sábado, 16 de novembro de 2013

Gramática Normativa

1. INTRODUÇÃO
                                                                                        

Existem vários tipos de gramática, que são: a Gramática Normativa que é aquela que busca a padronização da língua, estabelecendo as normas do falar e escrever corretamente, a Gramática Descritiva que ocupa-se da descrição dos fatos da língua, com o objetivo de investigá-los e não de estabelecer o que é certo ou errado, enfatizando o uso oral da língua e suas variações, a Gramática Histórica, que estuda a origem e a evolução histórica de uma língua, e a Gramática Comparativa, que se dedica ao estudo comparado de uma família de línguas. Neste trabalho falaremos sobre a Gramática Normativa.
A Gramática Normativa é considerada padrão ou culta, as formas de expressão que não a seguem são consideradas desvios da língua, erros. No caso, tudo se relaciona com a norma padrão e é basicamente a gramática, que conduz as expressões tanto na escrita como na fala.
Ela dita as normas gramaticais de uma determinada língua, classificando como correta apenas umas forma de fala e escrita, e o que está fora de suas regras são considerados erros gramaticais.
Esse tipo de gramática, segundo Ana Paula de Araujo do site Info Escola, tem por fim codificar o uso do idioma, induzindo as normas que representam o ideal de expressão correta, tem como exemplo obras literárias consagradas e textos científicos. Atualmente é muito criticada a por gramáticos, pois já se admitem outras gramáticas como a descritiva, a gerativa, etc.
      De acordo com Franchi, um dos fundadores do departamento de Linguística da Unicamp, a Gramática é o conjunto sistemático de normas para bem falar e escrever, estabelecida pelos especialistas, com base no uso da língua consagrado pelos ‘bons escritores’ e dizer que alguém ‘sabe gramática’ significa dizer que esse alguém conhece essas normas e as domina tanto nocionalmente quanto operacionalmente. (FRANCHI, 1991, apud TRAVAGLIA, 1996: p.24).



2. FONÉTICA E FONOLOGIA

Os sons da fala são modificações que a corrente de ar sofre através do aparelho fonador, que é um conjunto de órgãos. Eles são: pulmões, brônquios, traquéia, larinje, faringe, boca e fossas nasais. a fonética e fonologia fazem parte da gramática normativa, que não admite outras gramáticas, admitindo apenas uma forma correta para o uso da língua. Atualmente é criticada por alguns gramáticos, já que hoje em dia existem a gramática descritiva, gerativa, etc.
As formas mais prestigiadas da língua são valorizadas, tratando as variações linguísticas como erros. Enquanto não forem dicionarizadas e acrescentadas à gramática tradicional, serão tratadas como desvios da norma gramatical. A gramática normativa toma como base os escritores consagrados e suas obras, para estabelecer um padrão que deverá ser seguido, induzindo as formas de expressões validadas pela norma culta. O intuito é padronizar a língua materna, com regras para o uso oficial da comunicação verbal, inserida nas salas de aula, textos científicos, obras literárias clássicas, discursos formais, etc. A variação da língua não faz parte desse estudo, que cultiva a gramática tradicional.
No âmbito da fala e do fonema, qualquer movimento, por mais leve que seja, dos órgãos que constituem o aparelho fonador, determina uma diferenciada modalidade de som da fala. Para a gramática, é relevante classificar os sons da fala que distinguem uma palavra de outra. É a fonética que analisa os sons da fala, tendo como perspectiva a sua natureza física e fisiológica. Já a fonologia (ou fonêmica) estuda os fonemas, isto é, conjuntos de traços fônicos com que numa língua se distinguem vocábulos que possuem significação diferente. Estes dois ramos de estudo da ciência linguística se completam, pois com o apoio de uma boa descrição fonética é possível apreender os quadros de fonemas de uma língua.
O estudo da acentuação chama-se prosódia. Entende-se por acento a força expiratória com que uma sílaba opõe às que lhe ficam contíguas no corpo dos vocábulos. O acento é o resultado da associação de qualidades físicas dos sons da fala. Essas qualidades são: intensidade (maior ou menor força expiratória com que são proferidos); altura (maior ou menor frequência com que vibram as cordas vocais); timbre (ou metal de voz); e a quantidade (maior ou menor duração com que são emitidos).
 A história da ortografia portuguesa divide-se em três períodos: o fonético; o pseudo-etimológico; e o histórico-científico. Durante o período fonético, não existia a preocupação de escrever de acordo com a origem das palavras, mas sim com a maneira de pronunciá-las. A característica da grafia portuguesa arcaica é a simplicidade e, principalmente, o sentimento fonético. No período pseudo-etimológico surgiu o eruditismo, a vontade de imitar os clássicos latinos e gregos, desejando aproximar a escrita portuguesa da latina. Tendo o latim dos livros, grafavam approximar, abbade, gatto, bocca, etc., com isso, ignorando que na evolução da língua, essas consoantes se simplificaram. Tal ortografia estava com erros, com formas absurdas que contrariam a etimologia. Foi durante o período histórico-científico que se tornou possível encarar, com base científica, o problema da ortografia. O mestre português Aniceto dos Reis Gonçalves Viana, notabilizou-se com a publicação de Ortografia nacional , que foi o ponto de partida para o que se fez depois. Por causa da repercussão da obra publicada, o governo português nomeou, em 1911, uma comissão para estudar as bases da reforma ortográfica. Ainda em 1911, foi oficializada a "nova ortografia" pelo governo português, e, em 1931, ela foi estendida ao Brasil por um Acordo firmado entre a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras.


