passar do tempo.
No universo da ciência da linguagem, principalmente no século XX, modelos linguísticos sofreram influências e/ou influenciaram outros estudos. Seja para ratificar ou negar, a linguística apresentou esse movimento entre identidade e alteridade. As correntes linguísticas tiveram influência de ideias, concepções anteriores e apontaram para futuros posicionamentos.

O Estruturalismo

A corrente linguística do estruturalismo tem como início o lançamento do “Curso de Linguística Geral”, de Ferdinand de Saussure, em Genebra, na França. Uma publicação póstuma, feita por dois de seus alunos, cujo conteúdo é constituído por anotações feitas durante as aulas.
            Não havia Linguística antes de Saussure, e sim “estudos sobre a linguagem”. Com o intuito de elevar a Linguística à categoria de ciência, e influenciado pela corrente positivista, para a qual uma ciência somente o seria a partir do momento que apresentasse o objeto e o método de estudo, Saussure passa a dedicar seus esforços à delimitação do campo, à definição do objeto e à elaboração de um método, através do qual desenvolver-se-iam os estudos linguísticos.
No Curso de Linguística Geral (SAUSSURE), encontramos que ao tentar definir o objeto da linguística, Saussure se deparou com dois problemas:
O primeiro se refere ao fato de que outras ciências trabalham com objetos dados previamente, podendo-se em seguida considerá-los de vários pontos de vista, o que no campo da linguística acontece exatamente o contrário, sendo o ponto de vista que cria o objeto, ou seja, se o estudioso muda o ponto de vista, automaticamente muda o objeto. De acordo com Ataliba de Castilho, “ponto de vista” é uma das traduções para o termo grego theoría, ou seja, “para se chegar a conclusões mais gerais é preciso teorizar antes de se iniciar o trabalho”, escolher primeiramente um ponto de vista, onde este é inteiramente racional e expressado por princípios. 
O segundo problema diz respeito ao fato de que o fenômeno linguístico apresenta sempre duas faces que se correspondem, sendo que uma não vale senão pela outra. É a noção de dicotomia, difundida por Saussure em seus postulados e perpetuada nos sistemas linguísticos, a qual se refere, portanto, a dois elementos que possuem características opostas, mas que ao mesmo tempo mantêm uma relação de interdependência.
Em contraposição aos estudos anteriores, Saussure afirma que a matéria da linguística é constituída por todas as manifestações da linguagem, considerando-se em cada período não só a linguagem correta ou a “bela linguagem”, mas todas as formas de expressão.
Tentando encontrar solução para problemas que os neogramáticos não conseguiram esclarecer através da gramática comparada, Saussure relaciona os seguintes objetivos:
1.       Determinar a natureza do objeto de estudo e o que o linguista faz;
2.       Estabelecer os universais linguísticos;
3.       Determinar os mecanismos da língua a partir dos valores adquiridos pelo sistema;
4.       Clarificar conceitos e criar um método de estudo.
As teorias de Saussure se desenvolveram a partir de dicotomias, e a primeira delas, Língua X Fala, foi utilizada para determinar o objeto de estudo da Linguística. Para o estudioso, a linguagem apresenta um lado social e um lado individual, sendo impossível conceber um sem o outro.
Saussure afirma que a língua é uma realidade psíquica homogênea, que compreende significados e imagens acústicas, portadora de todas as regras necessárias para a produção dos significados. É um conceito social (coletivo) por ser resultado de uma convenção, motivo pelo qual os falantes, ao nascerem, já encontram formada e em pleno uso a língua que deverão falar. A língua ainda é comparada a um grande dicionário, do qual os falantes escolhem e combinam as palavras que melhor se adaptam à situação de uso. A essa possibilidade de escolha e combinação individual Saussure chamou de fala.
Segundo Saussure, a fala ainda apresenta outras características que a opõe à língua: é heterogênea, assistemática e inovadora, representando a individualidade de cada falante. Embora a fala seja a concretização da língua, ela só existe e só possível dentro da língua, ou seja, se não existisse a língua, consequentemente não existiria a fala.
