Introdução
Este trabalho busca abordar algumas
questões referentes à gramática descritiva, bem como sua diferença em relação à
gramática normativa.
A gramática descritiva visa fazer um
estudo sincrônico da linguagem na forma como é usada pelos seus falantes. Ela
procura as regras que existem nos atos da fala, diferentemente da gramática
normativa que considera qualquer desvio da norma culta como “erro”.
O estudo da gramática descritiva
baseia-se no pressuposto de que as normas têm que se adequar ao uso da língua e
não o contrário.
Desenvolvimento
A gramática descritiva ou sincrônica
(do grego syn – ‘reunião’, chrónos
‘tempo’) é o estudo do mecanismo pelo qual uma dada língua funciona, num dado momento, como meio
de comunicação entre os seus falantes, e da análise
da estrutura, ou configuração formal, que nesse momento a caracteriza. A gramática
descritiva propõe-se a descrever as regras da língua falada, as quais
independem do que a gramática normativa prescreve como "correto"; é
a que orienta o trabalho dos linguistas cuja preocupação é descrever e/ou
explicar as línguas tais como elas são faladas. Assim, diferentemente da
gramática normativa, na gramática descritiva, as regras derivam do uso da
língua.
A Gramática Normativa tem séculos de
história, ao contrário da descritiva, que é bem mais recente.
Uma questão que diferencia as duas
gramáticas é que a normativa não considera nenhum contexto fora de suas regras,
com isso, o texto não é considerado, ela analisa apenas o período, e
consequentemente ela descarta vários aspectos linguísticos. Desta forma ela
também não considera as variações linguísticas, desconsiderando qualquer forma
que seja diferente das que foram criadas e são defendidas pelos gramáticos.
O
“furo” da Gramática Normativa, ou o aspecto mais vulnerável, é que ela tem
vinte e três séculos de tradição Greco-latina em suas costas e a Gramática
Descritiva não. Um dos aspectos vulneráveis da Gramática Normativa é que ela
não considera contextos extralinguísticos, seu limite é o período e, com isso,
ela não aborda o parágrafo e, portanto, o mais grave: não aborda o texto. Como
não analisa o texto, não ensina coesão e coerência e os outros fatores dele,
tais como intencionalidade, situacionalidade, intenção, entre outros. Nas
gramáticas pedagógicas modernas, a ênfase tem sido sobre o texto. Portanto,
como não aborda nem ao menos o parágrafo, falha ao abordar as relações
endofóricas e exofóricas dos pronomes, além de ser incoerente em várias teorias
da Sintaxe. Outro problema é que sua análise é feita com base em construções
frasais desusadas o séc. XIX.
Outro aspecto vulnerável, é que não
apresenta variedades linguísticas, pois determina como única e verdadeira uma
linguagem fictícia: a literária, elegendo-a como padrão para a classe social
dominante, que é o oposto do que a gramática descritiva faz: descrever as
variedades linguísticas.
“O escritor
Luis Fernando Veríssimo afirma que sempre foi péssimo aluno de português, como
também outros escritores famosos também afirmaram, Veríssimo mesmo não tendo um
conhecimento gramatical amplo é sem duvida um brilhante escritor e em uma de
suas crônicas, O gigolô das Palavras, ele fala como é sua relação com as
palavras e se compara com um gigolô, ele acredita viver à custa das palavras e
explorá-las. “Sou um gigolô das palavras. Vivo as suas custas. E tenho com elas
a exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que
conheço, as desconhecidas são perigosas potencialmente traiçoeiras. Exijo
submissão e jamais me deixo dominar por elas”. (apud LUFT, p.25)”
A Gramática descritiva destina-se a
descrever ou explicar as línguas tais como elas são faladas. Explicita as
regras que realmente são utilizadas pelos falantes, pois todos seguimos regras.
Descreve como se dá o funcionamento da língua e seus usos; é o conjunto de
regras sobre o funcionamento de uma língua nos mais diversos aspectos ou
níveis.
O exemplo mais usado é a linguagem da internet: “E
aí o que nós vamo fzr no finds?”. O
linguista descreveria a estrutura e as escolhas das palavras de acordo com o
seu contexto e intenção dentro do grupo social em que a frase está inserida. E
diria que não está errado. A sentença, cujo significado no “bom português”
seria “E aí, o que nós vamos fazer no fim de semana?”, tem toda a razão
de existir porque é mais uma forma de variação.