3. MORFOLOGIA

O termo morfologia, tradicionalmente empregado, designava o estudo das formas das palavras de uma língua. A gramática clássica era dividida em três partes: flexão, derivação (ou formação de palavras) e sintaxe.
Mesmo sendo consideradas indivisíveis, as palavras apresentavam flexões (variações acidentais). Como eram de base filosófica, o essencial nessa gramática era a classificação das palavras de acordo com essas flexões.
Só no século XIX, por volta de 1860, a palavra morfologia foi utilizada como termo linguístico, envolvendo apenas a flexão e derivação. Esse nome teve influência do modelo evolucionista de Darwin sobre os estudos da linguagem. Os gramáticos e filólogos almejavam descobrir a origem da linguagem através do estudo da evolução das palavras em indo-europeu. Houve, nesta época, um crescente interesse no estudo sistemático dos processos de formação das palavras, pois os gramáticos consideravam as formas mínimas constituintes das palavras como elementos originários.
Para Saussure, o pai da linguística, “a morfologia não tem objeto real e autônomo”. Alguns linguistas, tendo em vista as inter-relações entre os dois níveis, morfológico e sintático, preferem chamar morfossintaxe.
Mattoso Câmara, porém, nega a tese de Saussure, aproveitando-se da noção de relação associativa ou paradigmática. Entretanto, “nenhuma parte da língua pode ser descrita adequadamente sem referência a toas as outras partes”. Isso significa que, devido à inter-relação entre a fonêmica, a morfologia e a sintaxe de uma língua não podem ser descritas isoladamente.
A morfologia (morfe=forma, logia=estudo) é o ramo da linguística que estuda as formas das palavras em diferentes usos e construções. Trata das estruturas internas das palavras e dos seus constituintes significativos mínimos ou morfemas. Nida (apud Laroca, p. 14) define morfologia como “o estudo dos morfemas e seus arranjos na formação das palavras.
Leonar Cabral, em sua didática definição, considerando a morfologia como um ramo independente da sintaxe, afirma que morfologia é “a parte da gramática que descreve as unidades mínimas de significado, sua distribuição, variantes e classificação, conforme as estruturas onde ocorrem, a ordem que ocupam, os processos na formação de palavras e suas classes”.
Em linguística, Morfologia é o estudo da estrutura, da formação e da classificação das palavras. A peculiaridade da morfologia é estudar as palavras olhando para elas isoladamente e não dentro da sua participação na frase ou período. A morfologia está agrupada em dez classes, denominadas classes de palavras ou classes gramaticais. São elas: Substantivo, Artigo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, Advérbio, Preposição, Conjunção e Interjeição.
Segundo Perini (2006), a morfologia é uma das disciplinas que se ocupa dos diferentes aspectos das expressões lingüísticas chamados de componentes da gramática. Então, constitui o estudo da estrutura interna de uma língua, aquilo que as diferencia das outras línguas do mundo, e que não decorre diretamente de condições da vida social ou do conhecimento do mundo.
Não podemos esquecer que a gramática tradicional desenvolve bastante sobre a morfologia, conforme Rocha (1999), o conteúdo dessas gramáticas é que pode ser duvidoso, por isso é preciso tomar cautela, não tomar uma posição servil, de seguir a risca tudo que está escrito e por outro lado, não tomar uma posição radical de não aceitar nenhuma das colocações encontradas ali, pois tudo passou por um estudo avançado e não se pode dizer que tudo que se encontra na gramática tradicional é errôneo.
Rocha (1999) aponta o compromisso com o ensino como um dos fatores que fazem com que a morfologia seja ensinada da forma como é. Segundo ele, a pesquisa, de um modo geral, não pode estar comprometida com qualquer fator que não seja a própria pesquisa.


4. SINTAXE

A sintaxe é a parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e em frases de discurso, e como na relação lógica das frases entre si. Ao emitir uma mensagem verbal, o emissor dessa mensagem procura transmitir um significado completo e compreensível e as palavras relacionadas combinam entre si, pois a sintaxe é um instrumento essencial para o manuseio das múltiplas possibilidades que existem para a combinação das palavras e orações.
É uma relação entre palavras de uma oração que entre elas. Ocorre o período de concordância verbal e nominal, ou seja, sujeito e verbo, substantivo em relação ao artigo de adjetivo numeral. Assim como regência, verbo que pede uma preposição ou não, nominal que o nome vem acompanhado de uma preposição. Também há a colocação, que se trata de certas colocações numa determinada frase e a pronominal que vem acompanhada pela próclise, mesóclise e ênclise.
A sintaxe pode ser encontrada na terceira pessoa do plural, concordando com o sujeito. E caso tenha um adjetivo, ela talvez esteja concordando com o gênero e com o substantivo a que a frase se refere. Nessas horas, a flexões de pessoa, numero e gênero se correspondem.
Alguns conceitos da gramática devem ser constantemente citados ao longo dos estudos. Ela traduz com muito mais evidencia a emoção do emissor e também filtra a razão, ou seja, mostra uma organização, até um distanciamento do emissor da frase. Pois é o enunciador que organiza as palavras em torno do verbo, por isso pode ter ou não um sentido completo.
A sintaxe é um período simples, ela faz parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e nas frases de um discurso, e como na relação lógica das frases entre si. Pois ao emitir uma mensagem verbal, o emissor procura transmitir o significado, e para isso às palavras relacionadas são combinadas entre si. A sintaxe é um meio para manusear as possibilidades que existem na combinação de muitas palavras e orações, pois ela é essencial em qualquer linguagem, basicamente as funções são para o sujeito e o predicado da oração e da frase.
Por ser o estudo das regras de construção das frases de línguas naturais, a sintaxe faz parte da gramática, que estuda a disposição das palavras na frase e das frases num discurso, incluindo a relação lógica entre as combinações possíveis para transmitir o significado correto da frase ou oração a ser transmitida.
Na linguística, a sintaxe é o ramo que estuda os processos generativos ou combinados das frases das línguas naturais, tendo em si a função de especificar a sua estrutura interna e seu funcionamento. O termo “Sintaxe” pode ser usado nos estudos das regras que regem o comportamento de sistemas matemáticos como a lógica e as linguagens de programação de programas para computadores.
A sintaxe é importante para a unidade falada que a é a oração, não exatamente a palavra ou o som, em termos práticos, o falante fala e o ouvinte ouve as orações, o caso é quando a palavra é portadora de sentido completo.
Os primeiros passos para isso surgiram na tradição europeia, no estudo da sintaxe foram dados pelos antigos gregos, começando por Aristóteles que fora o primeiro a dividir a frase em sujeitos e predicados, e o segundo contribuinte fundamental fora Frege que critica a analise aristotélica, propondo uma divisão de uma frase em função de seu argumento. O trabalho é fundamental, pois deriva de toda lógica formal contemporânea e bom como a sintaxe formal, a filosofia dedicou – se, sobretudo a investigação nas áreas da fonologia e morfologia, e não tendo reconhecido o contributo fundamento de Frege, que só  no século XX (20) que foi verdadeiramente apreciada.