Saussure conclui então que língua e fala são duas realidades que não podem ser estudadas sob um mesmo ponto de vista, e acaba escolhendo a língua como objeto da linguística, pois pela sua característica de homogeneidade, é possível analisar suas relações e sistematizá-la.
A segunda dicotomia diz respeito ao método de estudo, e rompe diretamente com a tradição histórica, cujos estudos acontecem sob uma perspectiva diacrônica.
Para Saussure há duas formas de se observar a língua: em sua época (sincronia) e através do tempo (diacronia). No primeiro caso é possível perceber as relações entre fatos coexistentes num sistema linguístico, tal como se apresenta num momento dado, abstraindo-se qualquer noção de tempo. No segundo caso o objeto de estudo são as relações que um fenômeno qualquer, localizado ao longo de uma linha evolutiva do tempo, mantém para com os fenômenos que o antecederam ou que o sucederam. Esse tipo de estudo refere-se a fatores externos, históricos e culturais, não sendo necessário, segundo Saussure, para o estudo do sistema vivo e atual da língua.
Foi escolhido, então, como método de estudo, o sincrônico, dentro do qual foi estabelecida a noção de “valor linguístico”, ou seja, a língua constitui um sistema de valores, onde cada elemento não vale por si próprio, mas vale de acordo com as relações que mantêm com os outros elementos desse mesmo sistema.
A terceira dicotomia diz respeito ao signo, elemento constituinte das línguas, e que apresenta duas faces em sua definição. Para Saussure o signo é a junção do significante com o significado, ou seja, é a união da imagem acústica com o conceito. As três características do signo linguístico são a arbitrariedade, a linearidade e a sistematicidade. A primeira se refere ao fato de que as escolhas dos significantes e dos significados de cada signo se dá por simples convenção social. A segunda se refere à distribuição espacial dos elementos que compõem o signo, onde esses elementos sempre aparecem um após o outro, como em uma linha, ocupando lugares distintos. A troca de lugar de um elemento pode dar origem a outra unidade linguística (amor, Roma, ramo). A terceira característica está relacionada à noção de valor citada anteriormente: um signo se define em relação aos outros, um é aquilo que os outros não são.
Por fim, para se chegar aos valores imutáveis do sistema, é preciso observar o seu funcionamento nos dois eixos da linguagem: o eixo associativo (paradigmático) e o eixo sintagmático. No eixo associativo, a relação que se estabelece é de oposição, nenhum signo é igual ao outro e nem pode ocupar, em um mesmo tempo, o lugar de outro. É este eixo que fornece os elementos que são organizados no eixo sintagmático, onde ocorre a definição dos valores linguísticos. Essa definição é arbitrária e particulariza cada língua, constituindo sua gramática.
Através dos postulados de Saussure a língua passa a ser passível de formalização, o primeiro passo para a constituição da Linguística como sistema. Suas concepções foram as bases do Estruturalismo Europeu, e mais tarde, fizeram a Linguística ser denominada Estrutural, mesmo sem nunca ter utilizado o termo “estrutura” no Curso de Linguística Geral, mas “sistema”.
A língua é uma forma e não uma substância
No estruturalismo, a língua será vista como forma, e a fala, substância. Nesse sentido, forma deve ser compreendida como essência, em seu sentido filosófico. A forma é constante, como a língua. Já a substância é circunstancial – como a fala –, é tida como aparência, e não como essência.
Se transferirmos essa lógica para a linguagem, poderemos fazer a seguinte associação a partir da frase abaixo:
Nóis comprô a rôpa.
O que importa para o estruturalismo ao estudar a língua e a forma, as regras, não a substância, a aparência. Assim, temos a seguinte regra de constituição da frase:
Pronome + verbo + objeto
Os desvios ortográficos, por exemplo, estão ligados aos traços da fala. Esses traços, para Saussure, são de ordem individual, ou seja, peculiar a determinados falantes, e não social, geral como é a regra.
Os traços podem variar, a depender do falante, do momento em que se emite a frase. Portanto, é um ato individual. Assim, apesar do desvio à norma culta, sua estrutura continua a ser de uma frase da língua portuguesa.
No quadro abaixo, percebe-se algumas dessas diferenças estruturalistas apresentadas:

