terça-feira, 19 de novembro de 2013

Gramática Descritiva

Introdução

Este trabalho busca abordar algumas questões referentes à gramática descritiva, bem como sua diferença em relação à gramática normativa.
A gramática descritiva visa fazer um estudo sincrônico da linguagem na forma como é usada pelos seus falantes. Ela procura as regras que existem nos atos da fala, diferentemente da gramática normativa que considera qualquer desvio da norma culta como “erro”.
O estudo da gramática descritiva baseia-se no pressuposto de que as normas têm que se adequar ao uso da língua e não o contrário.

Desenvolvimento

A gramática descritiva ou sincrônica (do grego syn – ‘reunião’, chrónos ‘tempo’) é o estudo do mecanismo pelo qual uma dada língua funciona, num dado momento, como meio de comunicação entre os seus falantes, e da análise da estrutura, ou configuração formal, que nesse momento a caracteriza. A gramática descritiva propõe-se a descrever as regras da língua falada, as quais independem do que a gramática normativa prescreve como "correto"; é a que orienta o trabalho dos linguistas cuja preocupação é descrever e/ou explicar as línguas tais como elas são faladas. Assim, diferentemente da gramática normativa, na gramática descritiva, as regras derivam do uso da língua.
A Gramática Normativa tem séculos de história, ao contrário da descritiva, que é bem mais recente.
Uma questão que diferencia as duas gramáticas é que a normativa não considera nenhum contexto fora de suas regras, com isso, o texto não é considerado, ela analisa apenas o período, e consequentemente ela descarta vários aspectos linguísticos. Desta forma ela também não considera as variações linguísticas, desconsiderando qualquer forma que seja diferente das que foram criadas e são defendidas pelos gramáticos.
O “furo” da Gramática Normativa, ou o aspecto mais vulnerável, é que ela tem vinte e três séculos de tradição Greco-latina em suas costas e a Gramática Descritiva não. Um dos aspectos vulneráveis da Gramática Normativa é que ela não considera contextos extralinguísticos, seu limite é o período e, com isso, ela não aborda o parágrafo e, portanto, o mais grave: não aborda o texto. Como não analisa o texto, não ensina coesão e coerência e os outros fatores dele, tais como intencionalidade, situacionalidade, intenção, entre outros. Nas gramáticas pedagógicas modernas, a ênfase tem sido sobre o texto. Portanto, como não aborda nem ao menos o parágrafo, falha ao abordar as relações endofóricas e exofóricas dos pronomes, além de ser incoerente em várias teorias da Sintaxe. Outro problema é que sua análise é feita com base em construções frasais desusadas o séc. XIX.
Outro aspecto vulnerável, é que não apresenta variedades linguísticas, pois determina como única e verdadeira uma linguagem fictícia: a literária, elegendo-a como padrão para a classe social dominante, que é o oposto do que a gramática descritiva faz: descrever as variedades linguísticas.

“O escritor Luis Fernando Veríssimo afirma que sempre foi péssimo aluno de português, como também outros escritores famosos também afirmaram, Veríssimo mesmo não tendo um conhecimento gramatical amplo é sem duvida um brilhante escritor e em uma de suas crônicas, O gigolô das Palavras, ele fala como é sua relação com as palavras e se compara com um gigolô, ele acredita viver à custa das palavras e explorá-las. “Sou um gigolô das palavras. Vivo as suas custas. E tenho com elas a exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que conheço, as desconhecidas são perigosas potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão e jamais me deixo dominar por elas”. (apud LUFT, p.25)”


A Gramática descritiva destina-se a descrever ou explicar as línguas tais como elas são faladas. Explicita as regras que realmente são utilizadas pelos falantes, pois todos seguimos regras. Descreve como se dá o funcionamento da língua e seus usos; é o conjunto de regras sobre o funcionamento de uma língua nos mais diversos aspectos ou níveis.
O exemplo mais usado é a linguagem da internet: “E aí o que  nós vamo fzr no finds?”. O linguista descreveria a estrutura e as escolhas das palavras de acordo com o seu contexto e intenção dentro do grupo social em que a frase está inserida. E diria que não está errado. A sentença, cujo significado no “bom português” seria “E aí, o que nós vamos fazer no fim de semana?”, tem toda a razão de existir porque é mais uma forma de variação.


Gramática normativa = conjunto de regras que devem ser seguidas



Gramática normativa = Conjunto de regras devem ser seguidas
Gramática descritiva = conjunto de regras que são seguidas
Gramática internalizada = conjunto de regras que o falante domina
Regra
obrigação: assemelha-se à lei jurídica: “é o que deve ser”
busca pelas regularidades da língua: assemelha-se à lei da natureza: “é o que é”
é a língua em situações de uso pelo falante: são conhecimentos/usos linguísticos dos falantes, com regras implícitas (sem que se tenha consciência delas, muitas vezes)
Língua
-expressão das pessoas cultas -regras baseadas apenas na modalidade escrita -critério literário -norma culta ou variante padrão ou dialeto padrão
-regularidades -não existem línguas uniformes -o critério não é apenas literário

Erro
-o que foge da boa linguagem, segundo a norma culta.
-há variáveis entre padrões de uso-só é erro o que não faz parte sistemática de nenhuma variante da língua







O uso da gramática descritiva na escola

Ao observarmos os professores de Língua Portuguesa, a respeito do que eles ensinam em suas aulas, é comum verificarmos que a maioria deles não percebe a diferença entre o ensino de gramática e o ensino de língua.
O professor sente uma necessidade urgente de mudar totalmente as aulas de Português que concentram se em aulas de gramática. Para Luft é responsabilidade do educador ver os aprendizes como pessoas que já sabem a sua língua, pois possuem fluência nela. É claro que o ensino da língua materna necessita ser reformulado, pois ensinar a língua que o aluno já sabe ao entrar na escola é inútil. O ensino deve ir aumentando a capacidade comunicativa dos aprendizes, trabalhar com a língua de forma que esse trabalho ajude os mesmos irem melhorando o uso que fazem da língua através da fala e da escrita, utilizando as dificuldades que os alunos possuem em relação a língua para desenvolverem seus trabalhos, pois trabalhar com os erros dos alunos é fundamental.
Um profissional em educação precisa saber que o importante não é o aluno interpretar frases nem tampouco julga-lás e sim preparar seus alunos para usarem a escrita sem embaraço em suas vidas.
A língua ao contrário da gramática, que segundo (FRANCHI, apud TRAVAGLIA,2002) “(...) é o conjunto sistemático de normas para bem falar e escrever, estabelecidas pelos especialistas, com base no uso da língua consagrada pelos bons escritores” não deve ser vista como um conjunto de regras,que se utiliza para uma boa fala e escrita. Jamais os educadores podem exigir que o aprendiz fale somente, segundo as exigências da gramática normativa. Para se comunicar de um modo claro, um falante não precisa memorizar regras de linguagem.. A boa comunicação de um falante depende da gramática natural interior que é implícita, pode ser considerada um conjunto de regras que os falantes internalizam com o tempo através do que escutam e falam, nenhuma frase é construída sem essa gramática.
Para Chomsky e seus discípulos a gramática é: “Sistema finito de regras que gera frases infinitas, nada mais e nada menos que todas as frases bem-formadas da língua-, prove as respectivas descrições estruturais, bem como as relações entre som (representação fonética) e significado (interpretação semântica)”. (apud LUFT,s/a,34 ).
A gramática natural da língua e um sistema de regras para a fala flexível, as pessoas podem variar a fala dependendo da situação e do lugar em que estão, todavia a língua varia dependendo da classe social, da idade, do nível escolar, da região etc. Por isso não existe uma língua certa, o que existe são variações linguísticas, porem os tradicionalistas só aceitam a norma culta e para eles todas as outras variedades são equivocadas.
O ensino de gramática como esta sendo realizado hoje é um equivoco, não cria bons escritores ou leitores, só se forma bons escritores e leitores através de muita leitura.
É fundamental que os professores saibam que a língua é viva e que ele deve estar sempre pesquisando, aplicando novas ideias não sendo comodista.
É centrado no ensino gramatical.

Conclusão

 Ao realizar essa pesquisa, pudemos compreender melhor a descrição e a diferenciação da Gramática Descritiva em relação à Normativa, observar que a fala em função de sentido é muito importante para a Gramática Descritiva, abrindo espaço para mais estudos desse ato de fala significante.
As regras da Gramática Normativa não têm uma abordagem que de lugar ao sentido, onde nasce à distância entre ela e o enunciatário, que necessita ser entendido para viver e conviver.



