terça-feira, 19 de novembro de 2013

Gramática Descritiva

Introdução

Este trabalho busca abordar algumas questões referentes à gramática descritiva, bem como sua diferença em relação à gramática normativa.
A gramática descritiva visa fazer um estudo sincrônico da linguagem na forma como é usada pelos seus falantes. Ela procura as regras que existem nos atos da fala, diferentemente da gramática normativa que considera qualquer desvio da norma culta como “erro”.
O estudo da gramática descritiva baseia-se no pressuposto de que as normas têm que se adequar ao uso da língua e não o contrário.

Desenvolvimento

A gramática descritiva ou sincrônica (do grego syn – ‘reunião’, chrónos ‘tempo’) é o estudo do mecanismo pelo qual uma dada língua funciona, num dado momento, como meio de comunicação entre os seus falantes, e da análise da estrutura, ou configuração formal, que nesse momento a caracteriza. A gramática descritiva propõe-se a descrever as regras da língua falada, as quais independem do que a gramática normativa prescreve como "correto"; é a que orienta o trabalho dos linguistas cuja preocupação é descrever e/ou explicar as línguas tais como elas são faladas. Assim, diferentemente da gramática normativa, na gramática descritiva, as regras derivam do uso da língua.
A Gramática Normativa tem séculos de história, ao contrário da descritiva, que é bem mais recente.
Uma questão que diferencia as duas gramáticas é que a normativa não considera nenhum contexto fora de suas regras, com isso, o texto não é considerado, ela analisa apenas o período, e consequentemente ela descarta vários aspectos linguísticos. Desta forma ela também não considera as variações linguísticas, desconsiderando qualquer forma que seja diferente das que foram criadas e são defendidas pelos gramáticos.
O “furo” da Gramática Normativa, ou o aspecto mais vulnerável, é que ela tem vinte e três séculos de tradição Greco-latina em suas costas e a Gramática Descritiva não. Um dos aspectos vulneráveis da Gramática Normativa é que ela não considera contextos extralinguísticos, seu limite é o período e, com isso, ela não aborda o parágrafo e, portanto, o mais grave: não aborda o texto. Como não analisa o texto, não ensina coesão e coerência e os outros fatores dele, tais como intencionalidade, situacionalidade, intenção, entre outros. Nas gramáticas pedagógicas modernas, a ênfase tem sido sobre o texto. Portanto, como não aborda nem ao menos o parágrafo, falha ao abordar as relações endofóricas e exofóricas dos pronomes, além de ser incoerente em várias teorias da Sintaxe. Outro problema é que sua análise é feita com base em construções frasais desusadas o séc. XIX.
Outro aspecto vulnerável, é que não apresenta variedades linguísticas, pois determina como única e verdadeira uma linguagem fictícia: a literária, elegendo-a como padrão para a classe social dominante, que é o oposto do que a gramática descritiva faz: descrever as variedades linguísticas.

“O escritor Luis Fernando Veríssimo afirma que sempre foi péssimo aluno de português, como também outros escritores famosos também afirmaram, Veríssimo mesmo não tendo um conhecimento gramatical amplo é sem duvida um brilhante escritor e em uma de suas crônicas, O gigolô das Palavras, ele fala como é sua relação com as palavras e se compara com um gigolô, ele acredita viver à custa das palavras e explorá-las. “Sou um gigolô das palavras. Vivo as suas custas. E tenho com elas a exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que conheço, as desconhecidas são perigosas potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão e jamais me deixo dominar por elas”. (apud LUFT, p.25)”


A Gramática descritiva destina-se a descrever ou explicar as línguas tais como elas são faladas. Explicita as regras que realmente são utilizadas pelos falantes, pois todos seguimos regras. Descreve como se dá o funcionamento da língua e seus usos; é o conjunto de regras sobre o funcionamento de uma língua nos mais diversos aspectos ou níveis.
O exemplo mais usado é a linguagem da internet: “E aí o que  nós vamo fzr no finds?”. O linguista descreveria a estrutura e as escolhas das palavras de acordo com o seu contexto e intenção dentro do grupo social em que a frase está inserida. E diria que não está errado. A sentença, cujo significado no “bom português” seria “E aí, o que nós vamos fazer no fim de semana?”, tem toda a razão de existir porque é mais uma forma de variação.