5. RUDMENTOS DE ESTILÍSTICA E POÉTICA.

Funções da Linguagem, gramática e estilística

Segundo Karl Buhler  a linguagem possui ter funções primordiais: representação mental, exteriorização psíquica e apelo.
Função representativa: A língua nos fornece as formas que estabelecem, na comunicação social, o modo de transmitirmos a nossa compreensão do mundo.
Função de exteriorização psíquica: é o veículo de nossos estados de alma.
Função de apelo: Atuação sobre o próximo na vida em comum.
Enquanto a gramática estuda as formas lingüísticas no seu papel de propiciarem o intercâmbio social na comunidade, cabe á estilística estudar a expressividade delas, ou seja, estudar  a sua capacidade de transfundir a  emoção e sugestionar os nossos semelhantes.
No entanto a estilística vem complementar a gramática. Existem três campos estilísticos importantes, a estilística fônica, estilística léxica e a estilística sintática.

Estilística fônica
Estuda os recursos expressivos presentes no nível fônico da língua. Na prosódia, por exemplo, os acentos de altura e intensidade podem apresentar valor afetivo, como se percebe na valorização prosódica do vocábulo só no célebre soneto Sete anos de pastor, de Luís de Camões:

Sete anos de pastor Jacó servia

Labão, pai de Raquel, serrana bela;

Mas não servia ao pai, servia a ela,

E a ela só / por prêmio pretendia.
A evocação sonora sugerida pelos fonemas também pode ser explorada estilisticamente nas aulas de português. Veja-se, por exemplo, o poema Os sinos, de Manuel Bandeira:

Sino de Belém, pelos que inda vêm!

Sino de Belém bate bem-bem-bem.

Sino da paixão, pelos que lá vão!

Sino da paixão bate bão-bão-bão.

Através do estudo da estilística fônica pode o professor despertar em seus alunos o gosto pelo bom uso dos recursos sonoros da língua, evitando as silabadas e cacofonias nas redações escolares. Pode também chamar a atenção do estudante para o emprego expressivo das onomatopéias, homoteleutos, aliterações, coliterações e assonâncias.

Onomatopéia
Onomatopéia é a tentativa de reprodução de sons por meio de palavras. A palavra tenta imitar os sons.
O avião chama-se teco-teco porque o funcionamento do seu motor produz um som parecido com teco-teco. O mesmo acontece com o instrumento reco-reco.
A onomatopéia é muito comum na linguagem infantil: ai, ui, tóim, bam, bum etc... Todas essas e muito mais são expressões onomatopéicas ou onomatopaicas.
Esse fenômeno existe em nossa língua assim como em várias línguas do mundo.
Estilística Léxica:
Abrange os estrangeirismos; regionalismos, arcaísmos, neologismos, palavras eruditas ou populares. Não prescinde igualmente da sonoridade e do teor semântico dos vocábulos. Grande é a preocupação do escritor com a seleção vocabular, até porque a seleção esta condicionada à natureza do gênero literário. A linguagem lírica de modo algum é igual à linguagem épica ou dramática. Difícil é a escolha entre sinônimos e antônimos. Quanto aos sinônimos, a situação se toma mais precária, sobretudo porque existem sinônimos imperfeitos, de significação apenas aproximada. Cão e cachorro podem assumir acepção diferente. Além disso, há o aspecto do volume e sonoridade da palavra. Os vocábulos polissilábicos em geral indicam ideia de grandeza, têm mais sonoridade em contraste com os monossílabos. Interessante observar a distinção de Bally entre palavras transmitidas e adquiridas. As transmitidas, por serem recebidas do ambiente doméstico, são afetivas. As adquiridas vêm depois, resultam da experiência da vida, da integração no grupo social. São mais conceituais.
Com relação às palavras eruditas, estas se desenvolveram com o Renascimento, quando se processou verdadeira latinização da língua portuguesa. Teve continuidade com o Parnasianismo e constituindo-se até mesmo em preferências pessoais. Rui Barbosa, Coelho Neto, Euclides da Cunha são exemplos de eruditismos. Com o Modernismo, procurou-se valorizar e estilizar a língua popular. Emprego de ter no lugar de haver. Colocação livre dos pronomes átonos. Uso de palavras populares, de neologismos. Famoso é o poema de Bandeira:
Beijo pouco, falo menos ainda
Mas invento palavras
que traduzem a ternura funda
E mais cotidiana
Polissemia:
A polissemia é o fenômeno pelo qual uma palavra vai adquirindo vários significados. Estes, em geral, têm algo em comum. A cada um deles dá-se o nome de acepção:

- A cabeça une-se ao tronco pelo pescoço.
 -Ele é o cabeça da rebelião.
-Sabrina tem boa cabeça.