LÍNGUA
FALA
Social
Individual
Homogênea
Heterogênea
Sistemática
Assistemática
Constante
Variável
Essencial
Acidental
Sistema
Realização
Forma
Substância
Essência
Aparência
Constante
Circunstancial


Assim, podemos dizer que o estruturalismo tem a característica de se ocupar das diferenças. E por isso que Saussure propôs suas dicotomias, como língua (langue) X fala (parole), sincronia X diacronia, significante X significado. Existem mais dicotomias saussurianas, porém nosso objetivo agora é compreender as motivações históricas e linguísticas para a constituição da Linguística Textual.

O Gerativismo

A linguística gerativa – ou gerativismo, ou ainda gramática gerativa – é uma corrente de estudos da ciência da linguagem que teve início nos Estados Unidos, no final da década de 50, a partir dos trabalhos do linguista Noam Chomsky, professor do Instituto de Tecnologia de Massachussets, o MIT. Considera-se o ano de 1957 a data do nascimento da linguística gerativa, ano em que Chomsky publicou seu primeiro livro, Estruturas Sintáticas.
Ao longo desses anos, o gerativismo passou por diversas modificações e reformulações, que refletem a preocupação dos pesquisadores dessa corrente em elaborar um modelo teórico formal, inspirado na matemática, capaz de descrever e explicar abstratamente o que é e como funciona a linguagem humana.
 A linguística gerativa foi inicialmente formulada como uma espécie de resposta e rejeição ao modelo behaviorista de descrição dos fatos da linguagem, modelo esse que foi dominante na linguística e nas ciências, de uma maneira geral, durante toda a primeira metade do século XX. Para os behavioristas, a linguagem humana era interpretada como um condicionamento social, uma resposta que o organismo humano produzia mediante os estímulos que recebia da interação social. Essa resposta, a partir da repetição constante e mecânica, seria convertida em hábitos, que caracterizariam o comportamento linguístico de um falante.
Para um behaviorista, a linguagem humana é um fenômeno externo ao indivíduo, um sistema de hábitos, gerado como resposta a estímulos e fixado pela repetição. Numa resenha feita em 1959 sobre o livro Verbal Behavior (Comportamento verbal), escrito por B. F. Skinner, professor da famosa universidade de Harvard e principal teórico do behaviorismo, Chomsky apresentou uma radical e impiedosa crítica à visão comportamentalista da linguagem sustentada pelos behavioristas. Na resenha, Chomsky chamou a atenção para o fato de um indivíduo humano sempre agir criativamente no uso da linguagem, isto é, a todo o momento, os seres humanos estão construindo frases novas e inéditas, ou seja, jamais ditas antes pelo próprio falante que as produziu ou por qualquer outro indivíduo. Por isso, todos os falantes são criativos, desde os analfabetos até os autores dos clássicos da literatura, já que todos criam infinitamente frases novas, das mais simples e despretensiosas às mais elaboradas e eruditas.
Chomsky chegou a afirmar, inclusive, que a criatividade é o principal aspecto caracterizador do comportamento linguístico humano, aquilo que mais fundamentalmente distingue a linguagem humana dos sistemas de comunicação animal. De acordo com esse pensamento de Chomsky, se considerarmos a criatividade como a principal característica da linguagem humana, então devemos abandonar omodelo teórico e metodológico do behaviorismo, já que nele não há espaço para eventos criativos, pois, o comportamento linguístico de um indivíduo deve ser interpretado como uma resposta completamente previsível a partir de um dado estímulo, tal como é possível prever que um cão começará a latir ao ouvir, por exemplo, o som de uma campainha, caso tenha sido treinado para isso.
Se o behaviorismo deve ser abandonado, como de fato foi, após a publicação da resenha de Chomsky, o gerativismo se apresenta como um modelo capaz de superá-lo e substituí-lo.
 Com as suas ideias, Chomsky revitalizou a concepção racionalista dos estudos da linguagem, em oposição franca e direta à concepção empirista de Skinner e demais estruturalistas norte-americanos e europeus. Para Chomsky, a capacidade humana de falar e entender uma língua (pelo menos), isto é, o comportamento linguístico dos indivíduos, deve ser compreendido como o resultado de um dispositivo inato, uma capacidade genética e, portanto, interna ao organismo humano (e não completamente determinada pelo mundo exterior, como diziam os behavioristas), a qual deve estar fincada na biologia do cérebro/mente da espécie e é destinada a constituir a competência linguística de um falante. Essa disposição inata para a competência linguística é o que ficou conhecido como Faculdade da Linguagem.
Há, de fato, muitas evidências de que a linguagem seja uma faculdade natural à espécie humana. É notável que nenhum outro ser do planeta, a não ser o próprio homem, é capaz de dominar naturalmente um sistema de linguagem tão complexo como uma língua natural, mesmo após muitos anos de treinamento. E nem mesmo o mais potente e arrojado dos computadores modernos é capaz de reproduzir artificialmente os aspectos mais elementares do comportamento linguístico de uma criança de menos de 3 anos de idade, como criar ou compreender uma frase completamente nova.
Com o gerativismo, as línguas deixam de ser interpretadas como um comportamento socialmente condicionado e passam a ser analisadas como uma faculdade mental natural. A morada da linguagem passa a ser a mente humana.

ESTRUTURALISMO
GERATIVISMO
Baseia seus estudos nas diferenças, nas dicotomias.
Busca em suas pesquisas as semelhanças, similaridades.
Tem como objeto de estudo a língua.
Tem como objetivo de estudo a competência linguística.

Realiza um trabalho descritivo. Descreve dados.
Pretende desenvolver um trabalho principalmente explicativo sobre a competência linguística.
A aquisição da linguagem se dá a partir de experiências.
A aquisição da linguagem é inata.
Busca em suas pesquisas as semelhanças, similaridades.
Propõe-se a encontrar princípios universais
Estudo empírico
Estudo teórico.