Gramática normativa = conjunto de regras que devem ser seguidas



Gramática normativa = Conjunto de regras devem ser seguidas
Gramática descritiva = conjunto de regras que são seguidas
Gramática internalizada = conjunto de regras que o falante domina
Regra
obrigação: assemelha-se à lei jurídica: “é o que deve ser”
busca pelas regularidades da língua: assemelha-se à lei da natureza: “é o que é”
é a língua em situações de uso pelo falante: são conhecimentos/usos linguísticos dos falantes, com regras implícitas (sem que se tenha consciência delas, muitas vezes)
Língua
-expressão das pessoas cultas -regras baseadas apenas na modalidade escrita -critério literário -norma culta ou variante padrão ou dialeto padrão
-regularidades -não existem línguas uniformes -o critério não é apenas literário

Erro
-o que foge da boa linguagem, segundo a norma culta.
-há variáveis entre padrões de uso-só é erro o que não faz parte sistemática de nenhuma variante da língua







O uso da gramática descritiva na escola

Ao observarmos os professores de Língua Portuguesa, a respeito do que eles ensinam em suas aulas, é comum verificarmos que a maioria deles não percebe a diferença entre o ensino de gramática e o ensino de língua.
O professor sente uma necessidade urgente de mudar totalmente as aulas de Português que concentram se em aulas de gramática. Para Luft é responsabilidade do educador ver os aprendizes como pessoas que já sabem a sua língua, pois possuem fluência nela. É claro que o ensino da língua materna necessita ser reformulado, pois ensinar a língua que o aluno já sabe ao entrar na escola é inútil. O ensino deve ir aumentando a capacidade comunicativa dos aprendizes, trabalhar com a língua de forma que esse trabalho ajude os mesmos irem melhorando o uso que fazem da língua através da fala e da escrita, utilizando as dificuldades que os alunos possuem em relação a língua para desenvolverem seus trabalhos, pois trabalhar com os erros dos alunos é fundamental.
Um profissional em educação precisa saber que o importante não é o aluno interpretar frases nem tampouco julga-lás e sim preparar seus alunos para usarem a escrita sem embaraço em suas vidas.
A língua ao contrário da gramática, que segundo (FRANCHI, apud TRAVAGLIA,2002) “(...) é o conjunto sistemático de normas para bem falar e escrever, estabelecidas pelos especialistas, com base no uso da língua consagrada pelos bons escritores” não deve ser vista como um conjunto de regras,que se utiliza para uma boa fala e escrita. Jamais os educadores podem exigir que o aprendiz fale somente, segundo as exigências da gramática normativa. Para se comunicar de um modo claro, um falante não precisa memorizar regras de linguagem.. A boa comunicação de um falante depende da gramática natural interior que é implícita, pode ser considerada um conjunto de regras que os falantes internalizam com o tempo através do que escutam e falam, nenhuma frase é construída sem essa gramática.
Para Chomsky e seus discípulos a gramática é: “Sistema finito de regras que gera frases infinitas, nada mais e nada menos que todas as frases bem-formadas da língua-, prove as respectivas descrições estruturais, bem como as relações entre som (representação fonética) e significado (interpretação semântica)”. (apud LUFT,s/a,34 ).
A gramática natural da língua e um sistema de regras para a fala flexível, as pessoas podem variar a fala dependendo da situação e do lugar em que estão, todavia a língua varia dependendo da classe social, da idade, do nível escolar, da região etc. Por isso não existe uma língua certa, o que existe são variações linguísticas, porem os tradicionalistas só aceitam a norma culta e para eles todas as outras variedades são equivocadas.
O ensino de gramática como esta sendo realizado hoje é um equivoco, não cria bons escritores ou leitores, só se forma bons escritores e leitores através de muita leitura.
É fundamental que os professores saibam que a língua é viva e que ele deve estar sempre pesquisando, aplicando novas ideias não sendo comodista.
É centrado no ensino gramatical.

Conclusão

 Ao realizar essa pesquisa, pudemos compreender melhor a descrição e a diferenciação da Gramática Descritiva em relação à Normativa, observar que a fala em função de sentido é muito importante para a Gramática Descritiva, abrindo espaço para mais estudos desse ato de fala significante.
As regras da Gramática Normativa não têm uma abordagem que de lugar ao sentido, onde nasce à distância entre ela e o enunciatário, que necessita ser entendido para viver e conviver.



Bibliografia

http://www.infoescola.com/  Acessado em: 05/11/2013
http://pt.wikipedia.org Acessado em: 05/11/2013
http://www.mestrando.com Acessado em: 06/11/2013
http://www.alunosonline.com.br/  Acessado em: 07/11/2013

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