Bibliografia

http://www.infoescola.com/  Acessado em: 05/11/2013
http://pt.wikipedia.org Acessado em: 05/11/2013
http://www.mestrando.com Acessado em: 06/11/2013
http://www.alunosonline.com.br/  Acessado em: 07/11/2013

Variações Linguísticas

Introdução

   Até os fins do século XVIII, os estudos linguísticos eram baseados na gramática greco-latina, que partia de princípios lógicos e através deles procurava deduzir os fatos da linguagem e estabelecer normas de comportamento linguístico. Pressupunha-se uma fixidez da língua; consequentemente, as descrições gramaticais tinham caráter essencialmente normativo e filosófico.
  Originaram-se assim a gramática comparativa e a linguística histórica: a primeira comparando entre si os elementos de línguas distintas com o objetivo de depreender-lhes as origens comuns e de reconstruir a protolíngua de que se originam, e a segunda, procurando explicar a formação e evolução das línguas. As mudanças linguísticas eram consideradas como fenômenos naturais em contraposição à fixidez preconizada pela gramática greco-latina.
  Ainda no fim do século XIX e começo do século XX, embora dominasse o ponto de vista histórico-comparativo, alguns linguistas já se preocupavam com a ideia de que, ao lado de um estudo evolutivo da língua, deveria haver também um estudo sincrônico e descritivo. Quem realmente rompeu com a visão historicista e atomista dos fatos linguísticos foi Ferdinand Saussure, ao conceituar a língua como sistema  ao preconizar o estudo descritivo desse sistema. Nasce assim o estruturalismo como método linguístico.  (KOCH, 1991)
 

Exemplo: “Em um jogo de xadrez, se substituirmos as peças de madeira por marfim, a troca é indiferente, mas se aumentarmos o número de peças essa mudança atinge a gramática do jogo... O valor respectivo das peças depende de sua posição sobre o tabuleiro, da mesma forma que na língua, cada termo tem seu valor por oposição a todos os outros termos.” (SAUSSURE, 1967)





 Toda língua muda com o tempo
Se tentarmos ler um texto escrito em português na Idade Média, por volta do século XII, é mais do que provável que nós tenhamos muita dificuldade de entender esse texto. Segue um teste abaixo:
“Perdud’ei madre, cuid’eu, meus amigos;
Marcar mi’el viu, sol non quis falar migo,
e mia sobervia mi-o tolheu,
que fiz o que m’el defendeu.”
(Cantiga d’amigo, século XII).
É mesmo difícil, não é? Para compreender um texto como este, que é uma cantiga de amigo, gênero de poesia praticado na Idade Média portuguesa, a pessoa tem de estudar muito, tem de se tornar um especialista em história da língua e em literatura arcaica.
Se nós avançamos um pouco mais no tempo, trezentos anos, por exemplo, e começarmos a ler o inicio da famosa carta de Pero Vaz de Caminha escrita em 1500, como reagiríamos?
Senhor,
Posto queo capitam moor desta vossa frota
E asy ou outros capitãaes screpuam avossa al-
Teza anoua do achamento desta vossa terra
Noua que ora neesta nauegaçon achou, nom
Lixarey tam bem de dar disso minha comta
Avossa alteza asy como eu milhor poder
Ajmda que perao bem contar e falar o silaba
Pior que todos fazer [...]
A dificuldade já diminuiu, comparado a idade média. A principal diferença está mais na ortografia e no estilo meio rebuscado do que propriamente no significado do texto.
Se compararmos esses dois textos antigos com qualquer texto escrito e publicado hoje, vamos chegar a uma conclusão: a língua portuguesa mudou. O poema do século XII, a carta do século XVI e qualquer texto escrito no século XXI são provas mais do que evidentes de que o rótulo “língua portuguesa” vem sendo aplicado a “coisas” bastantes diferentes. O poema do século XII foi escrito em português, a carta de Pero Vaz de Caminha também foi escrita em português e as manchetes que estão hoje nas bancas de jornal também estão escritas em português. Por que será, então, que estes textos apresentam tantas diferenças entre si, a ponto de um falante brasileiro de hoje sentir uma dificuldade cada vez maior à medida que vai recuando no tempo? A explicação é: o português, como qualquer língua viva do mundo, sofreu mudanças com a passagem do tempo.
Entretanto, para que essa mudança lingüística aconteça, é preciso que existam, dentro do próprio sistema lingüístico, aquelas tendências latentes mais profundas. Por exemplo, para que o ditongo latino AU se transformasse, numa primeira fase da língua portuguesa, em OU e, mais adiante (como é a pronuncia corrente atual), em O-como na seqüência auru - > ouro> [ôru]-, foi necessário que existisse, no próprio conjunto de combinação de sons da língua, essa possibilidade de mudança. E o fato de mudanças desse tipo ter ocorrido em outras línguas pode ser um indício de que as línguas mudam, também em parte, devido à “tendências inevitavelmente embutidas na língua por causa da constituição anatômica, fisiológica e psicológica dos seres humanos”. A monotongação AU em O se evidencia no espanhol e no italiano (ORO). Em francês também temos OR (“ouro”), além das incontáveis palavras ainda escritas com o ditongo AU, que, todavia é sempre pronunciado “ô”: faux (falso), chaud (quente), haut (alto), pronunciadas “fô”, “xô” e “ô”, respectivamente. Isso ocorre também em línguas de fora do grupo romântico, como atestam as muitas palavras do inglês, em que o que se escreve AU é pronunciado como O: author (autor) cause (causa), pause (pausa), etc. Não foi por acaso que AU veio a ser pronunciado O nessas e em tantas outras línguas mundo afora: mudança está relacionada à própria fisiologia dos órgãos que os seres humanos empregam na produção dos sons da fala.
As pesquisas empreendidas sobre número cada vez maior de línguas humanas têm demonstrado certa universalidade dos fatores inerentes que provocam a mudança lingüística. Evidentemente, como explica Aitchsison (2001: 161), “as diferentes línguas não implementam todas as tendências possíveis de uma só vez, e línguas diferentes serão afetadas de modos diferentes”. Além disso, as mudanças também ocorrem de modo diverso e em ritmo diferente dentro das muitas variedades de uma mesma língua. A mudança au > o, por exemplo, prossegue em certas variedades do português brasileiro, como demonstra a pronuncia “sodade”, para o que se escreve SAUDADE.
(BAGNO, 2003)
Pode ser que o falante não saiba que “jerimum”, palavra muito usada na Bahia, corresponde a “abóbora”, termo muito mais comum nos estados do Sul e do Sudeste de nosso país. É, contudo, inegável que, ainda que haja tais diferenças lexicais nas diversas regiões do país, que falamos a mesma língua. Falamos uma mesma língua, em São Paulo e na Bahia, com diferenças detectáveis que se consideram mais comuns num e noutro lugar, ou seja, muitas palavras, em um mesmo país, podem sofrer variações lingüísticas, possuindo o mesmo significado e desconhecidas por outras regiões do mesmo país.
Não importa se algum lugar apenas um dos termos seja usado invariavelmente- fato que dominamos uso categórico. O que importa, no estudo da variação lingüística é que ambos os vocábulos podem ser usados para fazer referência a um determinado fruto, de uma determinada planta, que tem determinado tamanho, uma determinada cor, enfim, um conjunto de características que não permite que ele seja chamado “tomate”, por exemplo.
(BELINE, 2004)
   







Variação linguística: perspectiva dialectológica

Há diferenças muito grandes.
Uma vez eu ‘tava a fala, em Portalegre. [...]
E depois eu perguntei assim:
_ Ó amigo! ‘Cê fazia favor, dizia-me aqui onde é que era o caminho ... p’ra ir ... [...] ... dizia-me o caminho aqui p’ro ... p’ra Torra de Palma [...]
Dizia-me assim uma pessoa [...]:
_ Olhe, cê não se engana. Você vai por esta carretêra fora... uma carretêra é uma estrada, lá [...]. ‘Cê acolá adiante mete p’la linda abaixo _ uma linda é uma estrema realmente é um nome bem empregado: uma linda é uma estrema; uma estrema é bonito _ ... Vá pl’ aquela linda fora... lá mais adiante encontra um arrebenta-diabos... é uma encruzilhada... encontra uma arrebenta-diabo... você volta à sua esquerda, tá uma b’ redá mal seguida, vai lá ter mêmo ao casal.
Mas depois mais tarde é que a gente foi descobrir isto: o arrebenta-diabos era um’ encruzilhada [...] e uma b’reda mal seguida era um carrêro... um caminho... um carrêozito que ia por ali fora.
Tá a ver? Como isto há diferenças de nomes de terra p’ra terras?!.
                        (Inquérito em Montalvo, Santarém – Gravações para o ALEPG, S6, cass. 4, Id. b, m. 1231)