Homônimos: Homônimos são palavras com escrita ou pronúncia iguais, com significado (sentido) diferente.
- O político foi cassado por corrupção.
- O lobo foi caçado por bandidos.
Tipos de homônimos: homógrafos, homófonos e homônimos perfeitos.
Homógrafos : mesma grafia e som diferente.
- Eu começo a trabalhar em breve.
- O começo do filme foi ótimo.
Homófonos: grafia diferente e mesmo som.
- A cela do presídio está lotada.
- A sela do cavalo está velha.
Homônimos perfeitos: mesma grafia e som.
- Vou pegar dinheiro no banco.
- O banco da praça quebrou.
Parônimos:
São palavras que apresentam significados diferentes embora sejam parecidas na grafia ou na pronúncia
“Estória” é a grafia antiga de “história” e essas palavras possuem signficados diferentes. Quando dizemos que alguém nos contou uma
estória, nos referimos a uma exposição romanceada de fatos imaginários, narrativas, contos ou fábulas; já quando dizemos que fizemos prova de história, nos referimos a fatos históricos, que se baseiam em documentos ou testemunhas.
Ambas as palavras constam no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras. Porém, atualmente, segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, é recomendável usar a grafia “história” para denominar ambos os sentidos.
 exemplos de parônimos
Flagrante (evidente) - Fragrante (perfumado)
Mandado (ordem judicial) - Mandato (procuração)
Arrear (pôr arreios) - Arriar (descer,cair)
São palavras que se tem a grafia diferente, mas parecidas e significados diferentes.
Estilística Sintática:
É o desvio das regras de sintaxe com o objetivo de atingir mais expressividade, para alcançar uma maior identificação com o público.
Na sintaxe de colocação, cabe ressaltar a posição do adjetivo como marcador semântico-estilístico (pobre homem = homem infeliz; homem pobre = carente de recursos), a permutabilidade substantivo/adjetivo (autor defunto/defunto autor), os casos de hipálage (adjetivação inusitada: “As criadas remendavam meias sonolentas.” por “As criadas sonolentas remendavam meias.”), o deslocamento e a elipse de termos, o anacoluto (desconexão sintática), a colocação pronominal, todos constituem recursos expressivos, quando produzidos com motivação estilística. A gradação sintático-semântica também pode ser estudada, como neste exemplo de Vieira: “Tão dura, tão áspera, tão injuriosa palavra é um não”.
Anacoluto
Emprego de um termo solto (ou expressão) a que se faz na frase alguma referência. Abandono da construção gramatical utilizada numa frase ou verso para se adoptar outra construção. Verifica-se, por exemplo, quando uma oração que parece ser a principal fica em suspenso pelo aparecimento de outra oração que a faz seguir noutro sentido.
Exemplos:
"Eu, por bem farão de mim tudo e por mal, nada."
"Tua mãe, não há idade nem desgraça que lhe amolgue a índole rancorosa." - Camilo Castelo Branco
Infinitivo flexionado:
O infinitivo é flexionado quando pode ser substituído por um tempo finito (indicativo ou subjuntivo, em geral):
 É preciso saírem logo (saírem = que saiam).
 O coronel intimou-os a se renderem (a que se rendessem).
É tempo de partires (de que partas).

Outros casos de infinitivo flexionado
- Quando o sujeito é indeterminado: Vi executarem os criminosos. / Ouvi cantarem o hino de várias formas
- Quando o infinitivo é o sujeito: O quereres tudo me surpreende. / O morrerem pela pátria é sina de alguns soldados.

Pronomes Átonos:
É o estudo da colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) em relação ao verbo.
Os pronomes átonos podem ocupar 3 posições: antes do verbo (próclise), no meio do verbo (mesóclise) e depois do verbo (ênclise).
Esses pronomes se unem aos verbos porque são “fracos” na pronúncia.
Próclise:
Usamos a próclise nos seguintes casos:
Com palavras ou expressões negativas: não, nunca, jamais, nada, ninguém, nem, de modo algum.
- Nada me perturba.
- Ninguém se mexeu.
Com conjunções subordinativas: quando, se, porque, que, conforme, embora, logo, que.
- Quando se trata de comida, ele é um “expert”.
- É necessário que a deixe na escola.

Advérbios
- Aqui se tem paz.
- Sempre me dediquei aos estudos.
Pronomes relativos, demonstrativos e indefinidos.
- Alguém me ligou? (indefinido)
 - A pessoa que me ligou era minha amiga. (relativo)
- Isso me traz muita felicidade. (demonstrativo)
Em frases interrogativas.
- Quanto me cobrará pela tradução?
Em frases exclamativas ou optativas (que exprimem desejo).
- Deus o abençoe!
- Macacos me mordam!
- Deus te abençoe, meu filho!
Com verbo no gerúndio antecedido de preposição EM.
- Em se plantando tudo dá.
- Em se tratando de beleza, ele é campeão.
Com formas verbais proparoxítonas
- Nós o censurávamos.

Mesóclise:
Usada quando o verbo estiver no futuro do presente (vai acontecer – amarei, amarás, ...) ou no futuro do pretérito (ia acontecer mas não aconteceu – amaria, amarias, ...)
- Convidar-me-ão para a festa.
- Convidar-me-iam para a festa.
Se houver uma palavra atrativa, a próclise será obrigatória.
- Não (palavra atrativa) me convidarão para a festa.
Enclise:
Ênclise é o emprego do pronome oblíquo depois do verbo. Pode ocorrer:

Verbo iniciando período ou oração

Exemplo: Sabe-se que o aquecimento global está aumentando.