Gramática
normativa = conjunto de regras que devem ser seguidas
Gramática normativa = Conjunto
de regras devem ser seguidas
|
Gramática descritiva = conjunto
de regras que são seguidas
|
Gramática internalizada =
conjunto de regras que o falante domina
|
|
Regra
|
obrigação: assemelha-se à lei
jurídica: “é o que deve ser”
|
busca pelas regularidades da
língua: assemelha-se à lei da natureza: “é o que é”
|
é a língua em situações de uso pelo
falante: são conhecimentos/usos linguísticos dos falantes, com regras
implícitas (sem que se tenha consciência delas, muitas vezes)
|
Língua
|
-expressão das pessoas cultas
-regras baseadas apenas na modalidade escrita -critério literário -norma
culta ou variante padrão ou dialeto padrão
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-regularidades -não existem
línguas uniformes -o critério não é apenas literário
|
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Erro
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-o que foge da boa linguagem,
segundo a norma culta.
|
-há variáveis entre padrões de
uso-só é erro o que não faz parte sistemática de nenhuma variante da língua
|
O uso da gramática descritiva na escola
Ao
observarmos os professores de Língua Portuguesa, a respeito do que eles ensinam
em suas aulas, é comum verificarmos que a maioria deles não percebe a diferença
entre o ensino de gramática e o ensino de língua.
O professor
sente uma necessidade urgente de mudar totalmente as aulas de Português que
concentram se em aulas de gramática. Para Luft é responsabilidade do educador
ver os aprendizes como pessoas que já sabem a sua língua, pois possuem fluência
nela. É claro que o ensino da língua materna necessita ser reformulado, pois
ensinar a língua que o aluno já sabe ao entrar na escola é inútil. O ensino
deve ir aumentando a capacidade comunicativa dos aprendizes, trabalhar com a
língua de forma que esse trabalho ajude os mesmos irem melhorando o uso que
fazem da língua através da fala e da escrita, utilizando as dificuldades que os
alunos possuem em relação a língua para desenvolverem seus trabalhos, pois
trabalhar com os erros dos alunos é fundamental.
Um
profissional em educação precisa saber que o importante não é o aluno interpretar
frases nem tampouco julga-lás e sim preparar seus alunos para usarem a escrita
sem embaraço em suas vidas.
A língua ao
contrário da gramática, que segundo (FRANCHI, apud TRAVAGLIA,2002) “(...) é o
conjunto sistemático de normas para bem falar e escrever, estabelecidas pelos
especialistas, com base no uso da língua consagrada pelos bons escritores” não
deve ser vista como um conjunto de regras,que se utiliza para uma boa fala e
escrita. Jamais os educadores podem exigir que o aprendiz fale somente, segundo
as exigências da gramática normativa. Para se comunicar de um modo claro, um
falante não precisa memorizar regras de linguagem.. A boa comunicação de um
falante depende da gramática natural interior que é implícita, pode ser
considerada um conjunto de regras que os falantes internalizam com o tempo
através do que escutam e falam, nenhuma frase é construída sem essa gramática.
Para Chomsky
e seus discípulos a gramática é: “Sistema finito de regras que gera frases
infinitas, nada mais e nada menos que todas as frases bem-formadas da língua-,
prove as respectivas descrições estruturais, bem como as relações entre som
(representação fonética) e significado (interpretação semântica)”. (apud
LUFT,s/a,34 ).
A gramática
natural da língua e um sistema de regras para a fala flexível, as pessoas podem
variar a fala dependendo da situação e do lugar em que estão, todavia a língua
varia dependendo da classe social, da idade, do nível escolar, da região etc. Por
isso não existe uma língua certa, o que existe são variações linguísticas,
porem os tradicionalistas só aceitam a norma culta e para eles todas as outras
variedades são equivocadas.
O ensino de
gramática como esta sendo realizado hoje é um equivoco, não cria bons
escritores ou leitores, só se forma bons escritores e leitores através de muita
leitura.
É
fundamental que os professores saibam que a língua é viva e que ele deve estar
sempre pesquisando, aplicando novas ideias não sendo comodista.
É centrado
no ensino gramatical.
Conclusão
Ao realizar
essa pesquisa, pudemos compreender melhor a descrição e a diferenciação da
Gramática Descritiva em relação à Normativa, observar que a fala em função de
sentido é muito importante para a Gramática Descritiva, abrindo espaço para
mais estudos desse ato de fala significante.
As regras da Gramática Normativa não têm uma
abordagem que de lugar ao sentido, onde nasce à distância entre ela e o
enunciatário, que necessita ser entendido para viver e conviver.
Bibliografia
http://www.infoescola.com/ Acessado em: 05/11/2013
http://pt.wikipedia.org
Acessado em: 05/11/2013
http://www.mestrando.com
Acessado em: 06/11/2013
http://www.alunosonline.com.br/
Acessado em: 07/11/2013
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