A variação – modo de a língua ser viva
A língua que usamos está sujeita a variação. No caso do trecho acima transcrito, trata-se de variação regional, noutros, será histórica, social, ou situacional. Estando todas as línguas vivas sujeita aos fatores de mudança, a variação que deles decorre faz parte integrante da linguagem humana e pode ser estudada e descrita. Por sua vez, a variação, a hesitação entre diversas formas, ocorrida num dado momento, produz a um longo termo, mudança na língua.
No entanto, só se pode estudar a variação se a relacionarmos com algo que consideremos minimamente estáveis e homogêneos. A maior parte das teorias lingüísticas que se desenvolveram no século XX faz abstração dos fenômenos de variação lingüística, por motivos teóricos e metodológicos, estudando as regularidades da língua enquanto sistema. Mas, na realidade, a língua vive através da diversidade. A lingüística estruturalista européia (da escola de Eugenio Coseriu), utilizando o prefixo dia-, que significa <ao longo de, através de>, estabeleceu uma série de compartimentos com o objetivo de delimitar os campos de estudo da variação: diacronia, diatopia, diastratia e diafasia.
Fala-se em variação diacrônica (do grego dia+Kronos, <tempo>) ou histórica, para designar as diversas manifestações de uma língua através dos tempos. As mudanças que ocorrem nunca são repentinas, não se dão em saltos bruscos. Há geralmente um período de transição, onde encontramos variação sincrônica entre duas ou mais formas concorrentes, acabando uma delas por prevalecer. A substituição de uma forma por outra é progressiva e nem sempre sistemática. Cabe à Lingüística Histórica estudar este tipo de variação.
Existem, naturalmente, vários níveis em que a variação pode operar: fonético e fonológico, morfológico, sintático, semântico e lexical. No excerto transcrito no início deste trabalho, observam-se vários casos de variação lexical – o uso de palavras diferentes por diferentes comunidades para designar os mesmos conceitos. Quando, como neste caso, a variação está relacionada com fatores geográficos – diferentes usos da língua em regiões diferentes – fala-se em variação diatópica (do grego topos, <lugar>) ou geolinguística ou ainda dialectal. Que foi citado acima no exemplo de “jerimum” e “abóbora” que são usados um no sul e outro no sudeste do Brasil. A Dialetologia é a disciplina que procura descobrir e descrever, tentando identificar áreas mais ou menos coesas, assim como determinar os fatores que levaram à sua formação.
Sabemos, por outro lado, que o homem vive integrado numa sociedade, a qual tem a sua hierarquia, a sua organização própria, os seus grupos. Cada um destes grupos sociais (etários, socioprofissionais, etc.) possui códigos de comportamento que o diferenciam dos demais e permite, dentro do grupo, a identificação mútua. O modo de falar faz parte desse conjunto de códigos. A este tipo de variação linguística, relacionada com fatores sociais, costuma chamar-se variação diastrática (do grego stratos, <camada, nível>) ou variação social. Cabe à Sociolinguística estudar este tipo de variação, tentando estabelecer correlações entre variáveis sociais e fenômenos linguísticos. Foi a Sociolinguística que permitiu observar que <a heterogeneidade faz parte integrante da economia linguística da comunidade e é necessária para satisfazer as exigências linguísticas da vida quotidiana> (Labov, 1982) e que a estratificação do uso da língua na sociedade não é caótica, obedecendo antes a determinas regularidades, por vezes extremamente subtis. Alguns linguistas chama sociolecto a uma variedade linguística que é partilhada por um grupo social, permitido demarcá-lo em relação a outros. Se a maior parte dessas variedades é, tal como toda a língua ou dialeto materno, inconscientemente adquirido, transmitindo-se no uso quotidiano e natural da palavra, existe, no entanto sociolectos que resultam do desejo de diferenciação de um grupo em relação à sua comunidade lingüística. É o caso das gírias, que se podem definir como códigos forjados por determinados grupos como o objetivo de se tornarem completamente ininteligíveis para os não iniciados. Geralmente, basta introduzir modificações no léxico ou na configuração ou ordem das sílabas para que os enunciados se tornem incompreensíveis. Por exemplo, a seguinte frase da gíria dos antigos vendedores ambulantes de Castanheira de Pera, o laínte:
Aroga os êtres leios que astram aquimes jordam enroba
Significa:
Agora os três homens que estão aqui vão embora (Barros Ferreira, 1985).
Uma gíria distingue-se de uma linguagem técnica ou tecnolecto pelo fato de afetar todo o discurso, enquanto a linguagem técnica, sendo desprovida de intenções de hermetismo, se limita a introduzir os termos de maior rigor que lhe são estritamente necessários.
Existe ainda um aspecto de variação linguística que tem merecido estudo. Conforme a situação mais ou menos formal em que se encontra ou o tipo de situação discursiva (oralidade, escrita, etc.), cada falante pode usar diversos estilos ou registros lingüísticos. Numa entrevista com o diretor de uma empresa, para obter emprego, usará certamente um nível de língua diferente daquele que usa para falar com os amigos, quando vão juntos assistir a um jogo de futebol. À variação que está relacionada com estes fatores pragmáticos e discursivos e que implica o conhecimento por parte do falante de um código socialmente estabelecido para cada situação, dá-se o nome de variação diafásica ( do grego phasis, <fala, discurso>).
Cada ser humano, por outro lado, no conjunto de todos os seus atos de fala, tem hábitos discursivos próprios, usa preferencialmente determinadas construções gramaticais, determinadas palavras que, de alguma forma, o individualizam. Cada falante tem uma maneira própria de usar a língua – o seu idiolecto.
A linguagem humana, simultaneamente uma e múltipla, decompõe-se assim numa rede de variedades. Apenas algumas delas ganham o estatuto social de língua. Houve já muitas tentativas de definir esta noção. As definições dadas pelos diferentes lingüistas muitas vezes não coincidem, já que, por um lado, as fronteiras entre estas realidades estão longe de ser estanques e, por outro, o termo <língua> é usado com vários sentidos, que aqui convém distinguir.
Língua, no uso mais comum, é uma noção político-institucional. Corresponde a um sistema linguístico abstrato que, por razões políticas, econômicas e sociais, adquiriu independência tanto funcional como psicológica para os seus falantes. Dão conta do funcionamento desse sistema instrumentos próprios, tais como gramáticas, dicionários, prontuários, etc.
Assim, deste ponto de vista, fala-se do Chinês como língua, unificado em todo o território político da China através de um sistema ideográfico de escrita comum, apesar de não existir identidade lingüística real. De fato existem múltiplos sistemas linguísticos muito diferentes – o Cantonês, o Mandarim, etc. - cujos falantes não se compreendem mutuamente, a não ser através do recurso à escrita.
Na mesma linha, referem-se também o Norueguês e o Dinamarquês como línguas diferentes, apesar de partilharem um sistema lingüístico praticamente idêntico e de haver mútua inteligibilidade entre os falantes de cada uma das variedades. Esta autonomia lingüística advém do fato de a Noruega e a Dinamarca ser Estados independentes, como peso político, econômico e cultural, próprios (e de os falantes terem assim adquirido a consciência lingüística da individualidade da variedade que usam ou querem usá-la como instrumento de poder).
Numa segunda acepção, o termo língua é usado numa perspectiva histórica, e está relacionado com a noção de dialeto. Também aqui, nem sempre é fácil estabelecer fronteiras entre estas duas realidades, porque, com o passar dos anos, aquilo que era um dialeto pode tornar-se de tal modo preponderante em relação aos dialetos seus vizinhos que passa a funcionar como língua de referência (o Romeno literário em relação ao Istro-Romeno, por exemplo). Do mesmo modo, aquilo que era inicialmente uma só língua, embora sempre com variações de alguma ordem, pode, por razões históricas e geográficas, por condições melhores ou piores de comunicação, fragmentar-se em variedades que passam a evoluir separadamente – tornando-se por sua vez dialetos ou línguas, conforme as circunstâncias.
Diferenças de valor estritamente linguístico entre língua e dialeto não existem. Existem, sim, diferenças de estatuto: o dialeto é sempre uma variedade de um determinado sistema linguístico reconhecido oficialmente como Língua. Geralmente considera-se dialeto de uma língua a variedade linguística que caracteriza uma determinada zona. Os dialetos têm, pois, um antecedente linguístico e um sistema comum. Assim, hoje, o Português está vivo na sua variante sul-americana, por exemplo, cada uma delas divisível em variedades linguísticas menores, numericamente inferiores, que ocupam zonas geográficas mais restritas. No entanto, todas elas partilham um conjunto de trações gramaticais que não difere substancialmente, embora o Português do Brasil tenda a seguir um rumo autônomo, divergente, na sua evolução (ou como dialeto ou como língua).
Estas noções são, assim, sempre relativas. O grau de semelhança entre dois dialetos pode variar bastante, mas independente dessa maior ou menor semelhança continuamos a chamar-lhes, a todos, dialeto. Alguns dialetólogos distinguem entre variedades lingüísticas mais distanciadas umas das outras ou da língua padrão – a que chama dialetos – e variedades que apresentam menor grau de afastamento – a que chama falares.
Entre as variedades faladas num território, uma delas, por diversas razões, pode adquiri maior prestígio e impom-se como norma ou língua padrão. Os fatores que determinam essa escolha são normalmente sócio-políticos, históricos, comunicativos e até pedagógicos. Nada, de um ponto de vista estritamente lingüístico, leva a que uma determinada variedade seja preferida como norma de uma língua. Só fatores extralingüísticos influem nessa escolha. A variedade proclamada padrão funcionará como língua oficial, de cultura, de ensino.
Se uma língua for falada em mais de um país, com peso político e cultural próprios, pode ter mais do uma norma. É o caso do Inglês, falado em Inglaterra, nos Estados Unidos da América, na Austrália, que possui várias normas lingüísticas. O mesmo acontece com o Português: no Português Europeu, as variedades faladas pelas camadas cultas das regiões de Lisboa e de Coimbra funcionam como norma lingüística; no Português do Brasil, foram as variedades faladas no Rio de Janeiro e S. Paulo que se impuseram.