Verbo no Imperativo Afirmativo

Exemplo: Menino, levante-se.

Verbo no gerúndio

* Desde que não haja preposição em.

Exemplo: Para tratar o enfermo psíquico, não basta ter pena dele, consolando-o e ouvindo com interesse.

Verbo no infinitivo impessoal

Exemplo: Não sou desumano, não traria o bicho aqui para maltratá-lo.
Tipos de Discurso: direto indireto e indireto livre
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 Ao lermos um texto, observamos que há um narrador, que é quem conta o fato. Esse locutor ou narrador pode introduzir outras vozes no texto para auxiliar a narrativa.
Para fazer a introdução dessas outras vozes no texto, a voz principal ou privilegiada, o narrador, usa o que chamamos de discurso. O que vem a ser discurso dentro do texto? Discurso é a forma como as falas são inseridas na narrativa.
O discurso pode ser classificado em: direto, indireto e indireto livre.
Discurso direto: reproduz fiel e literalmente algo dito por alguém. Um bom exemplo de discurso direto são as citações ou transcrições exatas da declaração de alguém.
- Primeira pessoa (eu, nós) – é o narrador quem fala, usando aspas ou travessões para demarcar que está reproduzindo a fala de outra pessoa.
Exemplo de discurso direto: “Não gosto disso” – disse a menina em tom zangado.
Discurso indireto: o narrador, usando suas próprias palavras, conta o que foi dito por outra pessoa. Temos então uma mistura de vozes, pois as falas dos personagens passam pela elaboração da fala do narrador.
- Terceira pessoa - ele(s), ela(s) – O narrador só usa sua própria voz, o que foi dito pela personagem passa pela elaboração do narrador. Não há uma pontuação específica que marque o discurso indireto.
Exemplo de discurso indireto: A menina disse em tom zangado, que não gostava daquilo.
Discurso indireto livre: É um discurso misto onde há uma maior liberdade, o narrador insere a fala do personagem de forma sutil, sem fazer uso das marcas do discurso direto. É necessário que se tenha atenção para não confundir a fala do narrador com a fala do personagem, pois esta surge de repente em meio a fala do narrador.
Exemplo de discurso indireto livre: A menina perambulava pela sala irritada e zangada. Eu não gosto disso! E parecia que ninguém a ouvia.
FIGURAS DE LINGUAGEM:
Figuras de estilo / figuras de retórica (Portugal) ou figuras de linguagem (Brasil) são estratégias que o escritor pode aplicar no texto para conseguir um determinado efeito na interpretação do leitor, que são características globais do texto. Podem relacionar-se com aspectos semânticos, fonológicos ou sintáticos das palavras afetadas. É muito usada no dia-a-dia das pessoas, nas canções e também é um recurso literário.
Metáfora:
Metáfora: Metáfora é uma figura de linguagem em que há o emprego de uma palavra ou uma expressão, em um sentido que não é muito comum, em uma relação de semelhança entre dois termos. Metáfora é um termo que no latim, "meta" significa “algo” e “phora” significa "sem sentido". Esta palavra foi trazida do grego onde metaphorá significa "mudança" e "transposição".
Metáfora é a comparação de palavras em que um termo substitui outro. É uma comparação abreviada em que o verbo não está expresso, mas subentendido. Por exemplo, dizer que um amigo "está forte como um touro". Obviamente que ele não se parece fisicamente com o animal, mas está tão forte que faz lembrar um touro, comparando a força entre o animal e o indivíduo.
Metonímia:
Metonímia ou transnominação é uma figura de linguagem que consiste no emprego de um termo por outro, dada a relação de semelhança ou a possibilidade de associação entre eles. Por exemplo, "Palácio do Planalto" é usado como um metônimo (uma instância de metonímia) para representar a presidência do Brasil, por ser localizado lá o gabinete presidencial.
A metonímia é geralmente utilizada para a não repetição de palavras em textos. Como em entrevistas nas quais o entrevistado (ex.: Jorge Amado) pode tanto ser chamado pelo primeiro nome, pelo sobrenome ou pelo nome completo (ex.: Jorge declarou, Amado declarou, ou Jorge Amado declarou).
É a utilização de uma palavra ou parte da significação da palavra, a fim de passarmos uma ideia.
Na metonímia, um termo substitui outro não porque a nossa sensibilidade estabeleça uma relação de semelhança entre os elementos que esses termos designam (caso da metáfora), mas porque esses elementos têm, de fato, uma relação de dependência. Dizemos que, na metonímia, há uma relação de contiguidade entre sentido de um termo e o sentido do termo que o substitui. Contiguidade significa “proximidade”, “vizinhança”.
Figuras de construção:
Elipse:
Elipse é a figura de linguagem que consiste em omitir um termo da frase que não foi enunciado anteriormente na frase, mas podemos facilmente identificá-lo pelo contexto.
Leia a seguinte afirmação, extraída da obra de Autran Dourado:
“A praia deserta, ninguém àquela hora na rua”.
Observe que após o vocábulo “ninguém”, está implícito o verbo estava. Ele não aparece na afirmação, mas podemos notar sua ausência pelo contexto. Por isso dizemos que aqui ocorreu elipse do verbo estava.