Agora vamos perceber, de forma mais sintetizada, certas diferenças que podem ser estabelecidas entre o gerativismo e o estruturalismo, no quadro abaixo:

Formalismo X Funcionalismo

Em um determinado momento, o gerativismo procura destinar parte de seus estudos à semântica, porém tenta formalizá-la.
Diante do que foi exposto, os limites do gerativismo e do estruturalismo se dão principalmente por idealizarem e formalizarem o objeto de estudo, por tratarem a oração como a unidade máxima de estudo e por considerarem de modo insatisfatório o aspecto da comunicação em suas teorias.
Estudar a língua do ponto de vista formal significa dar destaque à autonomia das formas linguísticas (especialmente na sintaxe), concebendo as unidades da língua como parte essencial da gramática (mental) que compõe a competência linguística do falante. Uma análise funcional, por sua vez, se caracteriza pela investigação dos aspectos e mecanismos funcionais que regem o sistema, focalizando-se a língua em uso e a competência comunicativa do falante. Reconhece-se, assim, que o conhecimento linguístico (mental) que rege a competência dos falantes, que lhes permite distinguir entre aquilo que é “gramatical” e “agramatical” na língua, não é o mesmo conhecimento (sociointeracional) que faz com que esses mesmos falantes usem a língua adequadamente em variados contextos.
Se tomarmos como exemplo a análise de categorias verbais, destacando-se a questão do uso de preposições na regência do verbo, um estudo formalista daria conta apenas das possíveis combinações verbo-preposição na estrutura gramatical da língua, enquanto que uma análise funcional focalizaria essa mesma combinação a partir do seu uso em variados contextos de comunicação. Assim, no paradigma funcional, a transitividade (direta ou indireta) e intransitividade de algumas categorias verbais (assistir, obedecer, atender, etc.) podem ser vistas muito mais como uma questão de uso que de estrutura, refletindo-se na realidade linguística do falante.
Enfim, longe de serem perspectivas teóricas excludentes, formalismo e funcionalismo tornam-se complementares no percurso histórico da ciência da linguagem, uma vez que a linguística contemporânea lança sobre o seu objeto - a língua- diferentes olhares e reflexões. Sem dúvida, o que se pode depreender de tal oposição é o fato de que a linguagem é sempre multifacetada, incluindo forma e função, estrutura e uso, abstração e realidade: dimensões essenciais e insubstituíveis da comunicação humana.

FORMALISMO
FUNCIONALISMO
Como definir a língua
Apresenta-se como um conjunto de orações.
Caracteriza-se como um instrumento de interação social.
Principal função da língua
Exprimir pensamentos
Comunicar
Correlato psicológico
Competência: capacidade de produzir, interpretar e julgar orações.
Competência comunicativa: habilidade de interagir socialmente com a língua.
O sistema e seu uso
O estudo da competência tem prioridade sobre o da atuação.
O estudo do sistema deve fazer-se dentro do quadro do uso.
Língua e contexto/situação
As orações da língua devem descrever-se independentemente do contexto/situação.
As descrições das expressões devem fornecer dados para a descrição de seu funcionamento num dado contexto.
Universais linguísticos
Propriedades inatas do organismo humano.
Explicados em funções de restrições: comunicativas; biológicas ou psicológicas; contextuais.

Das gramáticas de frase às gramáticas de texto

A partir do Curso de Linguística Geral, de Saussure, a gramática se tornou o centro da reflexão linguística contemporânea. Nesse sentido, passou a ser papel da linguística construir teorias sobre a gramática das línguas naturais. De acordo com essa ideia, podemos definir gramática da seguinte forma:
Um sistema de regras que tem a capacidade de efetuar a descrição de um sistema linguístico.
Portanto, tem-se essa gramática como descritiva que se ocupa a descrever um sistema linguístico, afinal a linguística propõe ser a ciência da linguagem e, como ciência, é fundamentalmente descritiva, e não normativa.
A gramática descritiva vai ver a língua como um sistema opositivo. Para se realizar a análise, parte-se de unidades menores para unidades maiores que justificam ou englobam as anteriores.
Assim, o primeiro nível de análise é o fonológico. Como se trabalha a partir de uma visão dicotômica, opositiva, é possível perceber que o nível fonológico não é significativo, porém, permite distinguir significados. Como exemplo, podemos observar que a diferença fonológica entre /BATA/ e /PATA/ (/B/ e /P/) é suficiente para distinguir os significados.
Logo, podemos definir a morfologia da seguinte maneira:
Morfologia: Parte da gramática que se propõe a descrever formas que constituem as palavras, os morfemas.
Para diferenciar o nível morfológico do fonológico, podemos dizer que:
O fonema é a unidade mínima não significativa.
O morfema é a unidade mínima significativa.
O morfema também é considerado a base do nível seguinte: o sintático. A sintaxe, então, é a parte da gramática que se propõe a analisar as relações que os morfemas e as orações mantêm entre si. Nessa perspectiva, pode-se tomar a oração a partir da definição abaixo:
A oração é a unidade máxima de estudo.

OS PRIMEIROS PASSOS DA LINGUÍSTICA TEXTUAL

A CONCEPÇÃO DE SUJEITO E LÍNGUA

Para compreender algumas questões fundamentais da linguística textual, começaremos pela concepção de sujeito e língua. Leia um trecho da conversa de Chico Bento com sua professora:

Professora: A aula de hoje vai ser sobre sujeito!

Chico Bento: Qui sujeito?
Professora: O sujeito da oração, Chico!
Chico Bento: O padre Lino? Ele qui é bamba nas oração!
Professora: Não é isso! Quando se diz oração, em gramática, é no sentido de sentença!
Chico Bento: Intão já sei. O sujeito da oração é o lazinho, ele robô duas galinhas i ganho uma sentença, por isso tá na cadeia!