Conclusão
Iniciamos o estudo das variações linguísticas explicando um pouco da diferença entre gramática comparativa e a linguística histórica. Mas ao lado de um estudo evolutivo, foi necessário trabalhar junto a um estudo descritivo, onde o estruturalismo é visto como método lingüístico.
O texto de antigamente é difícil de depreender hoje em dia, o que mostra claramente como a língua portuguesa sofreu alterações. Essas alterações acontecerem dentro do próprio sistema lingüístico, com tendências latentes, dependendo da origem da palavra e da pronúncia, entre outras coisas, para uma mudança.
A língua que usamos está sujeita à variação, assim como todas as outras existentes, e essa variação faz parte integrante da linguagem humana. Assim possuímos diversas formas que se dão as variações linguísticas, podendo ser elas regional, histórica, social ou situacional, todas estudadas no trabalho.
A língua pode ser entendida como correspondente a um sistema linguístico que por razões políticas, econômicas e sociais adquiriu independência funcional e psicológica dos falantes. Também é aceita como um dialeto, este sendo uma variedade de um determinado sistema linguístico reconhecido como língua.

Os dialetos  um antecedente linguístico e um sistema comum, assim, mesmo a língua portuguesa sendo utilizada na América do sul, Europa e áfrica, cada uma delas possui um nível de variação linguística entre a língua portuguesa que a originou. Dessa forma, todas elas partilham um conjunto de trações gramaticais que continuam iguais, mesmo se um dos países seguir um rumo diferente na sua evolução linguística. 

sábado, 16 de novembro de 2013

Gramática Normativa

1. INTRODUÇÃO
                                                                                        

Existem vários tipos de gramática, que são: a Gramática Normativa que é aquela que busca a padronização da língua, estabelecendo as normas do falar e escrever corretamente, a Gramática Descritiva que ocupa-se da descrição dos fatos da língua, com o objetivo de investigá-los e não de estabelecer o que é certo ou errado, enfatizando o uso oral da língua e suas variações, a Gramática Histórica, que estuda a origem e a evolução histórica de uma língua, e a Gramática Comparativa, que se dedica ao estudo comparado de uma família de línguas. Neste trabalho falaremos sobre a Gramática Normativa.
A Gramática Normativa é considerada padrão ou culta, as formas de expressão que não a seguem são consideradas desvios da língua, erros. No caso, tudo se relaciona com a norma padrão e é basicamente a gramática, que conduz as expressões tanto na escrita como na fala.
Ela dita as normas gramaticais de uma determinada língua, classificando como correta apenas umas forma de fala e escrita, e o que está fora de suas regras são considerados erros gramaticais.
Esse tipo de gramática, segundo Ana Paula de Araujo do site Info Escola, tem por fim codificar o uso do idioma, induzindo as normas que representam o ideal de expressão correta, tem como exemplo obras literárias consagradas e textos científicos. Atualmente é muito criticada a por gramáticos, pois já se admitem outras gramáticas como a descritiva, a gerativa, etc.
      De acordo com Franchi, um dos fundadores do departamento de Linguística da Unicamp, a Gramática é o conjunto sistemático de normas para bem falar e escrever, estabelecida pelos especialistas, com base no uso da língua consagrado pelos ‘bons escritores’ e dizer que alguém ‘sabe gramática’ significa dizer que esse alguém conhece essas normas e as domina tanto nocionalmente quanto operacionalmente. (FRANCHI, 1991, apud TRAVAGLIA, 1996: p.24).



2. FONÉTICA E FONOLOGIA

Os sons da fala são modificações que a corrente de ar sofre através do aparelho fonador, que é um conjunto de órgãos. Eles são: pulmões, brônquios, traquéia, larinje, faringe, boca e fossas nasais. a fonética e fonologia fazem parte da gramática normativa, que não admite outras gramáticas, admitindo apenas uma forma correta para o uso da língua. Atualmente é criticada por alguns gramáticos, já que hoje em dia existem a gramática descritiva, gerativa, etc.
As formas mais prestigiadas da língua são valorizadas, tratando as variações linguísticas como erros. Enquanto não forem dicionarizadas e acrescentadas à gramática tradicional, serão tratadas como desvios da norma gramatical. A gramática normativa toma como base os escritores consagrados e suas obras, para estabelecer um padrão que deverá ser seguido, induzindo as formas de expressões validadas pela norma culta. O intuito é padronizar a língua materna, com regras para o uso oficial da comunicação verbal, inserida nas salas de aula, textos científicos, obras literárias clássicas, discursos formais, etc. A variação da língua não faz parte desse estudo, que cultiva a gramática tradicional.
No âmbito da fala e do fonema, qualquer movimento, por mais leve que seja, dos órgãos que constituem o aparelho fonador, determina uma diferenciada modalidade de som da fala. Para a gramática, é relevante classificar os sons da fala que distinguem uma palavra de outra. É a fonética que analisa os sons da fala, tendo como perspectiva a sua natureza física e fisiológica. Já a fonologia (ou fonêmica) estuda os fonemas, isto é, conjuntos de traços fônicos com que numa língua se distinguem vocábulos que possuem significação diferente. Estes dois ramos de estudo da ciência linguística se completam, pois com o apoio de uma boa descrição fonética é possível apreender os quadros de fonemas de uma língua.
O estudo da acentuação chama-se prosódia. Entende-se por acento a força expiratória com que uma sílaba opõe às que lhe ficam contíguas no corpo dos vocábulos. O acento é o resultado da associação de qualidades físicas dos sons da fala. Essas qualidades são: intensidade (maior ou menor força expiratória com que são proferidos); altura (maior ou menor frequência com que vibram as cordas vocais); timbre (ou metal de voz); e a quantidade (maior ou menor duração com que são emitidos).
 A história da ortografia portuguesa divide-se em três períodos: o fonético; o pseudo-etimológico; e o histórico-científico. Durante o período fonético, não existia a preocupação de escrever de acordo com a origem das palavras, mas sim com a maneira de pronunciá-las. A característica da grafia portuguesa arcaica é a simplicidade e, principalmente, o sentimento fonético. No período pseudo-etimológico surgiu o eruditismo, a vontade de imitar os clássicos latinos e gregos, desejando aproximar a escrita portuguesa da latina. Tendo o latim dos livros, grafavam approximar, abbade, gatto, bocca, etc., com isso, ignorando que na evolução da língua, essas consoantes se simplificaram. Tal ortografia estava com erros, com formas absurdas que contrariam a etimologia. Foi durante o período histórico-científico que se tornou possível encarar, com base científica, o problema da ortografia. O mestre português Aniceto dos Reis Gonçalves Viana, notabilizou-se com a publicação de Ortografia nacional , que foi o ponto de partida para o que se fez depois. Por causa da repercussão da obra publicada, o governo português nomeou, em 1911, uma comissão para estudar as bases da reforma ortográfica. Ainda em 1911, foi oficializada a "nova ortografia" pelo governo português, e, em 1931, ela foi estendida ao Brasil por um Acordo firmado entre a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras.


3. MORFOLOGIA

O termo morfologia, tradicionalmente empregado, designava o estudo das formas das palavras de uma língua. A gramática clássica era dividida em três partes: flexão, derivação (ou formação de palavras) e sintaxe.
Mesmo sendo consideradas indivisíveis, as palavras apresentavam flexões (variações acidentais). Como eram de base filosófica, o essencial nessa gramática era a classificação das palavras de acordo com essas flexões.
Só no século XIX, por volta de 1860, a palavra morfologia foi utilizada como termo linguístico, envolvendo apenas a flexão e derivação. Esse nome teve influência do modelo evolucionista de Darwin sobre os estudos da linguagem. Os gramáticos e filólogos almejavam descobrir a origem da linguagem através do estudo da evolução das palavras em indo-europeu. Houve, nesta época, um crescente interesse no estudo sistemático dos processos de formação das palavras, pois os gramáticos consideravam as formas mínimas constituintes das palavras como elementos originários.
Para Saussure, o pai da linguística, “a morfologia não tem objeto real e autônomo”. Alguns linguistas, tendo em vista as inter-relações entre os dois níveis, morfológico e sintático, preferem chamar morfossintaxe.
Mattoso Câmara, porém, nega a tese de Saussure, aproveitando-se da noção de relação associativa ou paradigmática. Entretanto, “nenhuma parte da língua pode ser descrita adequadamente sem referência a toas as outras partes”. Isso significa que, devido à inter-relação entre a fonêmica, a morfologia e a sintaxe de uma língua não podem ser descritas isoladamente.
A morfologia (morfe=forma, logia=estudo) é o ramo da linguística que estuda as formas das palavras em diferentes usos e construções. Trata das estruturas internas das palavras e dos seus constituintes significativos mínimos ou morfemas. Nida (apud Laroca, p. 14) define morfologia como “o estudo dos morfemas e seus arranjos na formação das palavras.
Leonar Cabral, em sua didática definição, considerando a morfologia como um ramo independente da sintaxe, afirma que morfologia é “a parte da gramática que descreve as unidades mínimas de significado, sua distribuição, variantes e classificação, conforme as estruturas onde ocorrem, a ordem que ocupam, os processos na formação de palavras e suas classes”.
Em linguística, Morfologia é o estudo da estrutura, da formação e da classificação das palavras. A peculiaridade da morfologia é estudar as palavras olhando para elas isoladamente e não dentro da sua participação na frase ou período. A morfologia está agrupada em dez classes, denominadas classes de palavras ou classes gramaticais. São elas: Substantivo, Artigo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, Advérbio, Preposição, Conjunção e Interjeição.
Segundo Perini (2006), a morfologia é uma das disciplinas que se ocupa dos diferentes aspectos das expressões lingüísticas chamados de componentes da gramática. Então, constitui o estudo da estrutura interna de uma língua, aquilo que as diferencia das outras línguas do mundo, e que não decorre diretamente de condições da vida social ou do conhecimento do mundo.
Não podemos esquecer que a gramática tradicional desenvolve bastante sobre a morfologia, conforme Rocha (1999), o conteúdo dessas gramáticas é que pode ser duvidoso, por isso é preciso tomar cautela, não tomar uma posição servil, de seguir a risca tudo que está escrito e por outro lado, não tomar uma posição radical de não aceitar nenhuma das colocações encontradas ali, pois tudo passou por um estudo avançado e não se pode dizer que tudo que se encontra na gramática tradicional é errôneo.
Rocha (1999) aponta o compromisso com o ensino como um dos fatores que fazem com que a morfologia seja ensinada da forma como é. Segundo ele, a pesquisa, de um modo geral, não pode estar comprometida com qualquer fator que não seja a própria pesquisa.