Zeugma:
Trata-se de um caso especial de elipse, quando o termo omitido já tiver sido expresso anteriormente.
Observe:
Os rapazes entraram com tamanha algazarra que quebraram o vidro da porta.
Vamos jogar, só nós dois? Você chuta para mim e eu para você .
( = … e eu chuto para você.)
No segundo exemplo, o verbo omitido deve, se expresso, concordar com o sujeito eu. Era "chuta", na 3º pessoa do singular; passa a ser “chuto” , na 1ª pessoa do singular. Em geral, os zeugmas são uma elipse e um termo que é uma forma flexionada de um termo que já apareceu.
Assíndeto:
É uma figura caracterizada pela ausência, pela omissão das conjunções coordenativas, resultando no uso de orações coordenadas assindéticas. Exemplo:
Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família.
"Vim, vi, venci." (Júlio César)
Reticência:
As reticências são, na escrita, a sequência de três pontos (sinal gráfico: ) no fim, no início ou no meio de uma frase. A utilização deste género de pontuação indica um pensamento ou ideia que ficou por terminar e que transmite, por parte de quem exprime esse conteúdo, reticência, omissão de algo que podia ser escrito, mas que não é.
Pleonasmo:
Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é realçar a ideia, torná-la mais expressiva. Veja este exemplo:
                             -Vamos subir para cima.
Polissíndeto
É uma figura caracterizada pela repetição enfática dos conectivos. Observe o exemplo:
"Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça, e morre." (Olavo Bilac)

Hipálage:
A hipálage é uma figura de linguagem que cria uma desarmonia, um desajuste entre os termos gramaticais e semânticos, ou seja, entre a função e o sentido das palavras na frase, de forma a produzir uma translação no significado.
Substantivos tomam sentido de adjetivos e adjetivos se ligam a outros termos, por exemplo.
É uma figura muito usada literariamente, como nas escolas do Realismo e Simbolismo. Certamente muito utilizada pelos surrealistas e impressionistas. Em Portugal, Eça de Queirós é um escritor que recorre bastante a esta figura.
Hipérbato:
Alteração da ordem mais comum das palavras, prejudicando a clareza da expressão, com o objetivo de por em destaque um vocábulo ou expressão, ou por motivos eufónicos (rima, ritmo), ou ainda para produzir efeitos de surpresa. São duas as modalidades do hipérbato: 1. A inversão — que consiste na troca da ordem de palavras de um grupo sintático, sem que nele se intercale nenhuma palavra alheia a esse grupo. 2. A disjunção — que consiste no intercalar de um vocábulo ou expressão que vem separar os elementos do mesmo grupo sintático (por exemplo, sujeito e verbo, substantivo e seu adjetivo…)
Exemplo:
"Casos, que Adamastor contou futuros." (= Casos futuros que...) - Luís de Camões
Inversão:
"As roucas rãs soavam
Num charco de água negra e ajudavam
Do pássaro nocturno o triste canto" - Luís de Camões
Disjunção:
"Essas vólucres amo, Lídia, rosas" - Ricardo Reis
Sínquise:
Consiste numa inversão de tal ordem tão violenta, que a frase se torna obscura ou ininteligível:
Um cãozinho tinha o Paulo fofinho e peludinho.
“Enquanto manda as ninfas amorosas por grinaldas de rosas nas cabeças.” (Camões)
"A grita se levanta ao céu, da gente." (Camões)
 Eis a ordem direta das frases acima:
O Paulo tinha um cãozinho fofinho e peludinho
Enquanto manda as ninfas amorosas pôr grinaldas de rosas nas cabeças.
A grita da gente se levanta ao céu.
 Os poetas barrocos levaram este tipo de construção até aos seus limites de compreensão como esta sínquise de um conhecido soneto de Gregório de Matos:
"Tu de amante o teu fim hás encontrado."
Anáfora:
anáfora é um elemento linguístico que estabelece uma referência dependente com um termo antecedente, é uma palavra herdada do grego “anaphorá” e do latim “anaphora”.
Designa-se ANÁFORA o termo ou expressão que, em um texto ou discurso, faz referência direta ou indireta a um termo anterior. O termo anafórico retoma um termo anterior, total ou parcialmente, de modo que, para compreendê-lo dependemos do termo antecedente.
Vejamos alguns exemplos de ANÁFORA:
João está doente. Vi-o na semana passada.
(pronome “o” retoma o termo “João”.)
Ana comprou um cão. O animal já conhece todos os cantos da casa.
(o termo “o animal” faz referência ao termo antecedente “o cão”)
Epístrofe:

Consiste na repetição de uma ou mais palavras no fim de sucessivos versos ou no fim de cada um dos membros da frase:
"Parece que eles vieram ao mundo para ser ladrões: nascem de pais ladrões, criam-se em meio a ladrões, morrem como ladrões." (Heitor Pinto)
"Os animais não são criaturas? As árvores não são criaturas? As pedras não são criaturas?" (Vieira)

Símploce:
Consiste na repetição de uma ou mais palavras no começo e no fim de cada um dos membros da frase. Observe:
Hoje, não quero pensar senão na arte nova; hoje não me agrada cantar senão a canção nova.
Concatenação:
Consiste na repetição da última palavra de um seguimento de verso ou de um membro da frase no início do seguinte:
"Quero escrever sem saber, / Sem saber o que dizer." (Milano)
O mau-humor produz a impaciência; da impaciência nasce à cólera; a violência; e a violência conduz ao crime.