A história se desenvolve com Chico Bento associando “sujeito” a pessoas enquanto a professora trata da questão do sujeito gramatical. Ao decorrer da aula, a professora coloca na lousa a oração: “Chove lá fora” e diz que trata-se de um sujeito inexistente. Quando a aula termina, Chico Bento se recusa a sair da escola, pois o “sujeito inexistente” está na chuva.

AS CONCEPÇÕES CLÁSSICAS DE SUJEITO

Ingedore Koch afirma que a concepção de sujeito varia de acordo com a concepção de língua que se adote. Dessa forma, tratando-se de língua como expressão de pensamento, teremos o sujeito individual.
No sujeito individual o discurso é tido como único e exclusivo dele. O receptor apresenta uma postura passiva, cabendo apenas compreender a mensagem que o falante processou em sua mente. A língua é caracterizada como produto mental do falante.
O sujeito assujeitado muitas vezes acha que é “dono do seu dizer”, mas não percebe que está sendo assujeitado. O que ele faz é reproduzir discursos sociais, sendo assim, apresentado como um ser que não tem consciência de seu assujeitamento ideológico.
A concepção de língua a esse sujeito é como um código, pois o sujeito é assujeitado pelo sistema. Por ele ser assujeitado ao sistema, o texto também se apresenta como resultado de uma codificação.
Já o sujeito psicossocial se constitui da interação com o “outro”. A língua é tida como lugar de interação social, visto que há um caráter ativo do sujeito, que o torna capaz de interagir, ao mesmo tempo em que (re)produz discursos presentes na sociedade. No texto encontra-se interação entre interlocutores que constituem juntamente o seu sentido.
Observe o resumo na tabela:
Sujeito individual
-“Dono do seu dizer”;
- Invisual;
- Leitor e ouvinte são passivos;
- Língua como produto mental.
Sujeito assujeitado
- Não é “dono do seu dizer”;
- Condicionador a reproduzir um discurso anterior;
- Língua e texto é codificador;
- Locutor ou ouvinte são passivos.
Sujeito psicossocial
- Interação social;
- Elaboração de discursos e escolhas de palavras;
- (Re) produção de discursos presentes na sociedade.

A IDEIA DE TEXTO

Na Linguística Textual há a fase transfrásticas e a da elaboração de gramáticas textuais que tornaram presentes as concepções de texto e não texto. Nessa perspectiva, o texto era visto como “sequência linguística coerente em si” e o não texto como “sequência linguística incoerente em si”.
No primeiro momento, o texto era visto como um produto acabado que enfatizava a materialidade linguística. Depois disso, passou-se a pensar o texto como um processo de produção e recepção comunicativa. Dessa forma, o estudo sobre este passou a serem analisados a partir de sua elaboração, verbalização e planejamento.
Ingedore afirma que a “teoria da atividade é a adaptação ao fenômeno “linguagem” de uma teoria da atividade de caráter filosófico articulada com uma teoria da atividade social (humana), que se especifica em uma teoria da atividade (comunicativa) verbal”. Afirma ainda que “a Linguística Textual trata o texto como um ato de comunicação unificado num complexo universo de ações humanas”.
Logo, o texto não é mais visto como produto finalizado, já é possível perceber que o sentido de um texto se constrói a partir do mesmo. As marcas linguísticas auxiliam na produção de sentido, mas é importante voltar atenção para o contexto em que se deu a produção linguística.

O CONTEXTO NA LINGUÍSTICA TEXTUAL

Hymes (1964) elaborou uma teoria acerca do contexto, o esquema SPEAKING. Ingedore apresenta esse esquema apontando a característica referente a cada letra da palavra “speaking”:



S → Situação
P → Participantes
E → Fins
A → Sequência
K → Códigos
I → Instrumentais
N → Normas
G → Gêneros

Goodwin&Duranti também procuraram elaborar suas teorias acerca do contexto. Dessa forma, suas pesquisas contemplaram fenômenos como o ambiente em que se dá o texto, o contexto social e cultural, conhecimentos prévios e o co-texto.
Quando nós conversamos ou lemos algum texto, entramos em um processo de construção de sentido. Nós nos propomos, nesse momento a interagir. Nesse processo, mobilizamos bem mais do que nosso conhecimento a respeito do mundo e do linguístico. Além disso, fazemos valer nosso conhecimento do mundo, o conhecimento prévio, mobilizamos conhecimento acerca da sociedade e da história.
Diante do exposto anteriormente, imagine uma conversa entre um brasileiro e um coreano, ambos sem saber a língua do outro. A comunicação, nesse caso, fica complicada. Mesmo com interlocutores que conheçam a língua do outro, mas desconheçam os aspectos culturais um do outro, a comunicação não se daria de forma satisfatória. É exatamente nesse conhecimento de mundo similar que se baseia o contexto sociocognitivo.
Muitos autores usam a metáfora do iceberg para falar em contexto: a ponta que é exposta representa a materialidade linguística, parte evidente do texto. Mas, para se chegar nesta parte é necessário mergulhar e buscar os sentidos encobertos. Para isso, não basta somente conhecer a estrutura linguística, mas também os conhecimentos prévios, os conhecimentos de mundo e as estruturas cognitivas. Assim, podemos decodificar o texto e compreendê-lo.