4. SINTAXE

A sintaxe é a parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e em frases de discurso, e como na relação lógica das frases entre si. Ao emitir uma mensagem verbal, o emissor dessa mensagem procura transmitir um significado completo e compreensível e as palavras relacionadas combinam entre si, pois a sintaxe é um instrumento essencial para o manuseio das múltiplas possibilidades que existem para a combinação das palavras e orações.
É uma relação entre palavras de uma oração que entre elas. Ocorre o período de concordância verbal e nominal, ou seja, sujeito e verbo, substantivo em relação ao artigo de adjetivo numeral. Assim como regência, verbo que pede uma preposição ou não, nominal que o nome vem acompanhado de uma preposição. Também há a colocação, que se trata de certas colocações numa determinada frase e a pronominal que vem acompanhada pela próclise, mesóclise e ênclise.
A sintaxe pode ser encontrada na terceira pessoa do plural, concordando com o sujeito. E caso tenha um adjetivo, ela talvez esteja concordando com o gênero e com o substantivo a que a frase se refere. Nessas horas, a flexões de pessoa, numero e gênero se correspondem.
Alguns conceitos da gramática devem ser constantemente citados ao longo dos estudos. Ela traduz com muito mais evidencia a emoção do emissor e também filtra a razão, ou seja, mostra uma organização, até um distanciamento do emissor da frase. Pois é o enunciador que organiza as palavras em torno do verbo, por isso pode ter ou não um sentido completo.
A sintaxe é um período simples, ela faz parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e nas frases de um discurso, e como na relação lógica das frases entre si. Pois ao emitir uma mensagem verbal, o emissor procura transmitir o significado, e para isso às palavras relacionadas são combinadas entre si. A sintaxe é um meio para manusear as possibilidades que existem na combinação de muitas palavras e orações, pois ela é essencial em qualquer linguagem, basicamente as funções são para o sujeito e o predicado da oração e da frase.
Por ser o estudo das regras de construção das frases de línguas naturais, a sintaxe faz parte da gramática, que estuda a disposição das palavras na frase e das frases num discurso, incluindo a relação lógica entre as combinações possíveis para transmitir o significado correto da frase ou oração a ser transmitida.
Na linguística, a sintaxe é o ramo que estuda os processos generativos ou combinados das frases das línguas naturais, tendo em si a função de especificar a sua estrutura interna e seu funcionamento. O termo “Sintaxe” pode ser usado nos estudos das regras que regem o comportamento de sistemas matemáticos como a lógica e as linguagens de programação de programas para computadores.
A sintaxe é importante para a unidade falada que a é a oração, não exatamente a palavra ou o som, em termos práticos, o falante fala e o ouvinte ouve as orações, o caso é quando a palavra é portadora de sentido completo.
Os primeiros passos para isso surgiram na tradição europeia, no estudo da sintaxe foram dados pelos antigos gregos, começando por Aristóteles que fora o primeiro a dividir a frase em sujeitos e predicados, e o segundo contribuinte fundamental fora Frege que critica a analise aristotélica, propondo uma divisão de uma frase em função de seu argumento. O trabalho é fundamental, pois deriva de toda lógica formal contemporânea e bom como a sintaxe formal, a filosofia dedicou – se, sobretudo a investigação nas áreas da fonologia e morfologia, e não tendo reconhecido o contributo fundamento de Frege, que só  no século XX (20) que foi verdadeiramente apreciada.


5. RUDMENTOS DE ESTILÍSTICA E POÉTICA.

Funções da Linguagem, gramática e estilística

Segundo Karl Buhler  a linguagem possui ter funções primordiais: representação mental, exteriorização psíquica e apelo.
Função representativa: A língua nos fornece as formas que estabelecem, na comunicação social, o modo de transmitirmos a nossa compreensão do mundo.
Função de exteriorização psíquica: é o veículo de nossos estados de alma.
Função de apelo: Atuação sobre o próximo na vida em comum.
Enquanto a gramática estuda as formas lingüísticas no seu papel de propiciarem o intercâmbio social na comunidade, cabe á estilística estudar a expressividade delas, ou seja, estudar  a sua capacidade de transfundir a  emoção e sugestionar os nossos semelhantes.
No entanto a estilística vem complementar a gramática. Existem três campos estilísticos importantes, a estilística fônica, estilística léxica e a estilística sintática.

Estilística fônica
Estuda os recursos expressivos presentes no nível fônico da língua. Na prosódia, por exemplo, os acentos de altura e intensidade podem apresentar valor afetivo, como se percebe na valorização prosódica do vocábulo só no célebre soneto Sete anos de pastor, de Luís de Camões:

Sete anos de pastor Jacó servia

Labão, pai de Raquel, serrana bela;

Mas não servia ao pai, servia a ela,

E a ela só / por prêmio pretendia.
A evocação sonora sugerida pelos fonemas também pode ser explorada estilisticamente nas aulas de português. Veja-se, por exemplo, o poema Os sinos, de Manuel Bandeira:

Sino de Belém, pelos que inda vêm!

Sino de Belém bate bem-bem-bem.

Sino da paixão, pelos que lá vão!

Sino da paixão bate bão-bão-bão.

Através do estudo da estilística fônica pode o professor despertar em seus alunos o gosto pelo bom uso dos recursos sonoros da língua, evitando as silabadas e cacofonias nas redações escolares. Pode também chamar a atenção do estudante para o emprego expressivo das onomatopéias, homoteleutos, aliterações, coliterações e assonâncias.

Onomatopéia
Onomatopéia é a tentativa de reprodução de sons por meio de palavras. A palavra tenta imitar os sons.
O avião chama-se teco-teco porque o funcionamento do seu motor produz um som parecido com teco-teco. O mesmo acontece com o instrumento reco-reco.
A onomatopéia é muito comum na linguagem infantil: ai, ui, tóim, bam, bum etc... Todas essas e muito mais são expressões onomatopéicas ou onomatopaicas.
Esse fenômeno existe em nossa língua assim como em várias línguas do mundo.
Estilística Léxica:
Abrange os estrangeirismos; regionalismos, arcaísmos, neologismos, palavras eruditas ou populares. Não prescinde igualmente da sonoridade e do teor semântico dos vocábulos. Grande é a preocupação do escritor com a seleção vocabular, até porque a seleção esta condicionada à natureza do gênero literário. A linguagem lírica de modo algum é igual à linguagem épica ou dramática. Difícil é a escolha entre sinônimos e antônimos. Quanto aos sinônimos, a situação se toma mais precária, sobretudo porque existem sinônimos imperfeitos, de significação apenas aproximada. Cão e cachorro podem assumir acepção diferente. Além disso, há o aspecto do volume e sonoridade da palavra. Os vocábulos polissilábicos em geral indicam ideia de grandeza, têm mais sonoridade em contraste com os monossílabos. Interessante observar a distinção de Bally entre palavras transmitidas e adquiridas. As transmitidas, por serem recebidas do ambiente doméstico, são afetivas. As adquiridas vêm depois, resultam da experiência da vida, da integração no grupo social. São mais conceituais.
Com relação às palavras eruditas, estas se desenvolveram com o Renascimento, quando se processou verdadeira latinização da língua portuguesa. Teve continuidade com o Parnasianismo e constituindo-se até mesmo em preferências pessoais. Rui Barbosa, Coelho Neto, Euclides da Cunha são exemplos de eruditismos. Com o Modernismo, procurou-se valorizar e estilizar a língua popular. Emprego de ter no lugar de haver. Colocação livre dos pronomes átonos. Uso de palavras populares, de neologismos. Famoso é o poema de Bandeira:
Beijo pouco, falo menos ainda
Mas invento palavras
que traduzem a ternura funda
E mais cotidiana
Polissemia:
A polissemia é o fenômeno pelo qual uma palavra vai adquirindo vários significados. Estes, em geral, têm algo em comum. A cada um deles dá-se o nome de acepção:

- A cabeça une-se ao tronco pelo pescoço.
 -Ele é o cabeça da rebelião.
-Sabrina tem boa cabeça.