Figuras de pensamento:
Antítese:
A antítese consiste na utilização de termos, palavras ou orações que se opõem quanto ao sentido. Veja alguns exemplos:
O amor e o ódio caminham lado a lado.
A verdade e a mentira fazem parte do dia a dia.
Perceba que no mesmo contexto foram utilizadas palavras que possuem sentidos opostos: AMOR X ÓDIO e VERDADE X MENTIRA
Paradoxo:
O paradoxo também se fundamenta na oposição, só que esta ocorre entre o mesmo referente, por isso é mais profundo, pois permeia o âmbito das ideias, não simplesmente das palavras ou orações, como na antítese. Veja o exemplo:
Os mesmo braços que serviram de abrigo hoje transmitem solidão.
O paradoxo, no exemplo, está sendo representado pela oposição entre ideias: Como é possível o mesmo braço abrigar e trazer solidão?
Os exemplos e a explicação objetivaram esclarecer que tanto a antítese quanto o paradoxo são figuras pautadas na oposição. Entretanto, o que as diferencia é exatamente o seu campo de atuação. A antítese opõe palavras que já são de natureza opostas, enquanto o paradoxo opõe ideias opostas entre si, como visto no exemplo acima.
.Clímax:
A figura de estilo conhecida como clímax, ou gradação ascendente, consiste na apresentação de uma sequência de ideias em andamento crescente. Há, contudo, autores que consideram que clímax ou gradação são o mesmo (incluindo, neste caso, também a gradação descendente, também designada por alguns autores como anticlímax).
Um exemplo é dado neste excerto de Cecília Meireles:
"Por mais que me procure, antes de tudo ser feito,
eu era amor. Só isso encontro.
Caminho, navego, vôo,
sempre amor (…)"
Ou mesmo nesta passagem bíblica de Paulo de Tarso na Primeira Epístola aos Coríntios, capítulo 13, versículo 7:
"[O Amor] tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."
ou, mesmo, o final desta famosa passagem (versículo 13):
"Agora, pois, permanecem a Fé, a Esperança, o Amor, estes três; mas o maior destes é o Amor".

Preterição:
É a figura pelo qual o escritor ou orador finge que não vai tratar um determinado assunto, mas dele vai falando, seja para efeito de ironia, seja de realce. Esta estratégia tem, também, a finalidade de afastar as réplicas do público à teoria que se expõe:
- Sem querer falar de suas mentiras, mas já falando [...].
- Não pretendo aqui lembrar que o réu é um herói de guerra [...].
    - "Não vos direi, pois, senhores, quão grandes e quão afortunados foram seus feitos na paz e na guerra, por terra e por mar [...]."

Antífrase ou irônia:
Em sentido amplo, é uma figura de expressão que visa a ridicularização ou à sátira.
Segundo Pires, existem três tipos de ironia:
- asteísmo: quando louva;
- sarcasmo: quando zomba;
- antífrase: quando engrandece ideias funestas, erradas, fora de propósito e quando se faz uso carinhoso de termos ofensivos.
Eufemismo:
Eufemismo é um tipo de linguagem que substitui um termo, ou uma expressão rude, por outro mais suave e agradável, para que a pessoa não se ofenda. O eufemismo tem o objetivo de suavizar uma palavra ou expressão.
O eufemismo é muitas vezes utilizado com um sentido pejorativo e inadequado, geralmente em frases que se referem à morte. Frases como "Ir para a terra dos pés juntos", "Comer capim pela raiz", "Vestir o paletó de madeira", são eufemismos e são indelicadas ao mesmo tempo.
O eufemismo também pode ter um caráter cômico, geralmente presente em expressões populares. Porém, como diz a própria definição, não deve ser usado quando o assunto é mais polêmico ou de grande impacto, como a morte, pois acaba perdendo a sua função.

Exemplos:

"Você é desprovido de beleza." (Para não chamar a pessoa de feia)
"Você faltou com a verdade." (Para não chamar o indivíduo de mentiroso)
Alusão ou citação
Quando um autor se vale de trechos, imagens ou personagens de um outro autor para a confecção de sua obra.
  E quando escutar um samba-canção
Assim como Eu preciso aprender a ser só
Reagir e ouvir o coração responder:


Versificação:
                                                        METRO
       Metro é a medida ou extensão da linha poética.   Os poetas de língua portuguesa têm usado, dentro da poética tradicional, doze espécies de versos: de uma até doze sílabas. São relativamente raros os exemplos de versos metrificados que ultrapassam esta medida.
       Segundo o número de sílabas, os versos se dizem monossílabos, dissílabos, trissílabos, tetrassílabos, pentassílabos, hexassílabos, heptassílabos, octossílabos, eneassílabos, decassílabos, hendecassílabos e dodecassílabos.
       Alguns versos possuem ainda denominações especiais: redondilha menor (o de 5 sílabas), redondilha maior (o de 7 sílabas), heróico (o de 10 sílabas), alexandrino (o de 12 sílabas).        As sílabas métricas, isto é, as sílabas dos versos, nem sempre coincidem com as sílabas gramaticais. A contagem das sílabas métricas faz-se auditivamente e subordina-se aos seguintes princípios:
       l) Quando duas ou mais vogais se encontram no fim de uma palavra e começo de outra, e podem ser pronunciadas numa só emissão de voz, unem-se numa única sílaba métrica. Exemplos:
1     2     3      4    5    6      7       8      9 10
"A i|da|de aus|te|ra e | no|bre a | que | che|ga|mos." È È È È (Alberto de Oliveira)
1      2      3    4    5     6     7    8    9    10
A|cha em | lu|gar | da | gló|ria o| lo|do im|pu|ro." È È È (Olavo Bilac)
Observações:
     a) Para que tais uniões vocálicas não sejam duras e malsoantes, as vogais (pelo menos a primeira delas) devem ser átonas e não passar de três;
     b) Não se unem vogais tônicas (vi | ó|dios; es|tá | ú|mi|do, etc.) nem é aconselhável juntar tónicas com átonas (a|li | o | ve|jo; se|rá |es|po|sa, etc.).
     2) Ditongos crescentes valem, geralmente, uma só sílaba métrica: de-lí-cia, pie-do-so, tê-nue, per-pé-tuo, sá-bio, quie-to, i-ní-quo:
1  2  3   4    5    6     7    8    9  10
0|pe|rá|rio | mo|des|to, a|be|lha |po|bre. (Olavo Bilac)
Observação:
    