AS ESTRUTURAS COGNITIVAS

Graças às estruturas cognitivas, torna-se possível preencher as lacunas textuais. Assim, não é necessário tentar preenchê-las através das palavras ou fazer exaustivas explicações.
Existem alguns tipos de estratégias cognitivas:
Frames: São ativadas diante de um conceito primário e estão armazenadas na memória. Às penas na palavra NATAL, vários elementos vem em nossa mente: árvore, papai-noel, brinquedos, presentes, entre outros.

 






Esquemas: Segue uma ordem ou sequência e leva em consideração as relações temporais e causais.
No exemplo: “Há um acidente grave na esquina, pois uma ambulância e um carro da polícia estão parados lá”.
Pode-se compreender que em um acidente grave há uma ambulância para socorrer as vítimas e policiais para fazer a ocorrência e regitrar o(s) responsável (eis) pelo acidente.
Planos: São estruturas cognitivas que mantém uma ordem e o leitor/ouvinte percebe a intenção do locutor/falante. Os planos podem ocorrer em vários momentos de nossa vida. Um homem que deseja pedir sua namorada em casamento é um plano.
Scripts: Diferenciam dos frames principalmente pela sua dinamicidade.
E o tempo deu-lhe de presente as mãos trêmulas. Já não enxergava mais como antes. As amizades da infância se foram e agora não se separa da velha lupa, companheira fiel, amiga querida que lhe traga de volta a noção da beleza da vida e de suas agruras. Andar já não pode mais. Acometida por um problema de coluna, não consegue mais ficar de pé. Além do mais, os ossos frágeis poderiam se esfacelar apenas com uma tentativa. O certo é que, até para os longevos, a dádiva do tempo torna-se implacável e, com o seu passar, se transforma num pesar por sua cruel lentidão e infindável eternidade”.

André Luiz G. Madureira

Nesse texto, as ações remetem a uma fase específica da vida: velhice. Evidenciado pela sucessão de ações: “Já não enxerga mais como antes”, “andar já não pode mais” e “acometida por um problema na coluna”. Reconhecemos como script pela sequência estereotipada das ações que remetem à velhice.

ELEMENTOS BÁSICOS DA LINGÜÍSTICA TEXTUAL

Coerência Textual

É o instrumento que o autor usa para conseguir encaixar as “peças” do texto e dar um sentido completo a ele.
 Cada palavra tem seu sentido individual, quando elas se relacionam elas montam outro sentido. O mesmo raciocínio vale para as frases, os parágrafos e até os textos. Cada um desses elementos tem um sentido individual e um tipo de relacionamento com os demais. Caso estas relações sejam feitas da maneira correta, obtemos uma mensagem, um conteúdo semântico compreensível.
O texto é escrito com uma intencionalidade, de modo que ele tem uma repercussão sobre o leitor, muitas vezes proposital. A coerência é um resultado da não contradição entre as partes do texto e do texto com relação ao mundo. Ela é também auxiliada pela coesão textual, isto é, a compreensão de um texto é mais bem capturada com o auxílio de conectivos, preposições, etc.
Exemplos não coerência:
a) Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não ouvi o sabiá cantar.
b) Todo mundo destrói a natureza menos todo mundo.
Exemplo coerente.
a)    Todo mundo viu o mico-leão menos eu.
b)   Todo mundo destrói a natureza.

Coesão Textual

Entende-se como Coesão a parte externa do texto que lida com os elementos de ligação, ou seja, os seus conectivos que são representados por conjunções, pronomes etc. Essas partículas, ou expressões, servem para unir termos, orações e períodos, tornando clara e inteligível a passagem de uma a outra unidade de sentido. Assim como a Coerência, são imprescindíveis a uma competente produção textual.
Exemplo:
a)    Vá buscar as crianças na escola. Elas saem às 17h.
b)   Todos os livros estão na estante. Os meus são os de capa azul.