Homônimos: Homônimos são palavras com escrita ou pronúncia iguais, com significado (sentido) diferente.
- O político foi cassado por corrupção.
- O lobo foi caçado por bandidos.
Tipos de homônimos: homógrafos, homófonos e homônimos perfeitos.
Homógrafos : mesma grafia e som diferente.
- Eu começo a trabalhar em breve.
- O começo do filme foi ótimo.
Homófonos: grafia diferente e mesmo som.
- A cela do presídio está lotada.
- A sela do cavalo está velha.
Homônimos perfeitos: mesma grafia e som.
- Vou pegar dinheiro no banco.
- O banco da praça quebrou.
Parônimos:
São palavras que apresentam significados diferentes embora sejam parecidas na grafia ou na pronúncia
“Estória” é a grafia antiga de “história” e essas palavras possuem signficados diferentes. Quando dizemos que alguém nos contou uma
estória, nos referimos a uma exposição romanceada de fatos imaginários, narrativas, contos ou fábulas; já quando dizemos que fizemos prova de história, nos referimos a fatos históricos, que se baseiam em documentos ou testemunhas.
Ambas as palavras constam no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras. Porém, atualmente, segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, é recomendável usar a grafia “história” para denominar ambos os sentidos.
 exemplos de parônimos
Flagrante (evidente) - Fragrante (perfumado)
Mandado (ordem judicial) - Mandato (procuração)
Arrear (pôr arreios) - Arriar (descer,cair)
São palavras que se tem a grafia diferente, mas parecidas e significados diferentes.
Estilística Sintática:
É o desvio das regras de sintaxe com o objetivo de atingir mais expressividade, para alcançar uma maior identificação com o público.
Na sintaxe de colocação, cabe ressaltar a posição do adjetivo como marcador semântico-estilístico (pobre homem = homem infeliz; homem pobre = carente de recursos), a permutabilidade substantivo/adjetivo (autor defunto/defunto autor), os casos de hipálage (adjetivação inusitada: “As criadas remendavam meias sonolentas.” por “As criadas sonolentas remendavam meias.”), o deslocamento e a elipse de termos, o anacoluto (desconexão sintática), a colocação pronominal, todos constituem recursos expressivos, quando produzidos com motivação estilística. A gradação sintático-semântica também pode ser estudada, como neste exemplo de Vieira: “Tão dura, tão áspera, tão injuriosa palavra é um não”.
Anacoluto
Emprego de um termo solto (ou expressão) a que se faz na frase alguma referência. Abandono da construção gramatical utilizada numa frase ou verso para se adoptar outra construção. Verifica-se, por exemplo, quando uma oração que parece ser a principal fica em suspenso pelo aparecimento de outra oração que a faz seguir noutro sentido.
Exemplos:
"Eu, por bem farão de mim tudo e por mal, nada."
"Tua mãe, não há idade nem desgraça que lhe amolgue a índole rancorosa." - Camilo Castelo Branco
Infinitivo flexionado:
O infinitivo é flexionado quando pode ser substituído por um tempo finito (indicativo ou subjuntivo, em geral):
 É preciso saírem logo (saírem = que saiam).
 O coronel intimou-os a se renderem (a que se rendessem).
É tempo de partires (de que partas).

Outros casos de infinitivo flexionado
- Quando o sujeito é indeterminado: Vi executarem os criminosos. / Ouvi cantarem o hino de várias formas
- Quando o infinitivo é o sujeito: O quereres tudo me surpreende. / O morrerem pela pátria é sina de alguns soldados.

Pronomes Átonos:
É o estudo da colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) em relação ao verbo.
Os pronomes átonos podem ocupar 3 posições: antes do verbo (próclise), no meio do verbo (mesóclise) e depois do verbo (ênclise).
Esses pronomes se unem aos verbos porque são “fracos” na pronúncia.
Próclise:
Usamos a próclise nos seguintes casos:
Com palavras ou expressões negativas: não, nunca, jamais, nada, ninguém, nem, de modo algum.
- Nada me perturba.
- Ninguém se mexeu.
Com conjunções subordinativas: quando, se, porque, que, conforme, embora, logo, que.
- Quando se trata de comida, ele é um “expert”.
- É necessário que a deixe na escola.

Advérbios
- Aqui se tem paz.
- Sempre me dediquei aos estudos.
Pronomes relativos, demonstrativos e indefinidos.
- Alguém me ligou? (indefinido)
 - A pessoa que me ligou era minha amiga. (relativo)
- Isso me traz muita felicidade. (demonstrativo)
Em frases interrogativas.
- Quanto me cobrará pela tradução?
Em frases exclamativas ou optativas (que exprimem desejo).
- Deus o abençoe!
- Macacos me mordam!
- Deus te abençoe, meu filho!
Com verbo no gerúndio antecedido de preposição EM.
- Em se plantando tudo dá.
- Em se tratando de beleza, ele é campeão.
Com formas verbais proparoxítonas
- Nós o censurávamos.

Mesóclise:
Usada quando o verbo estiver no futuro do presente (vai acontecer – amarei, amarás, ...) ou no futuro do pretérito (ia acontecer mas não aconteceu – amaria, amarias, ...)
- Convidar-me-ão para a festa.
- Convidar-me-iam para a festa.
Se houver uma palavra atrativa, a próclise será obrigatória.
- Não (palavra atrativa) me convidarão para a festa.
Enclise:
Ênclise é o emprego do pronome oblíquo depois do verbo. Pode ocorrer:

Verbo iniciando período ou oração

Exemplo: Sabe-se que o aquecimento global está aumentando.

Verbo no Imperativo Afirmativo

Exemplo: Menino, levante-se.

Verbo no gerúndio

* Desde que não haja preposição em.

Exemplo: Para tratar o enfermo psíquico, não basta ter pena dele, consolando-o e ouvindo com interesse.

Verbo no infinitivo impessoal

Exemplo: Não sou desumano, não traria o bicho aqui para maltratá-lo.
Tipos de Discurso: direto indireto e indireto livre
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 Ao lermos um texto, observamos que há um narrador, que é quem conta o fato. Esse locutor ou narrador pode introduzir outras vozes no texto para auxiliar a narrativa.
Para fazer a introdução dessas outras vozes no texto, a voz principal ou privilegiada, o narrador, usa o que chamamos de discurso. O que vem a ser discurso dentro do texto? Discurso é a forma como as falas são inseridas na narrativa.
O discurso pode ser classificado em: direto, indireto e indireto livre.
Discurso direto: reproduz fiel e literalmente algo dito por alguém. Um bom exemplo de discurso direto são as citações ou transcrições exatas da declaração de alguém.
- Primeira pessoa (eu, nós) – é o narrador quem fala, usando aspas ou travessões para demarcar que está reproduzindo a fala de outra pessoa.
Exemplo de discurso direto: “Não gosto disso” – disse a menina em tom zangado.
Discurso indireto: o narrador, usando suas próprias palavras, conta o que foi dito por outra pessoa. Temos então uma mistura de vozes, pois as falas dos personagens passam pela elaboração da fala do narrador.
- Terceira pessoa - ele(s), ela(s) – O narrador só usa sua própria voz, o que foi dito pela personagem passa pela elaboração do narrador. Não há uma pontuação específica que marque o discurso indireto.
Exemplo de discurso indireto: A menina disse em tom zangado, que não gostava daquilo.
Discurso indireto livre: É um discurso misto onde há uma maior liberdade, o narrador insere a fala do personagem de forma sutil, sem fazer uso das marcas do discurso direto. É necessário que se tenha atenção para não confundir a fala do narrador com a fala do personagem, pois esta surge de repente em meio a fala do narrador.
Exemplo de discurso indireto livre: A menina perambulava pela sala irritada e zangada. Eu não gosto disso! E parecia que ninguém a ouvia.
FIGURAS DE LINGUAGEM:
Figuras de estilo / figuras de retórica (Portugal) ou figuras de linguagem (Brasil) são estratégias que o escritor pode aplicar no texto para conseguir um determinado efeito na interpretação do leitor, que são características globais do texto. Podem relacionar-se com aspectos semânticos, fonológicos ou sintáticos das palavras afetadas. É muito usada no dia-a-dia das pessoas, nas canções e também é um recurso literário.
Metáfora:
Metáfora: Metáfora é uma figura de linguagem em que há o emprego de uma palavra ou uma expressão, em um sentido que não é muito comum, em uma relação de semelhança entre dois termos. Metáfora é um termo que no latim, "meta" significa “algo” e “phora” significa "sem sentido". Esta palavra foi trazida do grego onde metaphorá significa "mudança" e "transposição".
Metáfora é a comparação de palavras em que um termo substitui outro. É uma comparação abreviada em que o verbo não está expresso, mas subentendido. Por exemplo, dizer que um amigo "está forte como um touro". Obviamente que ele não se parece fisicamente com o animal, mas está tão forte que faz lembrar um touro, comparando a força entre o animal e o indivíduo.
Metonímia:
Metonímia ou transnominação é uma figura de linguagem que consiste no emprego de um termo por outro, dada a relação de semelhança ou a possibilidade de associação entre eles. Por exemplo, "Palácio do Planalto" é usado como um metônimo (uma instância de metonímia) para representar a presidência do Brasil, por ser localizado lá o gabinete presidencial.
A metonímia é geralmente utilizada para a não repetição de palavras em textos. Como em entrevistas nas quais o entrevistado (ex.: Jorge Amado) pode tanto ser chamado pelo primeiro nome, pelo sobrenome ou pelo nome completo (ex.: Jorge declarou, Amado declarou, ou Jorge Amado declarou).
É a utilização de uma palavra ou parte da significação da palavra, a fim de passarmos uma ideia.
Na metonímia, um termo substitui outro não porque a nossa sensibilidade estabeleça uma relação de semelhança entre os elementos que esses termos designam (caso da metáfora), mas porque esses elementos têm, de fato, uma relação de dependência. Dizemos que, na metonímia, há uma relação de contiguidade entre sentido de um termo e o sentido do termo que o substitui. Contiguidade significa “proximidade”, “vizinhança”.
Figuras de construção:
Elipse:
Elipse é a figura de linguagem que consiste em omitir um termo da frase que não foi enunciado anteriormente na frase, mas podemos facilmente identificá-lo pelo contexto.
Leia a seguinte afirmação, extraída da obra de Autran Dourado:
“A praia deserta, ninguém àquela hora na rua”.
Observe que após o vocábulo “ninguém”, está implícito o verbo estava. Ele não aparece na afirmação, mas podemos notar sua ausência pelo contexto. Por isso dizemos que aqui ocorreu elipse do verbo estava.