     As vezes, porém, poetas dissolvem ditongos crescentes em hiatos. A esta dissolução chama-se diérese:
    1       2     3    4    5     6     7 8
"Nem | fez | cas|te |los | gran|di|o|sos
 1      2     3   4   5    6    7   8
so|bre as | a|rei |as | mo|ve |di |ças?" (Cabral do Nascimento)
     3) Não se conta(m) a(s) sílaba(s) que segue(m) ao último acento tônico do verso.
Exemplo:
    1     2    3      4      5     6      7    8      9     10
"Quan|do | no | poen|te o | sol | des |do|bra as |clâ|mides
 1     2       3      4      5     6       7     8      9    10
de | san|gue e | de oi| ro | que | nos | om |bros | le|va," (Cabral do Nascimento)
Observação:
Esta regra só atinge versos graves (= os que terminam por palavra paroxítona) e esdrúxulos (= os que terminam por palavra proparoxítona). Nos versos agudos (= os que terminam por palavra oxítona), contam-se, é óbvio, todas as sílabas:
  1    2     3    4    5   6   7    8     9  10
"Dei|xa | cor |rer |a | fon|te | da i |lu |são!" (Cabral do Nascimento)


 PROCESSOS PARA A REDUÇÃO DO NÚMERO DE SÍLABAS MÉTRICAS

Para atender às exigências da métrica, os poetas recorrem à:
     1) crase (fusão de duas vogais iguais numa só): acalma [al-ma]; o ódio [d-áio]; fogé~è grita [fo-ge-gri-ta]
     2) elisão (supressão da vogal átona final de um vocábulo, quando o seguinte começa por vogal): Ela estava só [e-les-ta-va-so]; duma (por de uma); como um bravo [co-mum-bra-vo]
     3) sinalefa ou ditongação (fusão de uma vogal átona final com a seguinte, formando ditongo): este amor [es-tia-mor], È sobre o mar[so-briu-mar], È aquela imagem [a-que-lei-ma-gem], È moço infeliz [mo-çuin-fe-liz] È
     4) sinérese (transformação de um hiato em ditongo, na mesma palavra): crueldade [cruel-da-de}, luar, fiel, magoado [ma-gua-do}
     5) ectlipse (supressão de um fonema nasal final, para possibilitar a crase ou ditongação): co, cos, côa, côas (por com o, com os, com a, com as)
     6) aférese (supressão de sílaba ou fonema inicial): té (por até), inda (por ainda), 'stamos (por estamos)
  
                                                  
                                                  RITMO

O ritmo resulta da regular sucessão de sílabas átonas (= fracas) e de sílabas tônicas (== fortes). É o elemento melódico do verso, tão essencial e indispensável à poesia quanto à música. Juntamente com a rima transmite aos versos um misterioso poder de emoção e encantamento. Os acentos tônicos, ou as sílabas tônicas, devem repetir-se com intervalos regulares, de modo a cadenciar o verso e torná-lo melodioso. Não se distribuem arbitrariamente, mas devem, segundo a espécie do verso, recair em determinadas sílabas, de acordo com os critérios seguintes:
     l) Os versos monossílabos, muito raros, têm um só acento tônico ou predominante: "Pingo dágua, pinga, bate tua mágoa!" "Quem não tem seu bem que não vem? Ou vem mas em vão? Quem?" (Cassiano Ricardo)
    
     2) Os versos dissílabos, pouco freqüentes, têm o acento tônico na 2ª sílaba: "Um raio Fulgura No espaço È Esparso De luz." (G. Dias) "Ao trote Do baio, Que doce Lembrança O rosto Da moça Que mora Na serra, No rancho De palha!" (Ribeiro Couto)
     3) Os versos trissílabos requerem o acento predominante na 3ª sílaba, podendo, no entanto, apresentar um acento secundário na 1ª sílaba: Ç "Vem a aurora Pressurosa, Cor-de-rosa, Que se cora De carmim." (Gonçalves Dias)
     4) Os versos tetrassílabos têm, mais freqüentemente, os acentos tônicos na 2ª e 4ª sílabas e, menos vezes, na 1ª e 4ª sílabas ou apenas na 4ª sílaba: "O sol desponta Lá no horizonte, Dourando a fonte, È E o prado e o monte, È È E o céu e o mar." (Gonçalves Dias) È È
     5) Os versos pentassílabos podem apresentar as seguintes cadências: "Já dormiram todos, (1ª, 3ª e 5ª sílabas) Pássaros celestes (1ª e 5ª) me virão cantar (3ª e 5ª) do lado do mar." (2ª e 5ª) (Cecília Meireles) 
     6) Os versos hexassílabos podem ter os acentos obrigatórios na 6a sílaba juntamente com uma ou duas das quatro primeiras sílabas: "Ide-vos! Na verdade Não quero ser assim. A minha liberdade Vive dentro de mim." (Cabral do Nascimento)
     7) Os versos heptassílabos admitem as seguintes modalidades rítmicas: "Surgem velas muito além." (1ª, 3ª, 5ª e 7ª) "Todo o tempo me sobeja." (1ª, 3ª e 7ª) "Viveria sempre lá." (3ª, 5ª e 7ª) "De que tudo acontecesse." (3ª e 7ª) "Tudo o que está para trás." (1ª, 4ª e 7ª) "O tempo tudo melhora." (2ª, 4ª e 7ª) "Ou foi ou jamais começa." (2ª, 5ª e 7ª) "Que se prolonga sem pressa." (4ª e 7ª)




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TUFANO, Douglas. Estudos de Língua Portuguesa – Minigramática. São Paulo, Moderna, 2007.

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