Referência

A referência diz respeito, sobretudo, às operações efetuadas pelos sujeitos à medida que o discurso de desenvolve.
Os elementos de referência são aqueles que não têm um significado por si mesmo, pois remetem a outros itens do texto que são necessários à sua interpretação.
Na coesão por referência, “há total identidade referencial entre o item de referência e o item pressuposto”.
Exemplos:
a) Pedro e Maria são crianças ingênuas. Eles aceitaram doces de estranhos. (referência pessoal)
b) Maria foi mal a todas as provas, menos nesta: a que tratava de pronomes. (referência demonstrativa)
Referência endofórica é quando algumas palavras “vazias” de conteúdo semântico têm sua referência no próprio texto da mensagem.
Ex.: Pesquisadores que são da Finlândia falam sobre chocolate.
Referência Anafórica é quando o referente vem antes da referência.
Ex.: Pesquisadores que são da Finlândia falam sobre chocolate.
Referência Catafórica é quando o referente vem depois da referência.
Ex.: Os cientistas daqui do Brasil discordam.
Coesão por substituição: ocorre quando um item é colocado no lugar de outro elemento do texto ou, até mesmo, de uma oração inteira.
Na coesão por substituição, a identidade referencial entre o item de referência e o item pressuposto não é total ou, nela, há uma especificação nova, pelo menos, a ser acrescentada (o que exige um mecanismo que seja gramatical e não semântico).
Exemplos:
a) Pedro estudou muito para a prova e Maria também.
b) Pedro comeu pudim depois do almoço. Maria fez o mesmo.
c) Eu tomei um sorvete de chocolate. Pedro tomou um de flocos.
Conjunção: tem a propriedade de relacionar as partes de um texto (elementos ouorações). Estas relações têm uma especificidade. Veja o exemplo abaixo:
“Márcio correu bastante, mas não conseguiu pegar o ônibus”.

Coesão Lexical

Mecanismo que envolve a repetição da mesma unidade lexical ao longo do texto ou a sua substituição por outras unidades lexicais que com ela mantêm relações semânticas de natureza hierárquica. Exemplo:
"Quando chegou a casa, o Rui viu um carro estacionado em frente da sua garagem. Ficou intrigado: o veículo não lhe era familiar."
a) Reiteração – Consiste na repetição do referente ou por meio de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos.
b) Colocação ou Contiguidade – Consiste na disposição de termos, no decorrer do texto, com mesmos traços semânticos.

Coesão Referencial

Ocorre quando determinado elemento textual se remete a outro, substituindo-o. A referência, inicialmente, pode ser em relação a um dado externo ou interno ao texto.

Língua escrita X Língua Falada


Segundo Halliday (1989) falar e escrever são maneiras distintas de pronunciar e propagar significados estabelecidos na língua e pela língua, dentro de uma circunstância de interação social.
Tanto a Língua Falada quanto a Língua Escrita o sistema linguístico é o mesmo para construção de um texto, porém as regras empregadas bem como os meios utilizados são diversos e específicos.
Nesta dicotomia, ambas destina-se a uma interação verbal que possui um determinado fim comunicativo, que por sua vez dependem de diversas situações sociocomunicativas, na qual o falante/escritor está inserido.
 Para que um texto seja analisado adequadamente é necessário, antes de tudo, identificar e descobrir como são articulados os componentes que fazem parte de tais situações comunicativas em analise, pois eles favorecem a interpretações dos papeis dos interlocutores, tanto na oralidade quanto no letramento. Tais interpretações estabelecem as relações que diferem a duas modalidades em estudo à (Fala/Escrita), sem que haja distorção ou extravio de informação por parte dos interlocutores.
Mas antes é de essencial importância considerar as características de produção dentre essas duas modalidades da língua. Possibilitando assim, um maior entendimento para efetivação do evento comunicativo, ou seja, a consolidação do texto. Veja alguns:

FALA
v  Interação imediata;
v  Planejamento simultâneo ou quase simultâneo à execução;

v  Ampla possibilidade de reformulação: essa reformulação é marcada, pública, e pode ser promovida tanto pelo falante quanto pelo ouvinte;

v  Acesso imediato à opinião (retroalimentação, monitoração) do ouvinte; o falante pode processar o texto, redirecionando-o a partir das reações do ouvinte. 

ESCRITA
v  Interação à distância (espaço-temporal);
v  Planejamento anterior à execução;

v  Possibilidade de revisão;
v  A reformulação pode não ser tão marcada, é privada e promovida apenas pelo escritor;

v  Sem possibilidade de opinião imediata do leitor; 

CARACTERÍSTICAS DA LÍNGUA ESCRITA

Indiscutivelmente a escrita faz parte do dia de qualquer individuo, até mesmo para um analfabeto. Marcando presença junto com a oralidade, em diversos momentos de sua visa. No trabalho, na família, na escola, na igreja em várias situações ela está inserida em um ambiente de práticas sociais, participando dos processos de letramento e de oralidade cotidianas.
Mas afinal, para que serve a escrita e a leitura? Diante de tal pergunta se é possível citar diversos momentos em que essas se fazem presentes, tais como:

v  Ao se elaborar uma lista de compras;
v  Escrever ou Ler um recado;
v  Preparar ao novo para comer através de uma receita;
v  Buscar informações sobre o mundo através de jornais, revistas etc.
v  Efetuar pagamentos utilizando cheques, notas promissórias etc.
v  Ler bula e receitas de remédios;

Essas e outras situações, que muitas vezes passam despercebidas, fazem da escrita assim como a oralidade uma importante ferramenta na construção de uma vida em sociedade nos dias de hoje. Seu uso vem se tornado algo tão notório que ate mesmo organizações que primam pelo desenvolvimento de nações atestam a importância da alfabetização. É o caso da UNESCO, que atribui à falta de alfabetização a presença da pobreza, da doença, do atraso.
No entanto a escrita não deve ser vista como superior ou inferior à fala, nem ser analisada em sua reprodução, pois segundo MARCUCHI essa não consegue repetir muito dos feitos da oralidade, tais como: a prosódia, a gestualidade, o movimento do corpo e dos olhos, entre outros.