Zeugma:
Trata-se de um caso especial de elipse, quando o termo omitido já tiver sido expresso anteriormente.
Observe:
Os rapazes entraram com tamanha algazarra que quebraram o vidro da porta.
Vamos jogar, só nós dois? Você chuta para mim e eu para você .
( = … e eu chuto para você.)
No segundo exemplo, o verbo omitido deve, se expresso, concordar com o sujeito eu. Era "chuta", na 3º pessoa do singular; passa a ser “chuto” , na 1ª pessoa do singular. Em geral, os zeugmas são uma elipse e um termo que é uma forma flexionada de um termo que já apareceu.
Assíndeto:
É uma figura caracterizada pela ausência, pela omissão das conjunções coordenativas, resultando no uso de orações coordenadas assindéticas. Exemplo:
Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família.
"Vim, vi, venci." (Júlio César)
Reticência:
As reticências são, na escrita, a sequência de três pontos (sinal gráfico: ) no fim, no início ou no meio de uma frase. A utilização deste género de pontuação indica um pensamento ou ideia que ficou por terminar e que transmite, por parte de quem exprime esse conteúdo, reticência, omissão de algo que podia ser escrito, mas que não é.
Pleonasmo:
Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é realçar a ideia, torná-la mais expressiva. Veja este exemplo:
                             -Vamos subir para cima.
Polissíndeto
É uma figura caracterizada pela repetição enfática dos conectivos. Observe o exemplo:
"Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça, e morre." (Olavo Bilac)

Hipálage:
A hipálage é uma figura de linguagem que cria uma desarmonia, um desajuste entre os termos gramaticais e semânticos, ou seja, entre a função e o sentido das palavras na frase, de forma a produzir uma translação no significado.
Substantivos tomam sentido de adjetivos e adjetivos se ligam a outros termos, por exemplo.
É uma figura muito usada literariamente, como nas escolas do Realismo e Simbolismo. Certamente muito utilizada pelos surrealistas e impressionistas. Em Portugal, Eça de Queirós é um escritor que recorre bastante a esta figura.
Hipérbato:
Alteração da ordem mais comum das palavras, prejudicando a clareza da expressão, com o objetivo de por em destaque um vocábulo ou expressão, ou por motivos eufónicos (rima, ritmo), ou ainda para produzir efeitos de surpresa. São duas as modalidades do hipérbato: 1. A inversão — que consiste na troca da ordem de palavras de um grupo sintático, sem que nele se intercale nenhuma palavra alheia a esse grupo. 2. A disjunção — que consiste no intercalar de um vocábulo ou expressão que vem separar os elementos do mesmo grupo sintático (por exemplo, sujeito e verbo, substantivo e seu adjetivo…)
Exemplo:
"Casos, que Adamastor contou futuros." (= Casos futuros que...) - Luís de Camões
Inversão:
"As roucas rãs soavam
Num charco de água negra e ajudavam
Do pássaro nocturno o triste canto" - Luís de Camões
Disjunção:
"Essas vólucres amo, Lídia, rosas" - Ricardo Reis
Sínquise:
Consiste numa inversão de tal ordem tão violenta, que a frase se torna obscura ou ininteligível:
Um cãozinho tinha o Paulo fofinho e peludinho.
“Enquanto manda as ninfas amorosas por grinaldas de rosas nas cabeças.” (Camões)
"A grita se levanta ao céu, da gente." (Camões)
 Eis a ordem direta das frases acima:
O Paulo tinha um cãozinho fofinho e peludinho
Enquanto manda as ninfas amorosas pôr grinaldas de rosas nas cabeças.
A grita da gente se levanta ao céu.
 Os poetas barrocos levaram este tipo de construção até aos seus limites de compreensão como esta sínquise de um conhecido soneto de Gregório de Matos:
"Tu de amante o teu fim hás encontrado."
Anáfora:
anáfora é um elemento linguístico que estabelece uma referência dependente com um termo antecedente, é uma palavra herdada do grego “anaphorá” e do latim “anaphora”.
Designa-se ANÁFORA o termo ou expressão que, em um texto ou discurso, faz referência direta ou indireta a um termo anterior. O termo anafórico retoma um termo anterior, total ou parcialmente, de modo que, para compreendê-lo dependemos do termo antecedente.
Vejamos alguns exemplos de ANÁFORA:
João está doente. Vi-o na semana passada.
(pronome “o” retoma o termo “João”.)
Ana comprou um cão. O animal já conhece todos os cantos da casa.
(o termo “o animal” faz referência ao termo antecedente “o cão”)
Epístrofe:

Consiste na repetição de uma ou mais palavras no fim de sucessivos versos ou no fim de cada um dos membros da frase:
"Parece que eles vieram ao mundo para ser ladrões: nascem de pais ladrões, criam-se em meio a ladrões, morrem como ladrões." (Heitor Pinto)
"Os animais não são criaturas? As árvores não são criaturas? As pedras não são criaturas?" (Vieira)

Símploce:
Consiste na repetição de uma ou mais palavras no começo e no fim de cada um dos membros da frase. Observe:
Hoje, não quero pensar senão na arte nova; hoje não me agrada cantar senão a canção nova.
Concatenação:
Consiste na repetição da última palavra de um seguimento de verso ou de um membro da frase no início do seguinte:
"Quero escrever sem saber, / Sem saber o que dizer." (Milano)
O mau-humor produz a impaciência; da impaciência nasce à cólera; a violência; e a violência conduz ao crime.


Figuras de pensamento:
Antítese:
A antítese consiste na utilização de termos, palavras ou orações que se opõem quanto ao sentido. Veja alguns exemplos:
O amor e o ódio caminham lado a lado.
A verdade e a mentira fazem parte do dia a dia.
Perceba que no mesmo contexto foram utilizadas palavras que possuem sentidos opostos: AMOR X ÓDIO e VERDADE X MENTIRA
Paradoxo:
O paradoxo também se fundamenta na oposição, só que esta ocorre entre o mesmo referente, por isso é mais profundo, pois permeia o âmbito das ideias, não simplesmente das palavras ou orações, como na antítese. Veja o exemplo:
Os mesmo braços que serviram de abrigo hoje transmitem solidão.
O paradoxo, no exemplo, está sendo representado pela oposição entre ideias: Como é possível o mesmo braço abrigar e trazer solidão?
Os exemplos e a explicação objetivaram esclarecer que tanto a antítese quanto o paradoxo são figuras pautadas na oposição. Entretanto, o que as diferencia é exatamente o seu campo de atuação. A antítese opõe palavras que já são de natureza opostas, enquanto o paradoxo opõe ideias opostas entre si, como visto no exemplo acima.
.Clímax:
A figura de estilo conhecida como clímax, ou gradação ascendente, consiste na apresentação de uma sequência de ideias em andamento crescente. Há, contudo, autores que consideram que clímax ou gradação são o mesmo (incluindo, neste caso, também a gradação descendente, também designada por alguns autores como anticlímax).
Um exemplo é dado neste excerto de Cecília Meireles:
"Por mais que me procure, antes de tudo ser feito,
eu era amor. Só isso encontro.
Caminho, navego, vôo,
sempre amor (…)"
Ou mesmo nesta passagem bíblica de Paulo de Tarso na Primeira Epístola aos Coríntios, capítulo 13, versículo 7:
"[O Amor] tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."
ou, mesmo, o final desta famosa passagem (versículo 13):
"Agora, pois, permanecem a Fé, a Esperança, o Amor, estes três; mas o maior destes é o Amor".

Preterição:
É a figura pelo qual o escritor ou orador finge que não vai tratar um determinado assunto, mas dele vai falando, seja para efeito de ironia, seja de realce. Esta estratégia tem, também, a finalidade de afastar as réplicas do público à teoria que se expõe:
- Sem querer falar de suas mentiras, mas já falando [...].
- Não pretendo aqui lembrar que o réu é um herói de guerra [...].
    - "Não vos direi, pois, senhores, quão grandes e quão afortunados foram seus feitos na paz e na guerra, por terra e por mar [...]."

Antífrase ou irônia:
Em sentido amplo, é uma figura de expressão que visa a ridicularização ou à sátira.
Segundo Pires, existem três tipos de ironia:
- asteísmo: quando louva;
- sarcasmo: quando zomba;
- antífrase: quando engrandece ideias funestas, erradas, fora de propósito e quando se faz uso carinhoso de termos ofensivos.
Eufemismo:
Eufemismo é um tipo de linguagem que substitui um termo, ou uma expressão rude, por outro mais suave e agradável, para que a pessoa não se ofenda. O eufemismo tem o objetivo de suavizar uma palavra ou expressão.
O eufemismo é muitas vezes utilizado com um sentido pejorativo e inadequado, geralmente em frases que se referem à morte. Frases como "Ir para a terra dos pés juntos", "Comer capim pela raiz", "Vestir o paletó de madeira", são eufemismos e são indelicadas ao mesmo tempo.
O eufemismo também pode ter um caráter cômico, geralmente presente em expressões populares. Porém, como diz a própria definição, não deve ser usado quando o assunto é mais polêmico ou de grande impacto, como a morte, pois acaba perdendo a sua função.

Exemplos:

"Você é desprovido de beleza." (Para não chamar a pessoa de feia)
"Você faltou com a verdade." (Para não chamar o indivíduo de mentiroso)
Alusão ou citação
Quando um autor se vale de trechos, imagens ou personagens de um outro autor para a confecção de sua obra.
  E quando escutar um samba-canção
Assim como Eu preciso aprender a ser só
Reagir e ouvir o coração responder:


Versificação:
                                                        METRO
       Metro é a medida ou extensão da linha poética.   Os poetas de língua portuguesa têm usado, dentro da poética tradicional, doze espécies de versos: de uma até doze sílabas. São relativamente raros os exemplos de versos metrificados que ultrapassam esta medida.
       Segundo o número de sílabas, os versos se dizem monossílabos, dissílabos, trissílabos, tetrassílabos, pentassílabos, hexassílabos, heptassílabos, octossílabos, eneassílabos, decassílabos, hendecassílabos e dodecassílabos.
       Alguns versos possuem ainda denominações especiais: redondilha menor (o de 5 sílabas), redondilha maior (o de 7 sílabas), heróico (o de 10 sílabas), alexandrino (o de 12 sílabas).        As sílabas métricas, isto é, as sílabas dos versos, nem sempre coincidem com as sílabas gramaticais. A contagem das sílabas métricas faz-se auditivamente e subordina-se aos seguintes princípios:
       l) Quando duas ou mais vogais se encontram no fim de uma palavra e começo de outra, e podem ser pronunciadas numa só emissão de voz, unem-se numa única sílaba métrica. Exemplos:
1     2     3      4    5    6      7       8      9 10
"A i|da|de aus|te|ra e | no|bre a | que | che|ga|mos." È È È È (Alberto de Oliveira)
1      2      3    4    5     6     7    8    9    10
A|cha em | lu|gar | da | gló|ria o| lo|do im|pu|ro." È È È (Olavo Bilac)
Observações:
     a) Para que tais uniões vocálicas não sejam duras e malsoantes, as vogais (pelo menos a primeira delas) devem ser átonas e não passar de três;
     b) Não se unem vogais tônicas (vi | ó|dios; es|tá | ú|mi|do, etc.) nem é aconselhável juntar tónicas com átonas (a|li | o | ve|jo; se|rá |es|po|sa, etc.).
     2) Ditongos crescentes valem, geralmente, uma só sílaba métrica: de-lí-cia, pie-do-so, tê-nue, per-pé-tuo, sá-bio, quie-to, i-ní-quo:
1  2  3   4    5    6     7    8    9  10
0|pe|rá|rio | mo|des|to, a|be|lha |po|bre. (Olavo Bilac)
Observação:
    
     As vezes, porém, poetas dissolvem ditongos crescentes em hiatos. A esta dissolução chama-se diérese:
    1       2     3    4    5     6     7 8
"Nem | fez | cas|te |los | gran|di|o|sos
 1      2     3   4   5    6    7   8
so|bre as | a|rei |as | mo|ve |di |ças?" (Cabral do Nascimento)
     3) Não se conta(m) a(s) sílaba(s) que segue(m) ao último acento tônico do verso.
Exemplo:
    1     2    3      4      5     6      7    8      9     10
"Quan|do | no | poen|te o | sol | des |do|bra as |clâ|mides
 1     2       3      4      5     6       7     8      9    10
de | san|gue e | de oi| ro | que | nos | om |bros | le|va," (Cabral do Nascimento)
Observação:
Esta regra só atinge versos graves (= os que terminam por palavra paroxítona) e esdrúxulos (= os que terminam por palavra proparoxítona). Nos versos agudos (= os que terminam por palavra oxítona), contam-se, é óbvio, todas as sílabas:
  1    2     3    4    5   6   7    8     9  10
"Dei|xa | cor |rer |a | fon|te | da i |lu |são!" (Cabral do Nascimento)


 PROCESSOS PARA A REDUÇÃO DO NÚMERO DE SÍLABAS MÉTRICAS

Para atender às exigências da métrica, os poetas recorrem à:
     1) crase (fusão de duas vogais iguais numa só): acalma [al-ma]; o ódio [d-áio]; fogé~è grita [fo-ge-gri-ta]
     2) elisão (supressão da vogal átona final de um vocábulo, quando o seguinte começa por vogal): Ela estava só [e-les-ta-va-so]; duma (por de uma); como um bravo [co-mum-bra-vo]
     3) sinalefa ou ditongação (fusão de uma vogal átona final com a seguinte, formando ditongo): este amor [es-tia-mor], È sobre o mar[so-briu-mar], È aquela imagem [a-que-lei-ma-gem], È moço infeliz [mo-çuin-fe-liz] È
     4) sinérese (transformação de um hiato em ditongo, na mesma palavra): crueldade [cruel-da-de}, luar, fiel, magoado [ma-gua-do}
     5) ectlipse (supressão de um fonema nasal final, para possibilitar a crase ou ditongação): co, cos, côa, côas (por com o, com os, com a, com as)
     6) aférese (supressão de sílaba ou fonema inicial): té (por até), inda (por ainda), 'stamos (por estamos)
  
                                                  
                                                  RITMO

O ritmo resulta da regular sucessão de sílabas átonas (= fracas) e de sílabas tônicas (== fortes). É o elemento melódico do verso, tão essencial e indispensável à poesia quanto à música. Juntamente com a rima transmite aos versos um misterioso poder de emoção e encantamento. Os acentos tônicos, ou as sílabas tônicas, devem repetir-se com intervalos regulares, de modo a cadenciar o verso e torná-lo melodioso. Não se distribuem arbitrariamente, mas devem, segundo a espécie do verso, recair em determinadas sílabas, de acordo com os critérios seguintes:
     l) Os versos monossílabos, muito raros, têm um só acento tônico ou predominante: "Pingo dágua, pinga, bate tua mágoa!" "Quem não tem seu bem que não vem? Ou vem mas em vão? Quem?" (Cassiano Ricardo)
    
     2) Os versos dissílabos, pouco freqüentes, têm o acento tônico na 2ª sílaba: "Um raio Fulgura No espaço È Esparso De luz." (G. Dias) "Ao trote Do baio, Que doce Lembrança O rosto Da moça Que mora Na serra, No rancho De palha!" (Ribeiro Couto)
     3) Os versos trissílabos requerem o acento predominante na 3ª sílaba, podendo, no entanto, apresentar um acento secundário na 1ª sílaba: Ç "Vem a aurora Pressurosa, Cor-de-rosa, Que se cora De carmim." (Gonçalves Dias)
     4) Os versos tetrassílabos têm, mais freqüentemente, os acentos tônicos na 2ª e 4ª sílabas e, menos vezes, na 1ª e 4ª sílabas ou apenas na 4ª sílaba: "O sol desponta Lá no horizonte, Dourando a fonte, È E o prado e o monte, È È E o céu e o mar." (Gonçalves Dias) È È
     5) Os versos pentassílabos podem apresentar as seguintes cadências: "Já dormiram todos, (1ª, 3ª e 5ª sílabas) Pássaros celestes (1ª e 5ª) me virão cantar (3ª e 5ª) do lado do mar." (2ª e 5ª) (Cecília Meireles) 
     6) Os versos hexassílabos podem ter os acentos obrigatórios na 6a sílaba juntamente com uma ou duas das quatro primeiras sílabas: "Ide-vos! Na verdade Não quero ser assim. A minha liberdade Vive dentro de mim." (Cabral do Nascimento)
     7) Os versos heptassílabos admitem as seguintes modalidades rítmicas: "Surgem velas muito além." (1ª, 3ª, 5ª e 7ª) "Todo o tempo me sobeja." (1ª, 3ª e 7ª) "Viveria sempre lá." (3ª, 5ª e 7ª) "De que tudo acontecesse." (3ª e 7ª) "Tudo o que está para trás." (1ª, 4ª e 7ª) "O tempo tudo melhora." (2ª, 4ª e 7ª) "Ou foi ou jamais começa." (2ª, 5ª e 7ª) "Que se prolonga sem pressa." (4ª e 7ª)




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