CARACTERÍSTICAS DA LÍNGUA FALADA

Antes de sermos seres que dominam a escrita, somos seres que utilizam a oralidade. Assim, a fala ganha um caráter natural. A escrita, mesmo sofrendo influências de caractere cultural e social como a fala, nesse ponto de vista, e um fato histórico, diferente da fala, um bem natural. Seu ato verbaliza o uso da língua de forma singular, cabendo ao individuo escolher os meios linguísticos que o apetece para emprega-la. Mas apesar desses fatos não se deve dizer que a fala, por sua primazia cronológica e inata, seja mais importante que a escrita. Hoje em dia, a fala e a escrita andam de mãos dadas.
Veja a Definição dicotômica de Fala e Escrita formulada por MARCUSCHI:
A escrita seria um modelo de produção textual-discursiva para fins comunicativos com certas especificidades materiais e se caracterizaria por sua constituição gráfica, embora envolva também recursos de ordem pictórica e outros (situa-se no plano dos letramentos). Pode manifestar-se, do ponto de vista de sua tecnologia, por unidades alfabéticas (escrita alfabética), ideograma (escrita ideográfica) ou unidades iconográficas, sendo que no geral não temos uma dessas escritas puras. “Trata-se de uma modalidade de uso da língua complementar à fala.”
A fala seria uma forma de produção textual-discursiva para fins comunicativos na modalidade oral (situa-se no plano da oralidade, portanto), sem a necessidade de uma tecnologia além do aparato disponível pelo próprio ser humano. Caracteriza-se pelo uso da língua na sua forma de sons sistematicamente articulados e significativos, bem como os aspectos prosódicos, envolvendo, ainda, uma serie de recursos expressivos de outra ordem, tal como a gestualidade, os movimentos do corpo e a mimica”.
A partir disso podemos perceber que tanto a fala quanto a escrita são essenciais para se estabelecer a comunicação e interação em uma interconexão. Portanto, quando analisamos a língua em seus diversos meios de manifestação, levando em consideração o seu uso na sociedade, vemos que muitas vezes os aspectos da fala e da escrita se misturando.
Por isso, nos dois casos traz-se a contextualização como necessidade para a produção e a recepção, ou seja, para o funcionamento pleno da língua (MARCUSCHI, 2001, p. 43).


CONCLUSÃO


O que se pode verificar, a partir da retrospectiva apresentada, é que, desde seu aparecimento até hoje, a Linguística Textual percorreu um longo caminho, ampliando a cada passo seu espectro de preocupações. De uma simples análise transfrástica, logo acompanhada das tentativas de elaboração de gramáticas textuais, passou a ter como centro de preocupação não apenas o texto em si, mas também todo o contexto (no sentido mais amplo do termo) e, de modo especial, no processamento estratégico-interacional dos textos, vistos como a forma básica de interação por meio da linguagem.
Dentro desta perspectiva, pode-se conceituar o texto como uma manifestação verbal constituída de elementos linguísticos selecionados e ordenados pelos falantes, durante a atividade verbal.
Desta forma, concluímos que a Teoria ou Linguística do Texto vai intensificando o diálogo que já há muito vinha travando com as demais Ciências do Homem, tornando-se cada vez mais, um domínio multi e interdisciplinar, em que se busca explicar como se dá a interação social por meio desse objeto multifacetado que é o texto: fruto de um processo extremamente complexo de produção de linguagem, que traz em sua história as marcas desse processo e, portanto, as pistas ou chaves para a sua decifração, no jogo de produção de sentidos.

Bibliografia


SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 2006.
NEVES, MOURAMaria Helena de. As duas grandes correntes do pensamento linguístico: formalismo e funcionalismo. In: A gramática funcional. São Paulo: Martins,1997.
MARCUSCHI, Luiz Antônio.;Da fala para a escrita: atividades de retextualização.; São Paulo; Cortez; 2001.
HALLIDAY, M. A. K.;Língua falada e escrita. ; Oxford University Press; Editor de série: Francês Christie. ;1989.
ALVES, BIANCHIN,Tania;A DICOTOMIA FALA E ESCRITA; Santa Maria – RSUNIFRA. 2012. Disponível em: http://jne.unifra.br/artigos/4905.pdf. Acesso em 07 de novembro de 2013.
KOCH, Ingedore. Introdução a Linguística Textual. 2. ed. – São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.
BUENO, Silveira. Dicionário da língua portuguesa. 2. ed. - São Paulo: Editora FTD, 2007.

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